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Centroavante mostra língua afiada em bate-papo

Notícia
Historico
Publicada em 25 de fevereiro de 2005 às 17:09 por Da Redação

Na manhã desta sexta-feira, o portal Pelé.Net publicou uma entrevista realizada pelo repórter paulista Jean Santos, da agência de notícias MBPress, com o atacante Viola. Segue a íntegra matéria:

“Polêmico e falastrão. Esses sempre foram os adjetivos mais atribuídos ao centroavante Viola. Seja por suas comemorações criativas ou por falar o que pensa, o jogador sempre foi assunto na mídia e teve destaque nas manchetes dos jornais.

E o novo jogador do Bahia mostra que a língua continua afiada. “Não tenho a mínima vontade de jogar no Corinthians. Acabaram com o clube. Não existe respeito pelas pessoas que fizeram a sua história”, disparou, em entrevista exclusiva ao Pelé.Net, ao se referir ao time que o projetou, em 1988.

“Nunca fui tão humilhado, tão mal tratado enquanto profissional como fui no Guarani. Tentaram me fazer de bandido. Eu sinto nojo daquelas pessoas”, continuou, ao ser perguntado a respeito do último clube.

Apesar do rebaixamento do Guarani, em 2004, Viola foi o artilheiro do Bugre na competição com 10 gols, mesmo sem atuar em boa parte dos jogos – ele teve problemas com a diretoria e foi afastado.

Para dar a volta por cima e voltar às manchetes como no passado, o herói do título estadual do Corinthians em 1988 transferiu-se para o tricolor baiano, e sabe que para atingir tal objetivo é preciso ganhar as competições que disputa.

Aos 36 anos de idade, quase 17 de futebol profissional, e em outro momento de sua carreira, o maduro Paulo Sérgio Rosa, o Viola, fala ainda sobre a possibilidade de encerrar a carreira e de seus objetivos no atual clube, além de desmentir que tenha voltado da Espanha em 1997 por sentir falta do arroz com feijão brasileiro.

Depois de defender clubes de São Paulo, você se transferiu para o Bahia. Quais são os seus principais objetivos no clube e por que você aceitou o convite de jogar no Nordeste?
Meu principal objetivo aqui no Bahia é voltar a ser campeão, já que faz um bom tempo que não sei o que é ganhar títulos [os últimos foram a Copa João Havelange e a Copa Mercosul, em 2000, pelo Vasco]. Com relação ao convite, essa foi a terceira vez que o Bahia tentou me contratar e agora aceitei. O clube tem uma boa estrutura e um projeto de conquistar títulos, o que certamente já teria acontecido se eu estivesse aqui ano passado, pois o que faltava era alguém para empurrar a bola para as redes.

No último dia 22 de fevereiro, o Djalminha anunciou sua aposentadoria no futebol. O que você acha disso? E você, quando pensa em parar?
Eu acho cedo para ele ter parado. Não sei quais são as condições dele, mas acho muito precoce, principalmente pelo talento que ele tem. Agora, eu não vou parar tão cedo. Tenho uma musculatura forte, nunca tive problemas graves de joelho ou tornozelo e me sinto bem. Então, não tenho motivos para parar.

Você teve uma passagem cheia de problemas no Guarani ano passado, o que realmente aconteceu?
Olha, eu nunca fui tão humilhado, tão mal tratado enquanto profissional como fui no Guarani, quer dizer, pelos dirigentes do Guarani. Tentaram me fazer de bandido. Eu sinto nojo daquelas pessoas, cheguei até a receber cheque sem fundo.

Mas o que ocorreu de fato?
Primeiro deram férias para mim e outros jogadores, depois nos afastaram por um mês e meio. Eu continuei treinando nos horários determinados. Aí nos reintegraram e quando nos apresentamos não podíamos jogar, pois tínhamos sido afastados outra vez. Uma palhaçada.

Alguns jogadores que passaram por grandes clubes, atualmente estão defendendo equipes de centros menos importantes do futebol nacional. É o caso do Marcelinho no Brasiliense e do goleiro Ronaldo na Portuguesa Santista. Qual é a idéia, voltar a um clube de São Paulo ou Rio de Janeiro?
Olha, eu não preciso provar mais nada para ninguém, muito menos preciso de vitrine alguma. Jogo no Bahia, que é um grande clube, e quero ser campeão.

