A entrevista abaixo foi publicada na edição desta terça-feira do diário Lance!. Confira:
“Um atacante brasileiro, rápido, driblador, com sotaque nordestino e… são-paulino! Esse será um dos obstáculos do Corinthians nesta quarta, contra o Cruz Azul, na Cidade do México (MEX). Trata-se de Maranhão, que disputou o último Campeonato Brasileiro pelo Bahia. Ele chegou em janeiro e, nove jogos depois, já tem moral com a torcida e com o técnico Enrique Meza.
O camisa 18, chamado pelos mexicanos de Meirelles, foi negociado pelo clube baiano por cerca de R$ 2 milhões. Sua estreia foi contra o Pachuca, no último dia 21 de janeiro, pelo campeonato nacional. O brasileiro entrou aos 13 minutos do segundo tempo.
Com apenas 21 anos e uma única temporada como jogador profissional -a do ano passado, pelo Tricolor da Boa Terra-, Maranhão não esconde que o confronto com o Corinthians, pela terceira rodada da Copa Santander Libertadores, será especial.
O atacante terá a oportunidade de dar alegria à torcida do São Paulo, seu clube do coração
Sempre fui fanático, eu gosto demais do Rogério Ceni!
Essa e outras revelações foram contadas pelo camisa 18 do Cruz Azul por telefone o clube não permite entrevistas exclusivas nas dependências do estádio e do CT às vésperas de partidas importantes. Veja:
Você já se vira no espanhol ou, por enquanto, está no `portunhol`?
(risos) De um jeito ou de outro tenho q ue me virar e falar. Eu entendo bem, mas para falar aqui é meio complicado. Faz pouco tempo que eu cheguei também, jajá vai melhorar…
Tem alguém que ajuda você no dia a dia?
Sim, um dos auxiliares do treinador (Enrique Meza) é casado com uma brasileira, ele fala bem nossa lingua e está me ajudando bastante nos treinamentos e também nos jogos.
E a adaptação ao futebol mexicano? É parecido com o do Brasil?
Olha, a gente acha que o futebol brasileiro é bom, que joga bonito, mas aqui é impressionante. É técnica pura, qualidade, toque de bola. Estou bem, graças a Deus. Agradeço a Ele por me deixar ter vindo para cá, ter a chance de jogar num lugar maravilhoso. É um clube grande, que tem ótima estrutura para trabalhar, que paga em dia, jogador aqui só tem trabalho de jogar mesmo. Mas há pressão forte pelos resultados.
Em campo, você já é um mexicano?
(risos) Ainda não, mas estou melhorando. No começo eu estava querendo correr demais com a bola, querendo passar pelo adversário toda hora. Agora, não. Me preocupo mais em jogar para a equipe, coletivamente, como eles pedem.
Pelo que a gente sabe, é um time que sai jogando de trás, que não dá chutão de jeito nenhum…
É isso mesmo. Isso é uma ordem que a gente recebe do treinador, não podemos dar chutão nem quando estamos apertados lá atrás. Eles dizem aqui que, se você dá chutão, a bola cai no pé dos adversários, se você fica com ela nos pés, a vitória é mais fácil de acontecer. Isso eles ensinam e você tem que aprender, não tem jeito. Qualquer um…
O que pensa sobre o jogo desta quarta-feira, contra o Corinthians?
Difícil, bem difícil mesmo. Os dois estão brigando pela liderança do grupo . Atualmente, não tem jogo moleza contra ninguém, imagina contra um adversário como o Corinthians, que é campeão brasileiro. Acredito que será decidido nos detalhes mesmo, a gente vai dar a vida para manter essa liderança do grupo.
Você atuou pelo Bahia no último Brasileirão. Jogou contra o Corinthians em Pituaçu e no Pacaembu?
Sim, joguei os dois. Se não me engano, perdemos as duas por 1 a 0. Na Bahia, demos sufoco neles, mas a bola não entrou. Em São Paulo, tomamos um gol no final. Eles tem uma defesa fortíssima, que sabe segurar o resultado. Eu acredito que a gente precisa sair na frente, fazer o primeiro gol. Assim, a chance de ganhar será maior.
