Na última semana, o jornalista Bruno Queiroz, da rádio CBN Salvador, levou ao conhecimento da torcida tricolor que o empresário e conselheiro do clube Jefferson Nagata estaria trabalhando no Bahia, tendo direito a sala na sede administrativa do Tricolor, no Caminho das Árvores.
Como o estatuto proíbe que membros da diretoria executiva do clube façam parte do Conselho Deliberativo, a situação de Nagata estaria irregular, tal qual ocorria nas gestões passadas, quando até o presidente do órgão fiscalizador era remunerado pelo Bahia.
Após a denúncia do repórter e da repercussão do caso nas redes sociais, o empresário usou seu perfil no Facebook para prestar esclarecimentos, que podem ser vistos clicando aqui. No texto, o empresário informa que havia renunciado ao cargo de conselheiro no começo de dezembro, e que não recebe remuneração do clube.
Nesta terça-feira, o ecbahia.com entrou em contato com a assessoria de comunicação tricolor, que se limitou a informar que Nagata não faz parte do quadro de funcionários do clube. Pela tarde, após contato inicial por telefone, foram encaminhadas três perguntas para que o próprio empresário apresentasse sua versão dos fatos.
Em suas respostas, Nagata explica seu papel dentro da administração do clube e faz revelações sobre como as antigas lojas oficiais eram beneficiadas em detrimento às demais.
Confira:
O fato de você trabalhar no clube, ainda que de maneira voluntária, não lhe traria vantagens comerciais?
Trabalho para o Esporte Clube Bahia desde o dia em que, a convite da Diadora, abri a primeira Casa do Tricolor. Em 2007, não existia nenhuma loja especializada, focada nos produtos oficiais do clube. Por diversos motivos, sem explicação, a CT nunca foi prestigiada pelo clube, mas sempre manteve o compromisso de apenas revender produtos oficiais e licenciados.
Com isso, a marca Bahia não foi desvalorizada pois, em 2007, lembro que estávamos na Série C. Pelo contrário, não tenho dúvidas. A Lotto, por exemplo, quando veio para o clube, analisou a quantidade de pontos de venda, a qualidade e o potencial de cada ponto, e por isso sei que a CT ajudou e qualificou a marca, agregou um valor ao patrocínio, o mesmo aconteceu com a Nike/Netshoes.
Somente para ilustrar, em 2011, a CT foi a terceira maior revendedora de produtos Lotto do Brasil. Perdi apenas para Centauro e para o Grupo Paquetá, que revendiam toda linha da Lotto, salientando que a CT trabalhava apenas com produtos tricolores.
Estar atuando no clube pode trazer uma vantagem comercial, sim… Veja o exemplo atual das lojas ligadas ao clube. Nos contratos antigos, as lojas, além de contratualmente poderem comprar com descontos especiais, ainda tinham em média 60 dias de exclusividade. Ou seja, o mercado só tinha acesso a alguns produtos dois meses depois das lojas do clube. Ruim para o fabricante, que vendia menos, e ruim para o mercado, que era mal atendido, mas isso era uma vantagem para quem estava dentro do clube.
Hoje, se for feita uma consulta aos novos contratos de licenciamento de produtos, não existem mais estas cláusulas de descontos especiais e exclusividade. Todas as lojas são iguais e o mercado é que dirá quem pode auferir alguma vantagem especial ou não.
E os fabricantes não têm medo de investir em produtos tricolores porque sabem que terão muitos pontos de revenda e seu retorno de investimento mais rápido, gerando novos investimentos e circulo virtuoso de negócios com a marca do Bahia
Tento manter uma ética e uma decência que talvez não seja compreendida atualmente, mas durmo com o sentimento de dever cumprido com meus pares, meus funcionários, franqueados e minha Família.
A existência de funcionários do clube como membros do conselho era uma das práticas da antiga gestão mais criticadas. O fato de você ter permanecido por mais de dois meses acumulando os papéis não é contraditório?
Na verdade, o que aconteceu foi que, durante a intervenção, eu ajudei no projeto de associação em massa, tive uma participação ativa e, como todos sabem, o Bahia saiu de 600 e poucos sócios para mais de 12.000 em poucos dias. Se eu disser que estávamos preparados para isso, estarei mentindo, foi uma grata surpresa.
Lembro que em menos de 12 horas fizemos 7.000 sócios e isso foi notícia em todo mundo do futebol, mas vamos lá… Arrumar este programa, organizar, estabelecer as metas de atendimento, organizar os recebimentos, unificar as bases, sim… Unificar. No clube, existiam várias categorias de sócios – remidos, patrimoniais, beneméritos, TOB e mais agora o Sócio do Bahia.
Bom, me comprometi com o interventor que deixaria o projeto quando tivéssemos alguns parâmetros de atendimento e organização razoáveis. Semana que vem estaremos inaugurando a CAS (Central de Atendimento do Sócio) no shopping Capemi e este seria o final de meus serviços: a intervenção no clube. Não imaginei que levaria tanto tempo, nem que poderia ser útil ao clube em outros assuntos. Percebendo isso, me afastei do Conselho Deliberativo no dia 03/12.
Durante este período, tive a oportunidade de mostrar à diretoria que também sou capaz de auxiliar em outros assuntos. Trabalho no varejo de material esportivo há uns 20 anos e com a Casa do Tricolor desde 2007. Tenho uma boa experiência em licenciamento de marca/produtos e gestão de lojas, e esses assuntos são fundamentais para a Diretoria de Negócios.
Tenho trabalhado neste assunto e tento transferir esta minha experiência a funcionários do clube e, com isso, acredito que mais um tempo será demandado de minha participação por lá. Mas como voluntário, sem cargo e sem remuneração. Agradeço a Deus por hoje ter a condição de me afastar dos afazeres diários e me dedicar a um trabalho no clube que amo e que desejo ver ainda mais Forte e Triunfante.
Difícil neste momento do Bahia, onde há tantas demandas, não se envolver. Esta diretoria tem um 2014 com muitos desafios, um ano extremamente complicado, Copa do Mundo, campeonatos acontecendo mais cedo e tudo muito corrido. Me sinto muito orgulhoso em ter a oportunidade de auxiliar o presidente Fernando Schmidt. Se eu soubesse que teria esta oportunidade, tranquilamente nem me candidataria a Conselheiro.
Com sua renúncia ao cargo de conselheiro, sua ideia é se efetivar como funcionário remunerado de agora em diante ou permanecerá atuando voluntariamente?
Não tenho interesse em receber nada do clube, nem cargo, nem nada. Vou auxiliar no que puder, enquanto for necessário e o clube assim também julgar.
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