O futuro presidente da associação Esporte Clube Bahia será conhecido no próximo sábado (2), com a eleição dos representantes da Diretoria Executiva e do Conselho Deliberativo para o triênio 2024-2026.
Em mais uma cobertura da era democrática tricolor, o ecbahia.com abriu espaço para todos os cinco candidatos à cadeira de presidente em entrevistas na reta decisiva da campanha eleitoral.
O candidato da vez é Marcelo Sant’Ana, presidente do Bahia de 2015 a 2017 e que tenta repetir o resultado da sua primeira candidatura ao cargo.
Marcelo Sant’Ana encabeça a chapa Revolução Tricolor, com Rogério Gargur como candidato à vice-presidência. Seu número é o 31.
Leia a entrevista completa:
1) ecbahia.com: Com a chegada do Bahia SAF, o Bahia separou também toda a área de Comunicação, incluindo site e redes sociais. Quais são suas propostas para engajar novamente o torcedor e sócio com a Associação Esporte Clube Bahia?
Marcelo Sant’Ana: “Transparência e comunicação são dois pilares que o EC Bahia precisa voltar a se dedicar. Cuidar de ambos gera credibilidade à instituição e aproxima o torcedor, gerando confiança. Disponibilizar os pareceres elaborados pelos poderes do Clube, anteriormente à aprovação do contrato da SAF, é um ponto do nosso Plano de Gestão. Os documentos não estavam nos domínios eletrônicos do EC Bahia desde dezembro de 2022 e voltaram na última semana, após nossa indicação. É necessário também que as contas dos repasses sejam prestadas regularmente para os demais poderes do Clube, além de dar conhecimento aos sócios. Exemplo: quais dívidas ou qual pertencual das dívidas o City já quitou, após a SAF? Quanto foi necessário e qual a estimativa (prazo e valor) para a quitação do passivo? O valor mínimo de folha salarial no futebol tem sido respeitado? Precisamos acompanhar via métrica os investimentos previstos em contrato.
Representantes globais do City e de clubes parceiros do Grupo têm vindo com regularidade ao Bahia SAF, mas isso não é informado via canais oficiais. Quais benefícios são esperados?
Além disso, o EC Bahia deve ter sua própria agenda de compromissos e eventos fora o futebol, fincando sua bandeira como clube olímpico e social. É fundamental ter estudos que indiquem os caminhos mais atrativos e mobilizar o torcedor para essa nova trajetória”.
2) ecbahia.com: Pretende sugerir mudança no formato e valor do atual plano de sócios da Associação? Se sim, poderia dar detalhes da proposta?
Marcelo Sant’Ana: “O sócio Esquadrão foi criado na nossa administração, entre 2015 e 2017, e era o nome fantasia/comercial para indicar quem é sócio do Bahia. Desde maio, após a efetivação da SAF, houve uma separação. O sócio Esquadrão agora é plano de benefícios e segue como via ao Acesso Garantido (modalidade de ingressos de temporada), também criado por nós.
O sócio do Bahia é um plano à parte da SAF, sob gestão do Clube, e sem qualquer divulgação eficaz. No dia 31 de outubro, prazo final de inscrição de chapas, estive com o candidato a VP Rogério Gargur na sede do Bahia e a projeção dos funcionários é que teríamos cerca de 5 mil sócios aptos a voto naquela altura. A lista final da comissão eleitoral indicou quase 8 mil aptos, na semana passada. Isso indica que, após a campanha eleitoral, o sócio simplesmente passou a entender o processo e teve motivação em continuar junto ao EC Bahia; como de praxe.
É preciso trabalhar benefícios exclusivos e diferentes, desde experiência em eventos, passando por descontos em produtos e serviços a conteúdos ou brindes. É primordial garantir variadas datas e formas de pagamento. O marketing deve prever o uso regular de abordagens via
mídias sociais, e-mails, anúncios direcionados e parcerias com empresas e influenciadores digitais. Campanhas sazonais devem oferecer incentivos extras para atrair novos sócios. O desempenho do programa de sócios deve incluir metas e prazos factíveis de crescimento, sendo acompanhados por indicadores que consigam medir a sua eficiência”.
