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Confira um especial sobre Viola. Não deixe de ler!

Notícia
Historico
Publicada em 28 de janeiro de 2005 às 00:05 por Da Redação

O texto abaixo se encontra na seção “Ídolos” do portal Gazeta Esportiva.Net. Trata-se da abertura de um especial feito pelo jornalista Daniel Fernandes sobre a carreira de Paulo Sérgio Rosa, o Viola.

O artilheiro da alegria (e da tristeza)

Responda rápido: Viola é amado ou odiado pelas torcidas dos clubes que defendeu ao longo de sua carreira? Pergunta difícil para palmeirenses, corintianos, santistas e vascaínos.

O atacante sempre se dedicou com afinco ao seu legado de marcar gols. Por isso, despertou amor. Mas Viola também sempre provocou ódio. Típico personagem da história da bola – menino pobre de periferia que alcançou sucesso e fama -, Viola é talvez o maior anti-herói do futebol brasileiro.

Desde que explodiu, em 1988, Viola experimentou muitos sentimentos em sua vida e carreira: Sorriu e chorou. Ganhou e perdeu títulos. Entretanto, o atacante nunca deixou de lado a polêmica e a capacidade de autopromoção.

Quem sabe, não foram estas mesmas características de sua personalidade que contribuíram para o fato de ninguém saber ao certo se ama ou odeia Viola. A verdade é que o atacante, digamos assim, vive intensamente cada momento de sua vida no futebol brasileiro.

Ascensão meteórica

O titular Edmar não poderia jogar a final daquele Campeonato Paulista de 1988. O atacante estava com a seleção brasileira na Olimpíada de Seul. Dessa forma, a quem recorrer para a difícil tarefa de substituir um dos craques do Corinthians em uma final? Chegou-se a conclusão que o melhor era um garoto dos aspirantes do clube. A escolha mostrou-se correta.

O atacante, aos cinco minutos do primeiro tempo da prorrogação, fez o gol que deu o título ao Corinthians. Mais do que isso, Viola explodiu e passou a ser amado pela torcida mais apaixonada do futebol brasileiro. “Após aquele gol maravilhoso no Brinco de Ouro, diante do Guarani, no dia 31 de julho, surgiu o Viola para o futebol e para os torcedores. Era apenas um garoto de 18 para 19 anos que buscava espaço”, lembrou o jogador para A Gazeta Esportiva, em janeiro de 1998.

De fato, Viola nasceu para o futebol brasileiro. O atacante deixou o Jardim Elisa, extremo norte da cidade de São Paulo, para ser conhecido em todo o Estado. “Olha lá, o cara que marcou o gol do título”, diziam muitos corintianos orgulhosos pelas ruas quando reconheciam Viola. No fim da década de 80, o atacante começava a deixar no passado o aterrorizante zunido de balas perdidas, a trilha sonora da violência que integrava o cotidiano do menino pobre.

E agora Viola?

O gol contra o Guarani deu espaço para o atacante no Corinthians. Mas ao lado da posição de titular, surgiu a responsabilidade de marcar gols. E Viola não estava preparado. Os três anos que se seguiram foram os piores da carreira do jogador, que deixou o Corinthians para atuar pelos desconhecidos São José e Olímpia, clubes do interior do Estado.

Em 1989, ainda no Corinthians, Viola chegou a atravessar um jejum de mais de três meses sem marcar. Verdadeira tortura para o atacante. “Fiquei 101 dias sem fazer gols e fui chamado de artilheiro de um gol só”, falava Viola. Depois de receber carinho, o atacante conheceu a faceta menos afável da torcida mais apaixonada do Brasil. “Tive muitas dificuldades porque a Gaviões da Fiel cobrava bastante. E a cobrança foi grande porque eu era jovem e a torcida achava que o Viola marcaria cinco ou seis gols no próximo jogo.”

Viola não suportou a pressão e disputou o Campeonato Brasileiro do ano seguinte pelo São José. Depois, jogou no Olímpia. O cotidiano menos glamuroso dos clubes pequenos fez o atacante amadurecer e aprender com jogadores mais experientes.

Em 1992, tudo mudou

Viola voltou para o Corinthians e, literalmente, caiu nos braços da Fiel. Mais experiente, o jogador se impôs um desafio que soava até prepotente. “Coloquei na cabeça que eu poderia servir à seleção brasileira na Copa dos Estados Unidos. Era só mostrar em campo”, afirmou.

E o atacante conseguiu concretizar o sonho de defender o Brasil. Voltou a ter destaque ao ser incluído na lista final de Carlos Alberto Parreira e lá se foi o menino pobre nascido na Vila Brasilândia para mais um capítulo de sua vida. O Brasil conquistou o tetracampeonato e Viola quase voltou dos Estados Unidos como herói nacional.