Os brasileiros vão encontrar que tipo de equipe pela frente?
Apesar de não ser muito falado no Brasil, o Cruz Azul é grande demais, vocês aí não têm noção do que é esse clube. A torcida é grande, como é a do Flamengo e a do Corinthians. O estádio sempre está cheio, tem o pessoal da torcida organizada que canta o jogo todo, e tem as famílias que vem para ver o jogo e ficam tranquilas, como no Brasil.
No último sábado, o Corinthians jogou com uma equipe reserva pelo Paulistão. E vocês? Como jogarão contra o Corinthians?
Aqui há um revezamento, todo mundo joga mesmo. Na Libertadores, jogou um time. Depois, pelo Mexicano, seis não jogaram. É difícil dizer quem vai jogar contra o Corinthians, é com o treinador mesmo. Mas ele fazem isso para que todo mundo possa jogar, ficar com ritmo legal.
E o trânsito? Já se acostumou ou não tem como fazer isso?
Rapaz, isso é alguma coisa demais mesmo. Estressa todo mundo, é igual a São Paulo, uma cidade grande demais, que tem um trânsito complicado. Tem poluição também, mas o pior é o trânsito.
E a altitude de 2.400m? Você sentiu alguma coisa no início?
Sim, no início eu senti dor de cabeça, cansava mais rápido. Acho que, agora, depois de um tempo, já estou bem. Mas eu precisei de umas duas, três semanas para me acostumar legal. Os jogadores do Corinthians podem sentir, mas isso vai de cada um.
E o que pode falar de Chicão e Leandro Castán, a dupla de zaga que deve marcá-lo?
Eles são experientes demais, demais mesmo. É uma ótima zaga, acho que teremos dificuldade porque eles são bons por cima e por baixo.
Você torcia para qual time quando era garoto?
Rapaz, eu sempre fui são-paulino, daqueles fanáticos mesmo.
Era fã de Raí e aquela turma toda?
Não vi ele jogar direito, tenho só 21 anos. Eu admiro bastante o Rogério Ceni, sempre gostei do seu jeito, da maneira que ele se comporta em campo. Ele é o melhor da história do São Paulo, sempre torci por ele. Eu também gostava de ver o Hernanes jogar…
Nos últimos tempos, o Corinthians tem uma supremacia contra o São Paulo…
É verdade, mas o Corinthians ficou quatro anos de ganhar também. Pois é, futebol tem essas coisas, a coisa gira, ainda mais em clássico.
Será especial um são-paulino fazer gol no Corinthians?
Colocar a bola na rede é sempre especial para um atacante, contra quem for. Se eu tiver a chance de fazer gol, com certeza ficarei feliz demais. Eu sei que a rivalidade é grande e que um gol meu deixaria a torcida tricolor feliz, mas eu quero é fazer gol, contra o Corinthians ou qualquer adversário mexicano.
Qual sua trajetória no futebol? Como conseguiu parar no futebol mexicano com apenas 21 anos?
Foi uma luta, que só pode ser milagre. Estar aqui, jogando nessa grande equipe depois de jogar um ano como profissional, é coisa de Deus. Para chegar, você é muito humilhado. Mas eu aprendi que você ser humilhad o não é ruim se der valor depois que conseguir mudar isso.
Pelo visto, foi uma luta diária…
Sim, fiz teste no Cruzeiro, com 12 anos, e não passei. Fiz teste no São Paulo, o pessoal até gostou de mim, mas eu não tive dinheiro para voltar lá. Eu tinha largado o futebol e, quando tava com 17 anos, um cara me viu numa pelada lá no Rio de Janeiro e me levou para o Madureira. Depois, o próprio Cruzeiro me contratou para a base, mas depois me dispensou. Fui para o Bahia e, depois de tanto sofrimento, conseguir virar profissional e disputar o Brasileirão do ano passado. E agora já estou aqui no México…isso é coisa de Deus. Eu não tremo para nenhum adversário, faço meu jogo, acredito em mim, assim que eu sou.”
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