3) ecbahia.com: Quais suas propostas para crescer o número de sócios, sem o atrativo direto do futebol e do acesso ao estádio, que ficaram com a SAF?
Marcelo Sant’Ana: “Uso como exemplo as Embaixadas que, em muitos casos, já não têm no acesso ao estádio um atrativo determinante devido à distância física, além de temas já sinalizados na resposta anterior. Nós temos, por exemplo, três membros de Embaixada (Rio de Janeiro, Feira de Santana e Serrinha) entre os sete primeiros nomes da chapa Revolução Tricolor no Conselho Deliberativo. Na campanha, fizemos encontros especificos com outros sócios fora de Salvador. Eles citaram muitas ideias. Desde coisas que havia entre 2015 a 2017 como a volta de ações de matchday quando o Bahia estiver na cidade deles (levando ídolos, troféus, mascotes, etc); que se melhorasse o canal de venda de produtos, especialmente ao público do exterior; que a Diretoria fizesse encontros semestrais com divulgação para aproximar e reforçar o vínculo; que ações como o Torneio de Futebol das Embaixadas e eventos similares (tipo Copa dos Sócios) fossem abraçados oficialmente pelo Bahia. A sensação de pertencimento precisa ser resgatada, além da criatividade econômica de montar um plano atraente”.
4) ecbahia.com: No seu plano já existe um esporte prioritário para implementar na associação? Qual e por quê?
Marcelo Sant’Ana: “O Bahia precisará fincar sua bandeira como clube olímpico e social. A diferença favorável ao Bahia comparado aos demais clubes é a força da marca. Com orçamento para 2024 especulado em R$4 milhões é fundamental ter estratégia. As ações iniciais preveem certificar o Bahia no Ministério dos Esportes e no Comitê Brasileiro de Clubes para passar a poder contar com mais verbas conforme a Lei nº 11.395/11 (Lei Pelé) e também o uso da Lei nº 11.438/06 (Lei de Incentivo ao Esporte). Além deste ponto de incremento financeiro, o esporte de alto rendimento (ou competitivo) demanda uma infraestrutura de excelência e Salvador é praticamente limitada ao Ginásio de Cajazeiras e a Arena de Lauro de Freitas.
Em paralelo, contudo, podemos trabalhar de início com eventos e conteúdos específicos ligados à qualidade de vida e/ou oportunidades de mercado como criando o Circuito Bahia de Corridas de Rua com etapas em Pituaçu e na Fonte Nova, posicionando a marca, dando ainda descontos aos sócios participantes e realizando a venda de produtos de vestuário. Há a opção também de fazer parcerias com equipes existentes ou escolas, observando a educação”.
5) ecbahia.com: Sabendo que o futebol é controlado pelo Grupo City, o que de prático você pretende fazer como presidente da Associação em relação ao futebol, além de fiscalizar e cobrar o cumprimento do contrato?
Marcelo Sant’Ana: “Ser um facilitador do relacionamento institucional do Bahia SAF com a CBF, com as federações, com os demais clubes, as emissoras de TV e streaming, agências de marketing esportivo, poder público e iniciativa privada. No Conselho de Administração da SAF, trazer ideias que agregem ao trabalho e planejamento do City e posicionar nossos valores e identidade culturais, além de mostrar a percepção do torcedor e do sócio sobre a nossa parceria”.
6) ecbahia.com: O setor de e-sports movimentará cerca de R$ 13bi no Brasil em 2026. Existe algum plano concreto no seu programa de gestão para este setor? Poderia explicar, caso positivo?
