Real Madrid? Milan? Quiçá Santos ou São Paulo? Pelo menos são sobre times como esses que o torcedor imagina estar lendo ao se deparar com as recentes matérias da assessoria de imprensa do Bahia. Tal qual a película Matrix, parece que no Fazendão há uma realidade paralela onde os tricolores vivem numa espécie de faz-de-conta. Sem problemas, o Esquadrão esbanja sucesso e possui “uma imagem extremente positiva perante o público”… Será?
Não é isso, todavia, que se vê por toda a Soterópolis, que comemora seu 456º aniversário sem as outrora usuais camisas tricolores pelas ruas. As pessoas têm deixado de debater o Bahia e, quando o fazem, é com gozação e uma triste ironia. A indignação chegou às arquibancadas da Fonte Nova, vazias em 2005, sempre ostentando faixas de cabeça para baixo e agora também de protesto (pedindo por “Diretas Já”), além de coros revoltados.
Na Internet, então, nem se fala: basta dar uma breve olhada nas inúmeras listas de discussão de e-mail e no próprio Fórum ecbahia.com.br, sem falar nas colunas e enquetes do site. