Há exatos 19 anos o torcedor do Bahia certamente sentia uma de suas maiores alegrias nestas últimas –e sofridas– duas décadas tricolores. Muito melhor do que quando a seleção brasileira conquistou o tetra na Copa dos Estados Unidos, semanas antes, aquele título sobre o arquirrival, em meio ao maior público de todos os Ba-Vis, entrou definitivamente para a História.
Não seria exagero dizer que houve quem não suportasse tanta emoção. O 7 de agosto de 1994, um domingo de sol, provavelmente registrou um recorde de taquicardias em Salvador. De ambos os lados: enquanto rubro-negros, inconformados, eram só decepção, tricolores explodiam de felicidade. Tudo por conta de um instante mágico, aos 46 do 2º tempo, numa Fonte superlotada.
Não tinha espaço para ninguém. O aperto era incrivelmente geral. Era gente no colo dos outros, gente agachada, gente que só via as costas dos colegas de arquibancada, gente que no máximo enxergava um dos lados do campo. A plateia que saiu no borderô chegou a parecer pequeno.
Finalíssima do Estadual. O Bahia jogava pelo empate para conquistar o bicampeonato. O Vitória (cheio de pose pelo vice brasileiro na temporada anterior), vencia com um gol do atacante Dão, aos 44 da etapa inicial, e sua torcida já comemorava, tripudiando a Nação Tricolor. Mas quis o destino, a mística do Esquadrão de Aço ou os deuses do futebol que a festa mudasse de lado.
Para se ter ideia, o protagonista do tento histórico só entrou no intervalo. E nada dava certo ao Bahia. O tempo ia passando e a partida seguia amarrada, truncada, com inúmeras paralisações. No último segundo, contudo, já nos acréscimos, eis que acontece a eternizada jogada.
O goleiro Jean chuta para frente, “NBA” (o zagueirão Advaldo) cabeceia, a bola quica e sobra para o volante Souza, que dá outro toque de cabeça. Ela procura justo o atacante Raudinei que, de dentro da área, pega de primeira e manda no canto direito de Roger, estufando as redes.
A partir daí, é indescrítivel falar o que ocorreu. Cada um dos presentes ao Octávio Mangabeira deve ter um relato mais emocionante que o outro para contar. Assiste ao vídeo do lance, abaixo:
BAHIA: Jean, Odemilson, Missinho, Advaldo e Serginho; Maciel (Raudinei), Souza, Uéslei e Paulo Emílio; Zé Roberto (Naldinho) e Marcelo Ramos. Técnico: Joel Santana.
VITÓRIA: Roger, Rodrigo, João Marcelo (Gelson), China e Roberto; Dourado, Giuliano e Ramón; Alex Alves, Dão e Pichetti (Fabinho). Técnico: Sérgio Ramirez.
Árbitro: Márcio Rezende de Freitas (Fifa-MG), com Raimundo Nascimento e Wilson Paim (BA)
Renda: R$ 240.730,00
Público: 97.200 pagantes
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