é goleada tricolor na internet
veículo informativo independente sobre o esporte clube bahia

Diferentes correntes respondem perguntas de jornal

Notícia
Historico
Publicada em 12 de setembro de 2005 às 19:19 por Da Redação

“A torcida tricolor está inquieta. A partir de agora, o que o futuro reserva ao time mais popular do Estado? A TARDE procurou representantes de variadas correntes de pensamento do Bahia, com o objetivo de encontrar caminhos para tirar o clube do buraco. Foram quatro os tricolores ouvidos: Virgílio Elísio, diretor-técnico da CBF, ex-dirigente do Bahia e preferido para ocupar a presidência do clube, conforme enquetes promovidas por emissoras de rádio, TV e páginas na internet; Edmilson Gouveia, líder do movimento oposicionista Bahia Livre; Paulo Maracajá, ex-presidente, mas para muitos atual mandatário do clube; e Ademir Ismerim, conselheiro, pré-candidato ao cargo.

O banqueiro baiano Daniel Dantas, que comanda o Opportunity, instituição controladora do Bahia S/A, também seria ouvido. Porém, certamente ocupado com o depoimento que dará esta semana à CPI dos Correios, não foi localizado.

1- Qual a iniciativa mais urgente para reerguer o Bahia?
2- Em médio e longo prazos, quais as medidas necessárias para o clube?
3- De que forma a torcida pode ter participação mais ativa na vida do clube?
4- Há parcela de responsabilidade do Conselho Deliberativo na crise tricolor?
5- O rombo superior a R$ 50 milhões é administrável ou inviabiliza o Bahia?

Ademir Ismerim
1. Primeiro, é preciso equacionar as finanças do Bahia. Depois, tem que se pensar em alternativas para este período em que o time ficará sem atuar, além de identificar setores que possam ajudar. É bom que se tente viabilizar uma maneira de o Governo ajudar não só o Bahia como o Vitória, pois ambos são patrimônios baianos e não podem ficar à mercê da própria sorte.

2. Em médio prazo, temos que formar um time competitivo, com pés no chão e sem distorções salariais. Para o Campeonato Brasileiro, tem que reforçar o time, mas de forma inteligente. É melhor trazer cinco ou seis jogadores para serem efetivamente titulares do que contratar mais de 20 nomes, como esse ano. Tem que saber também qual a perspectiva do Opportunity, se eles querem vender a parte deles ou reverter essa parte em ações na bolsa. O banco tem que dizer o que quer.

3. O Conselho deve ter um representante de cada torcida organizada. Pode-se criar um conselho de torcidas organizadas, para que converse com a direção e o treinador, numa espécie de democracia tricolor. Promoções para a torcida, projetos de convidar crianças de escolas para assistirem a treinos e jogos, são ações possíveis. Acredito até que a torcida é capaz de fazer doações, desde que se preste contas e mostre a destinação do dinheiro.

4. Não concordo que o culpado seja Marcelo Guimarães. Ele teve ao lado um conselho, que deveria cobrar, mas se omitiu. O Bahia não pode ser presidencialista. O modelo é herança de Osório e Maracajá. O conselho precisa ser oxigenado, para que seus membros possam participar da vida do clube.

5. Dá para administrar. O clube pode desenvolver ações para contornar a situação. O Bahia tem patrimônio, jogadores para negociar, e até imóveis que podem ser dados de penhora, embora esta seja uma alternativa a ser evitada. Mas a dívida não assusta. O Bahia é muito maior que isso.

Edmilson Gouveia
1. A reestruturação do Esporte Clube Bahia em todos os âmbitos, começando pelo estatuto retrógrado. O momento é de diretas já. Tem que profissionalizar todos os segmentos do clube, do futebol ao administrativo, deixando de colocar a amizade como fator preponderante para nomear pessoas dentro do Bahia.

2. Num prazo mais longo, o torcedor tem que passar a ser tratado como cliente, como ocorre nos grandes clubes do mundo. No Bahia, as pessoas não tratam o futebol como um fim, mas sim apenas como o jogo seguinte. O Bahia precisa atuar em outros campos para ter um time forte. O manancial de arrecadação de receitas é grande. É importante renegociar o contrato com o Opportunity. Isso é possível, desde que se reformule o clube.

3. A torcida poderia participar mais se tivesse o direito de se associar ao clube. Mas o torcedor encontra uma série de restrições para se tornar sócio. Eu mesmo tento há oito anos e não consigo. Além disso, não há motivação para se associar, já que não há eleições diretas. Os dirigentes pensam nos sócios como uma máfia. Se for da família, entra. O que está acabando com o Bahia é esse pensamento homogêneo.