Mas o Ronaldo sempre que dá uma entrevista diz que tem como objetivo voltar a um clube de expressão?
O Ronaldo está meio pirado, é como se ele estivesse vagando por aí depois que saiu do Corinthians. O cara é corintiano roxo e na época que jogava lá [no Corinthians], ele recebeu propostas do São Paulo e do Palmeiras para ganhar bem mais e não aceitou. Hoje para entrar no Corinthians ele precisa de autorização, é uma sacanagem o que fizeram com ele.

Mas se hoje o Corinthians quisesse te contratar, você iria?
Não! Hoje não tenho a mínima vontade de jogar no Corinthians. O clube mudou muito, não tem respeito pelas pessoas que fizeram a sua história. O Biro Biro para entrar lá precisa de autorização e ainda pagar o estacionamento.

Por que essa mudança?
Porque lá só tem pessoas que não sabem o que representa o Corinthians. Eu cheguei lá quando aquilo era uma favela, no bom sentido, e era muito gostoso, era uma família. Hoje não tem mais aquele clima e todos os funcionários antigos do clube foram mandados embora. Acabaram com o Corinthians.

Acontece muito dos jogadores brasileiros se transferirem para Europa e voltarem rapidamente ao Brasil por não jogarem ou por não se adaptarem ao novo país. Como você vê as transferências dos brasileiros para times da Europa?
O jogador tem que ir mesmo. É a chance que o cara tem de fazer o seu pé-de-meia e conseguir sua independência financeira. É muita grana, não dá para recusar esse tipo de convite.

Mas até hoje você é citado como exemplo de má transferência pela curta passagem que teve no Valencia, da Espanha. Sempre dizem que você não se adaptou à comida espanhola, considerada uma das melhores do mundo.
Na verdade, o que aconteceu foi que na época, após uma partida, uma repórter da TV Globo estava na Espanha e queria que eu falasse com ela rapidamente, mas eu não podia porque estava atendendo a imprensa local. Depois ela gravou umas declarações minhas e na edição acabou usando só as frases que eu falei em relação às dificuldades de adaptação. Por isso ficou essa imagem que não me adaptei à comida e ao país.

Então por que você voltou tão rápido?
Aí é que está, ninguém quis saber a verdade, o verdadeiro motivo. Eu voltei porque na época recebi uma proposta milionária da Parmalat e não dava para recusar. Lá na Espanha eu pagava 54% de imposto de tudo que recebia. E a Parmalat me ofereceu o dobro do que eu ganhava e livre de imposto. Não pensei duas vezes e voltei.

Agora, e os jogadores que deixam o Brasil para jogar em países que não têm expressão no futebol, como Rússia e Turquia, por exemplo. O que acha disso, já que você defendeu o Gaziantepspor, da Turquia?
O nosso futebol está falido. Aqui a gente joga correndo risco de vida, sem segurança nenhuma. Por que os pilotos de Fórmula 1 ganham milhões? Por que os jogadores na Europa ganham uma fortuna? Porque você se expõe, corre risco de vida mesmo. Aqui, você não sabe se vai receber no final do mês, os campos estão cheios de buracos. Então, quando o cara recebe uma proposta milionária para jogar em outro país, ele não pensa se é um lugar que tem o futebol conhecido ou não, ele quer saber é da grana que vai ganhar.

Mas isso [transferência de jogadores] vem ocorrendo cada vez mais cedo. Atletas ainda jovens são negociados sem mesmo terem ficado conhecidos aqui no Brasil. Por quê?
Porque nosso futebol está mesquinho, pobre. Os clubes deixam de pagar R$ 20 mil a um jogador para pagar R$ 1 mil a um garoto e depois vendê-lo para fora do país. O sonho de qualquer dirigente é vender os jogadores e ganhar dinheiro, não tem outra preocupação. Fora que, na minha época, a garotada respeitava os mais velhos. Hoje, xingam você e dizem que eles são o futuro, que você já está velho e já deu o que tinha de dar. E isso é culpa dos empresários e dirigentes, que falam para o moleque: Olha, vai lá e arrebenta que a gente vai te vender”.

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