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Nonato fala sobre os seus planos para o futuro

Notícia
Historico
Publicada em 26 de novembro de 2002 às 23:12 por Da Redação

Confira um “pingue-pongue” realizado pelo jornal Correio da Bahia com o atacante Nonato (publicado em 25/11/2002):

Como você começou no futebol?
Sempre gostei de jogar futebol lá em meu interior (Japi, no Pará). Brincava perto de casa, com os amigos, até o dia em que fui morar na capital (Belém) e meu tio Gilmar me levou para fazer um teste na Tuna (Tuna Luso). Passei no teste e iniciei minha vida de jogador neste momento.

Seu time de infância então era a Tuna?
Não, não, eu era Remo. E por influência do meu pai, flamenguista fanático, torcia também para o Flamengo.

E a vinda para a Bahia, como foi?
Vim para Salvador por indicação de duas pessoas: o treinador Laelson Lopes e o professor Garrido (observador do Bahia). Isso foi em 99. Joguei a temporada toda no time de juniores e fui artilheiro do Campeonato Baiano. No ano seguinte já estava no profissional.

Como é a família do Nonato? Tem alguém ligado ao futebol também?
Não, não (risos). No máximo meu tio e meu pai gostavam de brincar de bola, mas nada além disso. Minha família é grande. Em Belém, além de tios e tias, tenho quatro irmãos e meus pais, Claudionor Ribeiro e Maria de Nazaré Lima. Em Salvador, tenho minha mulher, Any Araújo (25 anos) e meu filho João Vítor, que tem somente 11 meses e faz seu primeiro aniversário no dia 15 de dezembro.

Mas você já vai ser pai novamente, né?
É. Minha mulher já está grávida de quase seis meses, esperando neném para fevereiro. Já sabemos que será homem novamente, mas ainda não decidimos o nome.

Você é há dois anos artilheiro do clube. Neste mesmo período ficou entre os cinco maiores artilheiros do Brasil, segundo o prêmio Chuteira de Ouro, da Placar. Mesmo com números assim, por que tanta cobrança sobre você?
Sou cobrado justamente porque faço gols. A torcida, imprensa, todo mundo sempre espera mais de quem faz os gols. Eu entendo muitas coisas dessas cobranças, mas há outras que não aceito. Que são feitas por perseguição. Do tipo antes de chegar no estádio vir torcedor xingando e ameaçando. Dizendo que não tenho valor e outras coisas. Pô, isso é chato. Pelo que já fiz pelo Bahia, em tão pouco tempo, acho que mereço um tratamento melhor.

Mas você não acha que às vezes isso acontece por algum tipo de declaração ou atitude sua, em uma entrevista após o jogo ou logo depois de uma substituição?
Já tive um problema desse tipo no Campeonato do Nordeste, quando fui substituído e fiz gestos para a torcida. Estava errado, de cabeça quente, e me desculpei publicamente por aquele ato. Só acho que sou cobrado demais às vezes. Somos 30 jogadores no elenco e todo mundo ganha e todo mundo perde. Eu jogo no ataque, estou sempre me colocando bem e por isso muitas chances surgem. Às vezes a bola não entra. Em outras, e graças a Deus isso tem acontecido nos momentos decisivos, ela entra duas, três vezes, como foi na final do Nordestão ou no jogo de Mogi Mirim, contra a Portuguesa.

Quais suas maiores virtudes e defeitos em campo?
Acho o posicionamento minha maior qualidade. Por isso faço e perco muitos gols. Não me escondo do jogo ou da responsabilidade. Já meu maior defeito, e vou trabalhar muito para melhorar isso, é a movimentação. Preciso voltar mais, para jogar e para marcar, como o Robson faz sempre. Mas eu tenho que fazer só de vez em quando, porque minhas características são diferentes.

E fora do campo?
Minha maior virtude seria cuidar bem da família. Ser um bom pai, filho e irmão. Ajudo muito os meus parentes mais próximos. Meu maior defeito seria não aceitar certos tipos de comportamentos, que são naturais do torcedor e que poderia relevar. Às vezes estou na praia, no meu momento particular e vem uma pessoa que não conheço para querer conversar de futebol, do gol que perdi. O torcedor tem esse direito, mas não gosto de misturar meu tempo com família e amigos com coisas do futebol.

Como é o Nonato em casa? Tem hobbies? Faz algum outro esporte?
Meu maior hobby é ouvir música. Gosto muito, principalmente sertanejo de Zezé Di Camargo e Luciano. Também gasto meu tempo livre lendo e vendo filmes (tem predileção por filmes de ação, com Van Dame), coisas que posso dividir com a família, descansando em casa. Não tenho nenhum outro esporte, mas de vez em quando jogo um futevôlei com os amigos. Nas férias, um baba é sempre bem-vindo para matar as saudades da bola.

O que falta para sua carreira decolar?
Rapaz, jogo num grande time, num clube que me dá uma estrutura muito boa, que paga bem seus atletas e que é certamente uma das maiores equipes do Brasil. O problema é a vitrine. A gente aparece muito menos do que os clubes do Sul. No Nordeste, saímos do foco do Brasil, e isso é que é valorizado para uma seleção, para os times estrangeiros, para patrocinadores. Contudo, entendo também que com o Brasileirão do ano que vem acontecendo em oito meses, isso pode mudar um pouco. Se montarmos um time forte, podemos chegar lá e alcançar essa visibilidade.

