De Nelson Barros Neto, no jornal A Tarde deste domingo:
Esse é o ano, suspirou a torcida. Acabou o continuísmo, prometeu a direção. O Bahia iniciou a temporada com a autoestima renovada, mas o aumento significativo dos recursos com a volta do time a Salvador terminou não sendo aproveitado. Prestação de contas analisada por A TARDE Esporte Clube, para completar, indica um futuro financeiro dos mais complicados.
Patinando na Série B do Campeonato Brasileiro, o tricolor teria uma folha salarial superior até à do arquirrival, que ainda luta por uma das quatro vagas à próxima Taça Libertadores. E, enquanto a cúpula azul, vermelha e branca chega a fazer mistério sobre o assunto, o vice-presidente do Vitória, Jorge Sampaio, escancara: Sempre soube que é maior. Desde o Campeonato Baiano, aliás.
Sampaio, que declara ser de R$ 870 mil a soma das remunerações rubro-negras (excluída aí a comissão técnica), baseia sua informação na quantidade de jogadores que eles trouxeram e nas notícias de alguns vencimentos de lá. E completa: A nossa poderia ser mais, porém já conseguimos mandar embora cerca de 20 atletas não aproveitados, e eles, não. Estão com um monte no come-dorme.
Procurado na véspera de ser demitido do Bahia, o então gestor de futebol Paulo Carneiro mantinha a dúvida no ar. Podem especular como quiserem, só posso falar que isso é mentira. Todos os reforços vieram de graça, assinalou. O máximo que pagamos foi luva a alguns jogadores, empresários e investidores. O Bahia não tinha dinheiro, ao contrário do que muitos insistem em pensar.
Contratado mais ou menos para a mesma função, o superintendente Elizeu Godoy revela: Está na faixa dos 900 mil.
PARADOXO – Mas, se a situação não é boa, o que dizer do ano passado, com Fonte Nova interditada e Pituaçu ainda em obras? Se àquela altura da temporada o clube havia arrecadado R$ 463.029,39 de receita de bilheteria (líquido), agora já são R$ 5.071.117,15 onze vezes mais. E se igualmente foi vice-campeão estadual, seguia sonhando com o acesso, acabando no meio da tabela (10º), sem jamais enfrentar o fantasma da degola.
Realmente, tínhamos tudo para subir, lamenta o estudante Leandro Fernandes, do grupo oposicionista Revolução Tricolor. Ele não entende como a nova direção continuou repetindo os erros do passado, com uma política de contratações mais uma vez bastante questionável.
Ao todo, foram nada menos que 46 atletas desembarcando no Alto de Itinga em 2009, número que se aproxima ao do turbulento 2006, considerado o pior da história do Esquadrão: 57. Naquela época, além de sequer disputar o título doméstico (conquistado pelo Colo-Colo), o Bahia terminou eliminado logo na primeira fase da Copa do Brasil (pelo Ceilândia/DF) e morreu na praia nas finais da Série C. Inconformados, mais de 30 mil saíram às ruas para protestar.
Tomando como base as cinco campanhas anteriores, a de melhor desempenho foi justamente a que menos se apostou em quantidade. Em 2004, aportaram 21 nomes, acreditou-se em um único treinador algo raro no período e a equipe de Vadão por muito pouco não retornou para a elite do Nacional.
BOLIVIANO – As queixas da torcida aumentam quando se observa que 19 dos 46 dos atuais reforços já deixaram o Fazendão, e sete sequer estrearam. Gente como o goleiro Ismael, o zagueiro Paulo Paraíba, os meias Jean Carlo e Márcio Tarrafa, os atacantes Rafael Silva e Peterson e o volante Jonathan, que simplesmente sumiu sem dar satisfação. São coisas que acontecem no futebol, limitou-se a dizer Paulo Carneiro, na época.
Não bastasse, quatro foram anunciados pela assessoria de comunicação, criou-se expectativa nas arquibancadas, no entanto nenhum deles assinou contrato. A turma é composta exclusivamente por apoiadores (Fabiano, Lucas Silva, Adriano Pimenta e o já folclórico boliviano Jhasmani) e quase contava com o centroavante Jael, que apareceu somente na segunda tentativa, um semestre após ter acertado, em janeiro.
Tenho absoluta certeza que não fizemos investimentos ruins. Trouxemos jogadores de qualidade, só que o grupo como um todo até agora não conseguiu render, alega o presidente Marcelo Guimarães Filho”.
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