O atacante atuou apenas nos últimos 15 minutos do segundo tempo da prorrogação contra a Itália, na final. E por algumas vezes, diante de cansados zagueiros, Viola teve a chance de marcar o gol do título. Não conseguiu, mas isso não impediu o jogador de comemorar como uma criança a conquista do importante campeonato.

Uma curta carreira internacional

A Copa do Mundo de 1994 fez de Viola um atacante conhecido em todo o mundo. E não demorou para o Corinthians vendê-lo para o Valencia, da Espanha. O atacante poderia ver na Europa a sua carreira crescer ainda mais.

A ausência da convivência com a família e da “comidinha” brasileira, entretanto, fizeram o jogador desistir rapidamente do sonho de atuar no exterior. “Tive problemas de adaptação e alimentação. Nunca tinha ido para a Europa e saído de perto da família. Pintou saudades de casa”, avaliou o jogador.

Viola voltou para o Brasil, desta vez para o Palmeiras. E o desafio de defender o principal rival do Corinthians parece não ter feito bem ao atacante. Ele não decepcionou, mas também não arrancou suspiros dos palmeirenses. A falta de um bom relacionamento entre o jogador e a torcida abreviou a permanência de Viola no Parque Antártica.

Cidade nova, vida nova

Viola foi contratado pelo Santos em 1998. E a maresia fez bem ao atacante, que já chegou fazendo barulho na Vila Belmiro. No dia de sua apresentação, por exemplo, usou um helicóptero como meio de transporte até o lendário estádio do Peixe.

E Viola fez bem mais do que promover sua apresentação. O atacante fez muitos gols e despertou a paixão do torcedor santista, carente por conquistas importantes. O atacante conquistou pela primeira vez a artilharia do Campeonato Brasileiro, em 1998, com 21 gols e conquistou com o Peixe o título de campeão da Copa Conmebol. Muito para um time que desde 1984 não comemorava nem sequer um Campeonato Paulista.

A excelente temporada não apagou a péssima campanha do atacante um ano depois. De maneira geral, todo o Santos estava mal naquela temporada. Mas Viola exagerou. Criticado por torcedores que acompanhavam o treinamento do Santos no CT Rei Pelé, Viola perdeu a compostura e partiu para cima dos torcedores.

A confusão tornaria a permanência de Viola no Peixe insustentável. E a torcida nem queria saber do artilheiro. Viola se transferiu para o Vasco, onde também jogou bem, conquistando a Copa Mercosul e a Copa João Havelange em 2000.

Viola voltou para a Vila Belmiro em 2001. Desta vez, o mau tempo impediu o jogador de aterrissar de helicóptero. Só que Viola surpreendeu mais uma vez, ao chegar de limusine. Em sua segunda passagem pelo Santos, entretanto, o jogador não mostrou a mesma eficiência. E novamente deixou o Santos envolto em polêmica com torcedores.

Atualmente, o jogador defende o desconhecido Gaziantepspor, da Turquia, sexto colocado no último campeonato nacional. Está isolado. O artilheiro que adorava a mídia está sumido, tratando de jogar o seu futebol e concretizar a sua independência financeira. Será este o último ato da carreira de nosso anti-herói? Possivelmente não. Viola ainda tem energia para aprontar muitas e cumprir uma antiga promessa: a de jogar até os 60 anos.

O artilheiro que anda armado e que gosta de rap

Viola cresceu na periferia de São Paulo. Talvez a presença de violência no cotidiano do jogador tenha condicionado o atacante a adquirir o hábito de andar armado desde os 15 anos, quando nem sequer tinha idade para obter o porte de um revólver ou pistola.

Atualmente, Viola diz ter uma pistola calibre 380. Entretanto, o jogador faz questão de lembrar que está totalmente legalizado e se diz um colecionador, lembrando que possui quatro armas. O atacante afirma que nunca usou qualquer arma. E revela que já se envolveu em brigas quando estava armado, mas que preferiu resolver a confusão “no braço”

A infância pobre também fez o jogador adquirir gosto pela música de protesto. O rap visceral do Racionais está sempre tocando na casa ou no carro do jogador, que se declara amigo do vocalista da banda, Mano Brown. V iola também se declara apaixonado por samba e diz que gosta de Zeca Pagodinho, Dudu Nobre e Jorge Aragão.

Aventura na terra de Constantinopla – Viola se preparou para encarar mais um desafio na sua carreira, ao aceitar a proposta do desconhecido Gaziantespor. O time, fraco, jamais poderia sonhar com uma conquista nacional, devido à força dos concorrentes Fenerbahce, Galatasaray e Besiktas. Não importava para o matador: a independência financeira e a possibilidade de vencer na Europa eram atrativos suficientes.

Na primeira temporada, futebol modesto e adaptação. Na Segunda temporada, Viola briga pela artilharia do campeonato. Para o jogador, não importa: no Brasil, na Espanha, na Turquia, sua simpatia e carisma continuam atraindo torcedores, e suas comemorações debochadas fazem a alegria dos fãs de futebol”.

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