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Eles querem ser sócios, mas não conseguem

Notícia
Historico
Publicada em 13 de março de 2008 às 12:18 por Da Redação

Com o perdão do início de texto nem um pouco original, vale recorrer pela enésima vez à mais célebre frase do ex-governador Octávio Mangabeira, repetida reiteradamente durante o seu governo, na virada da década de 40 para 50. “Pense em algo excêntrico, inusitado, em algum absurdo qualquer: ele já aconteceu na Bahia”.

No caso, adaptemos-na ao Bahia, onde apesar dos R$ 45,974 milhões de dívidas que possui, segundo balanço de janeiro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), “a diretoria abre mão do dinheiro do torcedor com o único objetivo de se manter no poder”. Tão grave quanto antiga, a acusação, agora, não é dos grupos organizados de oposição, mas de uma série de tricolores que garantem não conseguir se associar ao clube, como o estudante Rafael Ribeiro, 19 anos, que cursa o primeiro semestre do curso de Publicidade.

Em que pese a impossibilidade de escolher o presidente azul, vermelho e branco, ratificada em recente reforma estatutária (que ignorou a antiga reivindicação da massa), a idéia é participar, de alguma forma, da vida política do Bahia. “Além de contribuir financeiramente, gostaria de ter a chance de votar na chapa do Conselho Deliberativo, que tem eleições em janeiro do ano que vem. Só assim para mudar algo lá”, explica.

Rafael compareceu à sede de praia tricolor, na Boca do Rio, para dar entrada no título de sócio patrimonial no dia 21 de dezembro de 2007. “Prometeram uma resposta em três dias úteis e, até hoje, não recebi nada de concreto. Apenas promessas de que na próxima semana tudo estaria resolvido”.

Segundo ele, que admite não procurar os responsáveis desde o final de fevereiro, as ligações eram quase que diárias para lá. “Primeiro, usaram como desculpa o recesso de fim de ano. Depois, o Carnaval. Até o falecimento de um parente do senhor Mário (Adorno, funcionário do clube), que teria precisado se afastar, eles alegaram”, diz Rafael, acrescentando que conhece pelo menos outras cinco pessoas que vivenciam a mesma situação.

LOUCURA – Uma delas é o amigo Éverton Torres, 19 anos, atualmente no quinto semestre de Direito e um dos mediadores da principal comunidade do Esquadrão de Aço no Orkut. “Dia 17 de dezembro fui à sede vestido parecendo Binha de São Caetano, para não duvidarem do meu sangue tricolor, com os devidos documentos e mais R$ 200, em espécie, para me associar”. E continua: “Chegando lá, um senhor me pediu para assinar a ficha de inscrição. Esta ficha seria analisada pela Comissão de Admissão de novos sócios e que, em 72 horas, me dariam a resposta. Já imaginando essa possível enrolação, deixei três números de telefone. Entretanto, ninguém me ligou. Que surpresa!”, ironiza.

Revoltado, Éverton solta o verbo para cima da direção: “Que burocracia é essa? Parece até loucura não aceitarem R$ 200 para ser sócio daquela pocilga, ainda mais para um clube falido e apequenado por esses caras. Sinceramente, com essa administração de 1931 o Bahia não vai para lugar nenhum. (…) A pior coisa que se pode fazer com uma pessoa é privá-la de ajudar o que ela ama”.

Para o torcedor João Paulo Wanderley, que também se considera no “grupo dos rejeitados”, uma visita à sede de praia é como uma facada na alma. “Ninguém na guarita, paredes com infiltrações, taças das conquistas de outrora amontoadas numa parede, papéis cheios de poeira…”, lamenta ele, há mais de dois meses aguardando a confimação de seu cadastro.

Mesmo assim, a despeito de todas os problemas do clube, “a cartolagem não quer largar o osso”, critica o estudante de Ciências Contábeis Caetano Ferreira. Ele mora na cidade de Riachão do Jacuípe, a 159 quilômetros de Salvador, e veio à capital exclusivamente para se associar ao Bahia. Em vão. “Por sinal, meu pai possui um título de sócio remido, já quitado, porém não consigo transferi-lo”, diz.

Único tricolor de uma família rubro-negra, o jovem Marcelo Filho, 18 anos, apareceu na sede em janeiro e até hoje nada. “Véi, é uma coisa de Missão Impossível! Não tem como, não. Os caras ficam ‘barreirando’. Querem manter a panela deles lá, que nem fizeram com o estatuto”, engrossa o coro.

SEM FICHA – As queixas reaparecem após dois anos de relativa tranqüilidade sobre o assunto. No começo de 2006, em plena semana de eleição do Conselho Deliberativo para o triênio seguinte, torcedores chegaram a falar que sequer havia fichas de inscrição no local.

Na época, a médica Cristina Pirajá e o amigo Marcelo Queiroz, residente no Rio de Janeiro, procuraram a imprensa para protestar. Mas, de acordo com o clube, tudo não passava de uma tática eleitoreira da oposição tricolor.

Matéria publicada originalmente, por esse mesmo autor, na edição desta quinta-feira 13/03/2008 do suplemento A Tarde Esporte Clube

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