Em edição especial, o caderno de esportes do jornal A Tarde deste domingo traz uma série de reportagens, com sete páginas, sobre o projeto da Bahia para a Copa de 2014. A mais polêmica diz respeito à exclusividade de jogos na futura arena soteropolitana. Confira o texto do repórter Nelson Barros Neto:
“O mesmo edital que proíbe a participação de clubes entre os investidores da nova Fonte Nova, os considera fundamentais para a sobrevida da futura arena. A partir de 2014, então, nada de Pituaçu ou até Barradão.
Além de não permitir mais jogos no recém-inaugurado estádio, alvo de R$ 55 milhões de investimentos públicos só no ano passado e prestes a receber Brasil x Chile, pelas Eliminatórias da Copa/2010 , o governo trabalha como se o Vitória desistisse de utilizar o seu mando de campo após o Mundial. Estudo de viabilidade econômico-financeira, citado para embasar a licitação, projeta um mínimo de 28 partidas tanto de Bahia quanto de Vitória ao longo da temporada, na Fonte.
Colocado o problema, enquanto o secretário de Esporte Nilton Vasconcelos diz que caberá ao vencedor da concorrência buscar um acordo, o chefe de gabinete do governador Jaques Wagner, Fernando Schmidt, admite que uma hora precisará conversar com as partes. Ainda não é o momento, mas isso tudo precisa ser devidamente negociado, afirmou. Ele garante que ambas as equipes terão mais vantagens na arena. E não pestaneja em concluir: É muito importante que joguem lá.
Repercussão Negando já ter sido procurado por alguém do governo, o presidente rubro-negro, Alexi Portela Júnior, foi enfático em anunciar a falta de interesse do clube: Nós temos o nosso estádio. Pelo contrário: devido à Copa, o prefeito ficou de fazer um nova via de acesso saindo da Avenida Paralela, que vai viabilizar totalmente a Toca. O termo de desapropriações já foi assinado.
Porém, questionado sobre a possibilidade de algum tipo de acerto, sobretudo se envolver compensação financeira, o cartola tratou rapidamente de recuar. Temos que analisar com calma. Não sou eu que decido sozinho, não sou dono do clube, mas o Conselho Deliberativo. É preciso analisar o que é melhor para o Vitória, declarou, acrescentando ser amigo de Marco Antonio Herling, representante da badalada Lusoarenas, de origem portuguesa, no Brasil.
Segundo ele, o sonho de levantar uma nova praça esportiva para o Leão já perambulando desde o final da era Paulo Carneiro, nos anos 1990 continua vivo. Isso não morreu para a gente. Estamos sempre conversando, encerrou, destacando não existir a especulada entrada do arqui-rival na empreitada.
Procurado, o líder da torcida Os Imbatíveis, a principal organizada do time, solta o verbo contra o esvaziamento da Toca. É complicado isso aí. Obrigar um clube a jogar onde o governo quer? Para eles e empresários ganharem dinheiro? Acho terrível. O Barradão é onde o torcedor rubro-negro se sente bem, onde o Vitória tem a sua história. Se for um dia e tal, tudo bem. Mas jogar obrigado, não, brada Gabriel Oliveira.
Quarto estádio? Mesmo sem casa própria, o assunto é encarado de maneira não tão diferente no tricolor, que pensa em pegar Pituaçu ou, quem sabe, até construir um quarto estádio em Salvador. O que tenho certeza absoluta é que do jeito que está não dá para ficar. O Bahia necessita ter sua a arena para alavancar uma série de projetos que só assim poderiam sair. Agora, como isso vai ocorrer, é aguardar os acontecimentos, declarou o presidente Marcelo Guimarães Filho que, deputado federal, também fala em verificar as condições políticas a partir do cenário de 2014.
Apesar de tudo, claro, mostra-se entusiasmado com a ideia da nova Fonte. Não me encontrei com ninguém do governo nem do Vitória, mas acho que isso vai acontecer, porque não vejo viabilidade do estádio sem a participação do Bahia. Espero ser chamado, emendou, sem esconder a surpresa com a inclusão do co-irmão na história.
Não tenho qualquer tipo de restrição, mas não vejo motivo para eles. Eu, se já tivesse estádio, não teria interesse. Mas não sei o que o Vitória pensa, finalizou.”
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