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Notícia | História

Publicada em 04 de maio de 2020 às 09h29

Schmidt, o teu nome é liberdade, por Nestor Mendes Jr

Jornalista fala sobre a partida do ex-presidente tricolor

Da Redação

Já passava de 40 minutos do dia 4 de maio quando Fernando Roth Schmidt, nascido em 25 de abril de 1944, passou para o outro lado do caminho, se juntando a uma imensa Turma Tricolor que já está no céu, incluindo os pioneiros de 1931, fundadores do clube que “Nasceu Para Vencer”.

Schmidt era o nosso grande diplomata – na política e no futebol, se é que existiu alguma vez divisão explícita desses dois temas em sua vida - homem de elegância sutil, com o seu indefectível suspensório e abotoaduras de madrepérola em camisas alinhadas. Um cavalheiro de outros tempos, do quase pós-guerra, mas visionário, sempre adiante do seu tempo.

Foi presidente do Esporte Clube Bahia, de 1975 a 1979, retornando ao cargo em setembro de 2013, e permanecendo até dezembro de 2014, para coroar, pelo voto livre e direto dos sócios tricolores a grande história de sua vida: ser o responsável pela pá-de-cal que enterrou anos de desmando, gestão temerária e ditadura no mais popular e amado clube da Bahia.

Ao lado de seus xarás, Fernando Passos e Fernando Jorge Carneiro, Schmidt costurou uma ampla frente política, jurídica e democrática - que ia da torcida a ACM Neto e Jaques Wagner, passando pela ex-primeira-dama Fátima Mendonça, pelos eminentes juristas Paulo Albiani, Lisbete Maria de Almeida, Pedro Barachísio Lisboa, Fernando Santana, Carlos Rátis e pelo publicitário Sidônio Palmeira - que destruiu o último pilar de arbítrio no clube, que justamente carrega as cores da bandeira tricolor francesa, a da liberdade, igualdade e fraternidade.

Ao transmitir o cargo para o seu sucessor, o jovem presidente Marcelo Sant’Ana, em dezembro de 2014, ele discursou: “Na sua ‘Oração aos Moços’, Ruy Barbosa fala do ‘coincidir desta existência declinante com essas carreiras nascentes’. Faço esse rito de passagem com imensa alegria, como quem entrega ao filho o mais precioso tesouro de sua existência. Entrego-lhe não só o clube, mas todo o desvelo, todo o cuidado, toda a paixão de uma vida inteira. De minha vida inteira”.

Justamente por impossibilidade médica, 41 anos depois, ele não esteve na inauguração da Cidade Tricolor, o Centro de Treinamento Evaristo de Macedo, em Dias D’Ávila, em janeiro deste ano. Mas, mandou o seu recado: “O Bahia é amor e liberdade; é democracia e transparência, comungado com essa impagável torcida, nosso povo, nossa gente”.

Nosso querido amigo e mentor Fernando Schmidt, com toda o seu jeito diplomático, cultivado em anos de pós-guerra e em anos de chumbo, amou a política, amou a democracia, mas, sobretudo, amou o Esporte Clube Bahia.

Além de responsável pela construção do Fazendão – o antigo CT do clube, em Itinga – Fernando Roth Schmidt simboliza a liberdade no ECB.

Sim, é menos um Bahia na Terra, mas é, também, mais um grande democrata, ilustre e libertário Bahia no céu, na boa companhia de Teixeira Gomes, Zapata, Vicente Arenari, Marx e Biriba; Che Guevara, Marito e Marighella; Picolé, Tiradentes e Chiquitinha.

“Ninguém nos vence em vibração”.

Saudações Tricolores, Schmidt.

Nestor Mendes Jr. é jornalista, autor de "Nunca Mais! 25 Anos de Luta Pela Liberdade no Esporte Clube Bahia".

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