Você falou em times estrangeiros. O Japão seria um bom lugar para ir jogar? Segundo seus procuradores, seu futebol, interessa aos japoneses.
Estou por fora disso. Sinceramente eles não me passaram nada ainda. Mas caso aconteça alguma coisa de ir para o Japão, sei que lá é um lugar muito bom. Tenho amigos jogando lá, como Uéslei e Marcos Vinícius (ex-jogadores do Bahia).

Você chegou a declarar que queria sair do Bahia. Você quer mesmo ainda?
Isso depende de muita coisa. Primeiro, posso lhe adiantar que falei disso num momento em que estava de cabeça quente, quando a torcida estava pegando no meu pé injustamente em minha opinião. Não vou dizer a você que se surgir uma proposta boa, que seja boa para mim, que vou negá-la por amor ao clube. Amo o Bahia, não só como torcedor que virei, mas pela oportunidade der vida que me foi dada. Mas tenho uma família grande para sustentar, tem o futuro de minha mulher e de meus dois filhos e a carreira de jogador é curta. O que posso garantir é que só saio do Bahia por uma oferta muito melhor do que ganho aqui, ou do que me oferecerem em contraproposta. Adoro Salvador e só saio daqui nessas condições.

Quais os seus maiores sonhos dentro e fora do futebol?
A Seleção Brasileira é o sonho de todo jogador. Qualquer pessoa quer defender as cores do seu país e eu não sou diferente. Fora do futebol confesso que não tenho nada assim a almejar por enquanto. Sou muito novo ainda e penso em futebol, na minha profissão, 24 horas por dia.

Quem é seu maior amigo no futebol?
Sou amigo de todos, tenho uma boa amizade com todo elenco do Bahia e ex-jogadores que passaram por lá e até alguns de fora. Mas, na intimidade, posso falar do Robson, do Bebeto Campos e do Marcos Vinícius. Nossas famílias são amigas, estão sempre em contato, sempre nos falamos muito. Com o Marcos Vinícius é mais difícil, mas a gente sempre se fala por telefone. Agora eu tenho um amigo, meu grande amigo, que não joga futebol, mas que nossa amizade nasceu do futebol. Luciano é torcedor fanático do Bahia, que viajava com o clube e a gente se conheceu nessas viagens, no ambiente do Fazendão. Estamos sempre juntos.

Quais os gols que você considera como mais marcantes em sua carreira?
Todos, mas os dos momentos decisivos com certeza foram os mais importantes, porque são coisas que todo mundo vê e poucos esquecem. Dentre eles posso colocar os três contra a Portuguesa, e os das finais do Campeonato do Nordeste, em 2001 e neste ano.

E qual o gol que você perdeu e que gostaria de ter marcado?
Com certeza o pênalti contra o São Paulo. Aquele lance mexeu muito comigo. Fiquei uma semana sem me sentir bem, com raiva de ter sido vaiado e xingado numa partida em que estava jogando bem.

Qual foi o seu pior momento no futebol?
Foi quando quebrei o pé em 2000, logo quando estava subindo para os profissionais. Fiquei um tempo parado e a recuperação, apesar de ter sido boa, demorou. Quase não joguei naquela temporada.

Você tem algum ídolo, alguém que te serve sempre de exemplo?
Tenho sim, o Ronaldinho, Fenômeno. Não só pelo futebol e por ele ser um grande goleador, mas também pela história de vida dele. De ter se recuperado de uma lesão muito grave e ter dado a volta por cima, numa Copa do Mundo, sendo artilheiro e campeão mundial. O Romário também é um grande ídolo. Sou fã dele.

Você tem religião? No que isso ajuda você dentro e fora de campo?
Sou católico. Orar, ir à igreja sempre me deixa mais tranqüilo, mais calmo. Sempre que posso, dou uma passada no Bonfim, peço proteção para mim, para o Bahia e meus companheiros, e para minha família. Em campo posso dizer que isso me deixa mais solto, mais confortável, ajuda muito sim, mas tenho que fazer a minha parte sempre, senão não tem como dar certo.

Você estará de férias até o dia 2 de janeiro de 2003. Dê um recado para a torcida do Bahia sobre o que pode acontecer no ano que vem.
Bem. Primeiro, para aqueles que não gostam de mim ou do meu futebol, que me perseguem e me vaiam, quero pedir que tenha mais paciência. Quero que eles lembrem que sempre que o Bahia precisou, eu estive presente e fiz minha parte. Assim, espero que não se repitam momentos frustrantes e desagradáveis, como alguns episódios deste ano. Para os que gostam de mim e do meu futebol, quero agradecer a confiança e também pedir desculpas pelo meu comportamento no aeroporto (depois do jogo contra a Portuguesa), por ter saído sem falar com ninguém. Estava cansado, muito cansado. Foi um dia com muitas emoções e não dormi direito. Tudo o que queria naquele momento era ir para casa, ver minha família e descansar.

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