Desabamento da Fonte Nova completa 1 ano

“Eu vi um menino correndo, eu vi o tempo, brincando ao redor do caminho daquele menino…“. Os versos da música Força Estranha, do baiano Caetano Veloso, ilustram bem a história de Júlio.

Ele é filho de Dona Edileuza e de Anísio Marques, um dos sete mortos na tragédia da Fonte Nova, que nesta terça-feira, 25, completa um ano, sem que os culpados tenham sido punidos. Quando o pai morreu, o garoto tinha apenas seis dias de vida, mas a mãe tratou de passar para ele uma herança: torcer pelo Esporte Clube Bahia.

Assim como a família de Anísio, as outras seis carregam na memória aquele fatídico dia 25 de novembro de 2007. E quem sobreviveu também não esquece os momentos de angústia após o desabamento de parte de um lance de arquibancadas do Estádio Octávio Mangabeira, abrindo um buraco por onde despencaram dez pessoas.

Até que seus entes queridos chegassem em casa ou telefonassem avisando que estava tudo bem, muita gente não conseguiu pregar os olhos. A ascensão do Bahia para a Série B, que era para ser uma grande festa, ficou em segundo plano.

Quem não sabia da tragédia pulava de alegria, embalado pelos acordes dos trios elétricos, próximo ao Dique do Tororó. Mas, assim que a notícia se espalhou, a música deu lugar ao desespero. Com a superlotação do estádio, outros acidentes – menos graves – acabaram acontecendo e as pessoas caíram na real, procurando informações sobre os parentes.

A Justiça até hoje não determinou quem ou quais foram os culpados pela tragédia. Os processos estão correndo e, como sempre acontece no Brasil, de forma vagarosa.

Algumas famílias já receberam as indenizações, outras precisam resolver pendências burocráticas. Palco da tragédia, a Fonte Nova continua interditada e o governo deseja reformá-la para ser uma das sub-sedes brasileiras da Copa do Mundo de 2014.

A Tarde