Marcelo Sant’Ana: “Os e-sports trazem duas possibilidades concretas: chance de receita em médio e longo prazo, embora os clubes esportivos sejam iniciantes neste meio já consolidado para as equipes nascidas no ambiente digital; e aproximação com o público jovem. O Bahia teve na atual gestão uma iniciativa com o Esquadrão Golden, porém, pessoalmente, nunca tive acesso a um relatório detalhado de como era o trabalho (ex: investimento financeiro no time, era parceria e co-gestão ou apenas exposição de marca) e qual o retorno. Tampouco sei se a linha de produtos rendeu bem para a marca Esquadrão.
Vamos precisar nos familiarizar melhor com o ambiente dos e-sports, mas sei que é um conteúdo que interessaria ao departamento de marketing do Bahia SAF. Talvez possamos pensar em uma solução juntos para o curto prazo”.
7) ecbahia.com: O Bahia já tem Herbert Conceição como embaixador, um atleta olímpico, baiano e tricolor. É possível esperar que o Bahia apoie e seja representado por mais atletas na Olimpíada da França?
Marcelo Sant’Ana: “É possível esperar que vamos tentar manter o trabalho com o Hebert Conceição, pessoa profissional e carismática; como também iremos querer sim mais embaixadores, seja para os Jogos Olímpicos Paris 2024 como para outras ações”.
8) ecbahia.com: Ao longo do ano de 2023 houve uma tentativa de parceria com o Yatch Club, que, por falha de comunicação ou não, recebeu críticas de ambos os lados. Você tem intenção de fazer alguma parceria com algum clube para que os sócios possam frequentar? Ou acha viável e pretende construir um próprio para o Bahia?
Marcelo Sant’Ana: “A realidade dos clubes sociais em Salvador já não é a mesma de décadas atrás, o que já torna a construção e manutenção fixa de uma sede social própria algo custoso para os cofres. Antes, devemos ampliar o faturamento do Clube e diversificar as fontes de receitas. O ideal é que o Clube tenha parcerias com os clubes sociais remanescentes na cidade, e também de fora da capital, para que o sócio tenha desconto ao se associar agregando assim mais um benefício ao nosso plano de sócios. Temos, contudo, que entender qual a expectativa do outro lado da mesa de negociação”.
9) ecbahia.com: Caso não seja eleito, você aceitaria apoiar e/ou ajudar o candidato eleito, caso seja convidado?
Marcelo Sant’Ana: “Primeiro, partimos do bom senso que todos os candidatos querem o bem do Esporte Clube Bahia. Da nossa parte, trabalhamos e construímos um Plano de Gestão estruturado. Agora, caso o sócio escolha outro candidato, nós vamos respeitar e, sim, estamos abertos ao diálogo para auxiliar conforme solicitados na reconstrução do Clube neste momento de transição”.
10) ecbahia.com: Baseado em toda a campanha, debates e entrevistas já realizados, por que o sócio indeciso deveria escolher você e sua chapa em vez da dos concorrentes?
Marcelo Sant’Ana: “Chegamos ao final da campanha, eleição marcada para sábado (dia 2) e o sócio pode ver ao longo dessa trajetória que apresentamos propostas concretas para o futuro do Bahia. Temos experiência e o torcedor que ama o Bahia lembra o trabalhos que fizemos no triênio 2015/17: recuperamos todo patrimônio com Fazendão, terreno do Jardim das Margaridas e Cidade Tricolor, conquistamos as Certidões Negativas de Débito (CNDs) municipal, estadual e federal; salários e encargos sempre em dia, trouxemos a opção do voto online e conquistamos título Baiano 2015; acesso da Série A 2016 e da Copa do Nordeste (2017), ano da maior pontuação do Bahia nos pontos corridos. Isso devolveu a dignidade aos funcionários e reforçou nossa alegria e orgulho como tricolores. Assim como naquele período, onde fui o primeiro presidente da era democrática para mandato regular de três anos, agora é um momento de reconstrução, reformulação e organização do Bahia após a SAF.
Assim como em 2015, o sócio pode esperar muito trabalho, muito empenho, uma parceria com o grupo City junto ao futebol brasileiro. E é com esse histórico de trabalho de gestão e a vontade de fortalecer o Bahia que nos colocamos ao sócio como boa e adequada opção de voto”.
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