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Por que não ela?

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Historico
Publicada em 31 de agosto de 2007 às 14:10 por Da Redação

Nem torcedor do Bahia ele é. Parece livre, portanto, de maiores apegos sentimentais em relação ao estádio. Mas o rubro-negro Andrei Beramendi se diz um cidadão preocupado com os rumos da cidade. E um arquiteto que ainda não entendeu o projeto soteropolitano para a Copa de 2014.

“A Fonte Nova, devido a interesses econômicos pouco conhecidos, está sendo descartada muito facilmente”, acusa, referindo-se ao Mundial previsto para acontecer no Brasil. O martelo da Federação Internacional de Futebol só será batido no dia 30 de outubro. Mas inspetores da Fifa estão desde quinta-feira passada no País.

O Rio de Janeiro é a última das candidatas nacionais a ser analisada pela entidade. Às 15 horas de hoje, após vistoria no Maracanã, haverá entrevista coletiva no gramado do “maior do mundo”.

Espera-se que as tão aguardadas impressões da Comissão de Inspeção sejam finalmente reveladas. Das 18 pretendentes, no máximo 12 serão escolhidas.

PIRAJÁ – Salvador foi uma das quatro cidades que prometeram erguer novas praças esportivas para abrigar jogos da Copa. Com capacidade para 44.100 lugares, a “Arena Bahia” seria construída na Av. Paralela, ao lado do ex-parque aquático Wet‘n Wild. Ou mesmo por cima da Fonte Nova, para desespero de Beramendi.

Especialista em obras públicas e em arquitetura esportiva, ele lamenta a decisão governamental: “Implodir o estádio é um completo absurdo. Existem exemplos de estádios antigos que foram totalmente recuperados”. Um caso citado é o de Berlim, utilizado no Mundial da Alemanha, em 2006.

“Não sou contra a arena, só queria que essa situação fosse melhor discutida, do ponto de vista urbanístico e funcional”, acrescenta. Segundo Andrei, levantar um equipamento na Paralela é um grave erro de ordem técnica. “Até em partidas no Barradão, sem tanto apelo assim, a região fica completamente engarrafada”.

Como uma das futuras linhas do metrô vai desembocar no bairro de Pirajá, “se for para se construir um novo estádio”, o local mais adequado seria lá. “Pirajá tem características bem parecidas com as do entorno do recém-inaugurado Engenhão, no Rio, que foi bastante elogiado durante o Pan”.

“A Fonte Nova é um dos mais importantes projetos arquitetônicos do Estado, já integrada à morfologia da cidade. Há questões sociais, também”, defende.

FILHO – E ele não está sozinho na defesa do Octávio Mangabeira. O Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento da Bahia (IAB-BA) publicou editorial contra a demolição do estádio.

“Parece-nos incompreensível que seja aventada tal possibilidade, não só pelo inquestionável valor histórico e arquitetônico da praça esportiva, como pelo desperdício de recursos públicos, especialmente quando está sendo finalmente implantado um sistema de transporte de massa em Salvador, que possui duas estações nas suas proximidades. (…) O mais sensato, econômico e coerente seria requalificar a Fonte Nova, adequando-a aos padrões internacionais mais atuais”, pontua a nota.

Primogênito do responsável pelo projeto do estádio, inaugurado em 1951, o jornalista Diógenes Rebouças Filho é outro que lamenta a situação. “Meu pai não era contra modernizar a Fonte Nova, mas que seja um reforma íntegra, respeitando as suas características arquitetônicas”. Ele conta que, na época, a obra chegou a ser elogiada por urbanistas do quilate de Oscar Niemayer e Lúcio Costa.

“PICARETAGEM” – Professor titular da Faculdade de Arquitetura da Ufba, Heliodorio Sampaio participou da ampliação do estádio, em 71. “É provável que só o custo de um terreno na Paralela, similar em área ao da Fonte Nova, cubra parte significativa das melhorias que poderiam ser feitas no Octávio Mangabeira”. E completa: “Como co-autor do estádio, posso até fazer uma representação junto ao CREA, pois estas medidas ferem o nosso código de ética”.

O historiador e poeta Fernando da Rocha Peres, amigo de Diógenes Rebouças, ataca: “Considero a demolição um desastre e uma picaretagem. Tudo indica que interesses escusos estão agindo. A Fonte Nova já integra a paisagem do Dique. Seu projeto é pioneiro, como uma forma de ferradura, para advertir os burros da Bahia”.

Matéria publicada originalmente, por esse mesmo autor, na edição desta sexta-feira 31/08/2007 do suplemento A Tarde Esporte Clube

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