Confira texto do jornalista Nestor Mendes Jr. sobre o “day after” das eleiçoes no Bahia. Texto publicado no site Bahia Já.
“Quero escrever para meus companheiros tricolores que lutaram em mais uma batalha. Em pouco mais de três anos, construímos uma oposição no Esporte Clube Bahia, ela que, de fato, nunca havia existido. São poucos os que lutam, há deserções, infiltrados, traidores, mas o tempo se encarrega de separar o joio do trigo, de discernir os demagogos dos verdadeiros combatentes. Por causa desses idealistas, mais pessoas entraram na luta e a sociedade pode conhecer, de fato, os podres intestinos do clube. Hoje, 100 entre 100 baianos sabem que o Conselho do Bahia é uma fraude. Há três anos, não sabiam.
Vão até culpar a oposição. Não se avexe, não. Isso faz parte da tática dos canalhas, porque, de fato, estamos incomodando. Há anos que as eleições são fraudulentas, mas pela primeira vez alguém foi à Justiça apontar a maracutaia. Se um desembargador acordou às duas da manhã para cassar a liminar, isso não é problema nosso. A Justiça tarda…
E em nome de todos que estão nesta luta, quero saudar a figura de Fernando Jorge Carneiro, pela sua coerência e destemor, pela sua coragem de botar a cara quando muitos, mais poderosos, se esconderam.
As revoluções, os grandes movimentos da história, começam com poucos e bons homens. Dos 82 homens que embarcaram no México, a bordo do iate Granma, para fazer a revolução cubana, só 12 chegaram a Sierra Maestra, inclusive Che e Fidel Castro.
Portanto, não esmoreçam, porque não perdemos nada. A nossa luta será sempre vitoriosa porque ela é do bem, é pela justiça, é pela liberdade. E a história, meus caros companheiros, como sempre repete Alberto Oliveira citando Roberto Dias, não fala dos covardes.
Diria mais: a história não fala dos pilantras. De todos eles, dos que barafundam situação com oposição; dos que ignoram a decência e participam de um arremedo de Conselho amoral; dos que se omitem mesmo com o cheiro da podridão em suas narinas; dos picaretas que utilizam-se de um microfone ou de um espaço de jornal para vender a própria consciência. Não cito o nome desses ratos, não porque tema um processo judicial, mas porque justamente o princípio do desprezo histórico consiste em ignorá-los.
Quando o jurista Orlando Gomes perdeu as eleições presidenciais do Bahia, a grande maioria dos cronistas esportivos à época representou o mesmo sórdido papel de agora. Meio século depois ninguém fala mais das ratazanas radiofônicas, todas esquecidas e sepultadas na memória, mas o nome de Orlando Gomes está eternizado na história do Brasil.
Que importância tem a opinião de alguém que não respeita a opinião, a vontade e as necessidades do seu leitor, ouvinte ou espectador? Que preço vai pagar aquele que ignora a vontade de mudar da grande nação tricolor? Com certeza, camaradas, será infinitamente maior do que o jabá que recebem para lamber as botas da quadrilha que tomou de assalto o Bahia.
Nós lutamos por uma causa, não por uma vitória pessoal: apenas nós queremos o nosso amado Esporte Clube Bahia, de novo, nos trilhos da glória.
Não queremos cargo; não pedimos emprego, não imploramos favores. Nossas consciências estão absolutamente tranquilas, diferente daqueles que estão cavando a sepultura do Bahia.
Nada temos a perder, simplesmente porque não queremos ganhar. Nosso objetivo é mudar para não sermos mais humilhados com goleadas; para não mais fazer contas pra não cair para a 3ª Divisão; para voltar a ser um clube que “nasceu para vencer”.
Quem quer ganhar a qualquer preço é o grande coveiro Paulo Maracajá e seus asseclas, mesmo que isso custe a derrota do Esporte Clube Bahia. Fico imaginando o riso psicopata, em um rosto já encarquilhado, rejubilando-se para o seu boneco Falcon: “ferramos a oposição”. Ele provavelmente não estará mais entre nós (será que se julga mesmo eterno?) quando ficar constatado nos anais da história que quem se ferrou foi ele.
Não respeitamos Marcelo Guimarães Filho como presidente do Esporte Clube Bahia porque sua vitória não é legítima: ao contrário, é amoral, obscura e antidemocrática. Continuaremos lutando na Justiça, e principalmente, continuaremos acreditando no poder saneador dela.
Não posso, portanto, Marcelo Filho, desejar-lhe feliz êxito em sua empreitada. Não torcerei nunca contra o meu clube, não me bandearei nunca para as hostes de Canabrava, não renunciarei nunca ao meu direito de ser sócio, mas não me permito acreditar em algo que nasce podre.
O seu mandato será sempre o aborto de um ser malformado, cuja mãe foi violentada.
Não posso acreditar, porque é inexorável: tudo que começa mal sempre irá acabar mal. E na história universal do homem não existe exceção para esta regra.
Como prosperar a construção de um edifício que nasce sobre a lama? Em algumas ocasiões você disse que nada tinha com o passado, que todo mundo sabe que é uma grande falácia. E o que é pior: justamente seu alicerce está sendo construído sobre esse passado podre, funesto e amoral.
Já escrevi por diversas vezes que não é difícil ser profeta diante da mediocridade. Sua gestão não irá dar certo porque seus laços com o passado são justamente mais fortes que suas amarras com o futuro. Você não foi eleito para mudar, mas, ao contrário, justamente para manter o protetorado de Maracajá. É a ele a quem você deve sua eleição, porque este sistema corrupto e ditatorial foi concebido por ele e para ele.
Suas primeiras medidas revelam o primarismo de quem continua pensando no jogo do dia seguinte. Técnico, reforços, manutenção do supervisor, venda de patrimônio?
A primeira medida, eficaz e urgente para a reconstrução de um Bahia forte passa pela necessária incorporação dessa imensa torcida ao clube. O Internacional acaba de realizar eleições: 27 mil sócios podiam votar e a situação se manteve com mais de 91% dos votos.
Outra de suas primeiras idéias é “tomar Pituaçu”. Pra quê? O Governo da Bahia fez Pituaçu para o Bahia. Não existe outro clube em Salvador com capacidade de utilizá-lo, a não ser o rival, que já possui estádio próprio.
A luta mais importante deve ser pela nova Fonte Nova, que deverá estar pronta em 2014. Este, sim, é o palco estratégico. Pituaçu é o mal necessário, cuja maior relevância será igualar – ou inferiorizar – a fantástica massa tricolor ao público pagante de Canabrava. Realmente para quem se nutre do passado, talvez cinco anos futuros sejam por demais longínquos.
E a idéia de trazer o ex-presidente do rival para o Fazendão é a crônica de uma tragédia anunciada. O homem cujo objetivo na vida era destruir o Bahia, que colocava no placar de Canabrava “visitante”, que esmurrou o deputado Pedro Alcântara e enxotou os tricolores em sua cidadela, agora se converteu?
Ele vestirá a camisa azul, vermelha e branca?
E se demitido, ingressará na Justiça do Trabalho?
Como confiar em alguém que busca vingança contra suas própria cores, contra sua própria bandeira? A que nome damos a isso: traição, deserção, descaração?
Os babacas de plantão, com o seu bocão de halitose, dirão: “é profissionalismo”. Eu, com os meus botões, retruco: é idiotia.
O Bahia não precisa de um salvador, mas de alguém que cuide dele com destemor e, ao mesmo tempo, com carinho; com integridade, não pelo telefone celular; com bom senso e discernimento, não com arrogância.”
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