4. A responsabilidade é total. O Bahia é tratado como um feudo: não há pessoas capazes, há pessoas amigas. O conselho é responsável, junto com os administradores. Os culpados vão desde ACM e familiares até a empregada de Marcelo Guimarães, todos conselheiros. O conselho não se renova e 80% dos integrantes são os mesmos há décadas. A renovação só acontece quando um conselheiro morre ou pensa diferente dos dirigentes. A ação excludente é visível. O poder é mantido através de atitudes nazistas, eliminando quem não tem sangue maracajiano.

5. É administrável se houver mudanças estruturais, mudanças de atitudes e forma de ver o clube. O Bahia tem um rombo permanente de R$ 5 a 6 milhões por ano. Essa situação vai continuar até o banco decidir acabar a sociedade. No início da sociedade, em 98, a dívida do Bahia clube era de R$ 2,9 milhões. Hoje, passa de R$ 20 milhões, ou seja, cresceu 100% ao ano desde então.

Paulo Maracajá
1. A união de todas as correntes do clube.

2. Repensar o Bahia, dialogando com todos os setores do clube. Os sócios e integrantes de torcidas organizadas também devem participar na discussão sobre o que é melhor para o futuro do clube.

3. Tem diversas medidas que o departamento de marketing pode adotar para potencializar a marca Bahia. Também se pode fazer a listagem completa dos sócios, para que, aqueles que não estão em dia com suas mensalidades, voltem a pagar. Podem-se abrir lojas na sede de praia, vendendo diversos produtos com a marca do clube. Na verdade, é preciso ter uma ampla discussão sobre isso. É importante a criação de uma ouvidoria, para criar um canal de contato melhor com o torcedor, além da figura do sócio-contribuinte, diferente do sócio-patrimonial. Sou a favor das eleições diretas para presidente, com os sócios votando. Os estatutos do clube são de 1981 e precisam de adequações.

4. Acho que é injusto ficar apontando culpados. Todos que militam no clube têm sua parcela de responsabilidade. O conselho tem 310 integrantes. Às vezes, muitos se equivocam, pensando que estão fazendo o bem. Mas esse é um assunto que deve ser tratado dentro do clube.

5. Não estou a par desse assunto, pois não estou vivenciando o clube. Saí do clube em 27 de março de 2003, quando me desentendi com Marcelo Guimarães. Nesses dois anos e meio, só voltei ao Fazendão quando foi inaugurado um campo com meu nome, em setembro do ano passado.

Virgílio Elísio
1. A primeira coisa a fazer é unir todos os setores, num grande pacto de união pelo clube, com todos colaborando como puderem. É preciso fazer um planejamento estratégico, como ocorre em uma empresa. O Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, passou por situação difícil, mas voltou a liderar seu setor após se reorganizar. É necessário seguir o caminho da boa gestão empresarial antes de tudo.

2. Em médio e longo prazos, é preciso discutir e encontrar meios que assegurem a formação de um time com possibilidades reais de chegar e ganhar. Para isso, tem que ser feita a reengenharia financeira do clube. Como está, o Bahia não tem como sobreviver. Um clube dessa expressão não pode viver só de receitas de bilheteria e TV. O investimento nas divisões de base tem que continuar. É necessário procurar sócios, que podem até não ser sócios formais, mas investidores profissionais, que busquem retorno financeiro de suas aplicações no clube e estejam dispostos a correr riscos.

3. A torcida é nosso maior patrimônio e o único setor que não tem culpa dessa situação. Uma das iniciativas para ela se aproximar mais do clube é organizar ações de marketing, transformando torcedores em clientes. Também importante é promover eleições diretas. Vivemos num País democrático, o Bahia não pode ser diferente.

4. Nesse particular, não responderei. Mas acho que é um processo histórico, que não começou no ano passado. Achar que Marcelo Guimarães é o culpado é muito simplista. O momento atual começou como uma doença que não se dá importância, mas vai crescendo. Acho difícil apontar culpados. Melhor concentrar energia na reconstrução do Bahia.

5. É possível resgatar essa situação. Mas tem que se fazer um plano estratégico de longo prazo. A dívida externa do Brasil, muito maior que esse valor, está sendo paga. Agora, se não há estrutura de planejamento para equacionar a dívida, aí vale a segunda opção: o Bahia fica inviabilizado”.

comentários

Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.

enquete

Qual deve ser a dupla de ataque do Bahia?
todas as enquetes