é goleada tricolor na internet
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Que torcida é essa?

Notícia
Historico
Publicada em 30 de outubro de 2007 às 01:03 por Da Redação

Certa vez, numa determinada lista de discussão na internet, o torcedor Raimundo Souza soltou: “Dá para comparar a Nação Tricolor com aquela música do Aviões do Forró, Você não vale nada, mas eu gosto de você”. Pois bem.

O Bahia se encontra na última divisão do futebol nacional, não levanta um caneco profissional desde maio de 2002 e não dá a chance ao associado de escolher o seu principal dirigente. A promessa de reforma do estatuto azul, vermelho e branco acaba de completar dois anos. Devidamente engavetada.

Mesmo assim, o clube é capaz de colocar 49.528 torcedores, em plena quarta-feira à noite, contra um desconhecido Barras do Piauí. Mais gente do que tem no município homônimo inteiro daquele Estado: 43.417, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2007).

Na partida anterior aqui, 58.695 pagaram ingresso para assistir a um obscuro Crac, do interior goiano. Tudo isso no inconveniente horário das três e meia da tarde, no meio de um feriado, em dia de estréia da Seleção Brasileira nas Eliminatórias da Copa do Mundo.

E uma nova mostra do que é ser Bahia já tem data e local para acontecer: amanhã, às 20h30, no Estádio Octávio Mangabeira. No outro lado do campo, o Bragantino.

Resultado: apesar de tudo, o Esquadrão de Aço é dono da segunda melhor média de público do País. Só perde para o Flamengo, cuja torcida é mais de sete vezes maior – conforme estimativas das últimas pesquisas divulgadas sobre o assunto.

Nos seus nove confrontos em casa com portões abertos na Série C, a equipe levou 31.434 pessoas, em média, para a Fonte Nova. Em 16 partidas, na A, o rubro-negro carioca cravou 32.456.

Virtual campeão da elite, o São Paulo registra média de 26.006 pagantes. Melhor no quesito da Série B, o Santa Cruz põe 28.281 por jogo no Arruda.

ESPECIALISTAS – Os números do Bahia impressionam ainda mais quando se percebe que são superiores até mesmo que os da campanha do bicampeonato nacional, em 1988. Naquela ocasião, embora tenha chegado a colocar 110.438 na semifinal frente ao Fluminense, terminou com a média de “apenas” 26.529 torcedores. O que prova que casa cheia ajuda. Mas não faz gol.

Os públicos tricolores só fizeram aumentar desde o rebaixamento à Terceira Divisão, em 2005. O time, porém, já figura pelo segundo ano consecutivo no inferno tupiniquim.

Doutor em antropologia, Roberto Albergaria tenta explicar: “Existem algumas teorias relacionadas ao tema, como a de Roberto da Matta, de que o futebol permite a você representar a sua vida na sociedade. Mas, do meu ponto de vista, não é nem questão de gostar de sofrer, mas de que o torcedor já se acostumou a sofrer mesmo”.

Ele justifica dizendo que pela atual condição de cidadão existente no Brasil, “o povão tá sempre sofrendo”. “Sofrer não é nada excepcional. Mas, durante o jogo, ele esquece até o sofrimento dele, de que vai pegar segunda um buzu lotado, então xinga o juiz, toma cachaça e usa a situação como válvula de escape para suas frustrações”.

Já o psicólogo Rafael Tedesqui, especialista em esporte, analisa: “O torcedor precisa de algo para se sentir em algum grupo, que tenha importância, valor. E há ainda a questão das crenças, de que se ele não estiver lá, o time perderá. Aí, torna-se dependente disso”.

FIDELIDADE
Comparação das médias de público do Bahia, desde o início do século, em relação às maiores médias do Campeonato Brasileiro
2001 – Bahia: 21.557 (2°); Atlético/MG 27.239 (1°)
2002 – Bahia 19.995 (2°); Paysandu 23.242 (1°)
2003 – Bahia 13.004 (6°); Cruzeiro 26.109 (1º)
2004 – Bahia 32.512 (1°); Corinthians 13.527 (2°)
2005 – Bahia 17.285 (6°); Remo/PA 30.869 (1°)
2006 – Bahia 23.615 (3°); Atlético/MG 31.922 (1°)
2007 – Bahia 31.434 (2°); Flamengo 32.456 (1°)

RANKING
No ano passado, a Revista Placar divulgou as melhores médias de público da Série A, desde 1971. Foram listados todos os times da Primeirona de 2006, além de Bahia e Atlético/MG. Confira:

1°) Flamengo: 26.501
2°) Bahia: 24.983
3°) Atlético-MG: 24.473
4°) Corinthians: 22.292
5°) Cruzeiro: 19.565
6°) Palmeiras: 18.574
7°) Internacional: 17.917
8°) Vasco: 17.770
9°) São Paulo: 15.985
10°) Fluminense: 15.864
11°) Santa Cruz: 15.721
12°) Grêmio: 15.446
13°) Fortaleza: 14.635
14°) Santos: 14.437
15°) Goiás: 13.846
16°) Botafogo: 13.503
17°) Atlético-PR: 10.453
18°) Figueirense: 9.902
19°) Ponte Preta: 7.953
20°) Paraná: 7.221
21°) Juventude: 5.473
22°) São Caetano: 4.111

Leia também: Corra: Ingressos à venda na FN e na sede de praia

Matéria publicada originalmente, por esse mesmo autor, na edição de segunda-feira 29/10/2007 de A Tarde Esporte Clube

Clique aqui e saiba tudo sobre a Série C do Brasileiro de 2007

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