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Ninguém da base subirá direto; veja as propostas

Notícia
Historico
Publicada em 27 de janeiro de 2011 às 21:54 por Da Redação

De Daniela Leone, no jornal Correio* desta quinta-feira:

`Um mês atrás, poucos tricolores saberiam dizer quem eram Fábio, Madson e Rafael. De olho no time profissional, a maioria dos torcedores não costuma acompanhar de perto os meninos da base. Mas isso mudou. Depois da boa campanha na Copa São Paulo de Juniores, o anonimato dessa turma que ainda transita entre a adolescência e a fase adulta ficou pra trás.

A taça de vice-campeão trouxe reconhecimento e fama. “Antes a gente passava e ninguém conhecia a gente”, conta o atacante Rafael, 18 anos. Pois foi só desembarcar no aeroporto, terça-feira, que eles se viram diante de uma comitiva de torcedores e tiveram até os nomes louvados.

Os jogadores do Esquadrãozinho deram os primeiros autógrafos da carreira e posaram para fotos. “Ser reconhecido pelas pessoas é bom demais”, diverte-se o lateral-direito Madson, 19 anos completados na viagem.

O reconhecimento implica em outras vantagens da profissão. “Agora eles vão aproveitar pra tirar uma lasquinha no shopping”, brinca o técnico Laelson Lopes, que conhece os meninos de perto.

“O mais perigoso é Fábio. Esse aí é namorador demais, tem que andar na rédia curta”, entrega o comandante. Mas antes que as primeiras fãs se empolguem, Fábio dá um banho de água fria. “Agora eu tô namorando e tô sossegado”, garante o meia de 18 anos.

Dispensado

O reconhecimento da torcida foi manifestado antes do retorno, ainda no Pacaembu. Milhares de tricolores foram apoiar o time na final contra o Flamengo.

E não era preliminar: pela primeira vez, todo aquele público se deslocou só para ver o espetáculo do júnior. “Quando a gente entrou pra aquecer, estava vazio, tranquilo. Daqui a pouco a gente volta e vê aquilo daquele jeito, lotado. Bateu um frio na barriga, mas foi bom”, lembra Rafael, artilheiro do Bahia na Copinha com seis gols em sete jogos.

A decisão com o Flamengo vai ficar na memória. Afinal, pela primeira vez um time fora do eixo Sul-Sudeste chegou a uma final da Copa São Paulo, em 42 edições. Mas, para Rafael e Fábio, a partida mais marcante foi contra o Santos.

“Aquela vitória nos últimos minutos foi impressionante”, enaltece Fábio. Madson discorda. Pra ele, emocionante mesmo foi ter tirado o Vitória, e a rivalidade não foi o único incentivo naquele clássico. “Eu saí de casa com 10 anos pra jogar futebol e joguei na base do Vitória até 15 anos, mas aí fui dispensado. O Vitória não teve paciência”, desabafa.

Ninguém sobe

A habilidade de Fábio, a bola parada de Madson e o estilo matador de Rafael diante do gol caíram na graça da torcida e chamaram a atenção de clubes do Rio e São Paulo, como conta Laelson Lopes na entrevista ao lado.

Apesar da badalação, nenhum deles vai subir para o elenco principal de imediato. “O profissional está com o elenco de 32 jogadores. Não adianta subir e ficar com um elenco de 37 ou 40 jogadores. Estes jogadores vão ter um trabalho de aproximação com o profissional. De vez em quando eles serão chamados pra participar de treinos”, afirma o coordenador da divisão de base, Newton Mota.

“Eles têm potencial, mas ainda precisam de um currículo de experiência. O Bahia vai ter um carinho grande no lançamento deles pra não lançar precipitadamente”, prossegue Mota.

Apesar do freio, os três jogadores não escondem a ansiedade de jogar logo no time principal, mas parecem ter consciência de que a transição nem sempre é um processo fácil. “A torcida pede, mas os mesmos que pedem pra entrar, pedem pra sair”, diz Madson, para depois Rafael completar. “Temos erros pra corrigir, pra melhorar. Não queremos bater e voltar”.

Preliminar

A turma tricolor curte a fama. Amanhã, eles têm encontro com o governador Jaques Wagner. Mas é bom manter os pés no chão. Domingo, o jogo é pelo estadual de juniores. Depois do Pacaembu lotado, o time da Copinha volta ao habitual: preliminar de Bahia x Fluminense de Feira, Pituaçu quase vazio.

‘O assédio aos garotos é natural’

O técnico Laelson Lopes assumiu o juniores do Bahia há seis meses, a convite do superintendente das categorias de base, Newton Mota. E precisou de pouco tempo para fazer história. Conseguiu chegar à final da Taça São Paulo, algo inédito para um clube de fora do eixo Sul-Sudeste do Brasil. O título não veio, mas o trabalho elogiado por todo o país serviu para recolocar a garotada do Bahia na mapa da bola nacional. Essa é a terceira passagem dele pela base tricolor. Laelson também esteve no Fazendão em 1999 e em 2007, quando o time chegou às quartas de final, sua melhor campanha até então.

Que jogadores te surpreenderam nessa competição?

O que evoluiu muito foi o Fábio, pela grande Copa que fez e desenvoltura que teve. E o próprio zagueiro Dudu, pelas características dele. É um jogador grande, demonstrava ter pouca mobilidade e a gente viu uma evolução técnica. Eles estavam bem abaixo no início e cresceram muito no decorrer da competição.

Quem está pronto para o time profissional?

Os dois zagueiros, Dudu e Everton; Fábio, Madson, Rafael e Jussandro. Eles já estão num nível técnico de maturidade e desenvolvimento físico, tático e até psicológico bons pra subirem pro profissional sem maiores traumas e queda de rendimento.

Houve muito assédio de outros clubes durante a competição?

Com um desempenho desse, era natural, mas o clube está protegido porque todos estão profissionalizados. O Bahia tem a lei ao seu lado, mas, de qualquer forma, houve observadores técnicos do Vasco que se interessaram pelo Madson e pelo Jussandro. O Flamengo, em conversa informal, demonstrou interesse no Rafael. E o São Paulo pelo Fábio. Foram jogadores que despertaram mais atenção. Tudo isso depende de negociação. O clube não está querendo fazer nenhum tipo de convênio, nem parceria. Se houver alguma negociação financeira, o Bahia deve fazer, mas o momento não é pra venda, é pra aprimorar e mantê-los dentro do Fazendão por mais algum tempo.

FICHAS

Fábio
Nome Fábio Gama dos Santos
Posição meia
Idade 18 anos. Nasceu dia 12/10/1992, em Ribeira do Pombal
Ídolo no futebol Ronaldinho Gaúcho
Bahia Desde os 17 anos. Jogou na base do Cruzeiro e foi levado pro Fazendão por Newton Mota.

Madson
Nome Madson Ferreira dos Santos
Posição lateral-direito
Idade 19. Nasceu dia 13/1/1992, em Itaparica
Ídolo no futebol Kaká
Bahia Desde os 15 anos. Foi dispensado da base do Vitória. Joga na lateral há pouco mais de seis meses. Antes, era meia.

Rafael
Nome Rafael Teixeira de Souza
Posição atacante
Idade 18. Dia 13/7/92, em Belo Horizonte (MG)
Ídolo Kaká é exemplo, mas gosta dos atacantes Kleber, do Palmeiras, e Keirrison, do Santos
Bahia Desde os 13 anos.`

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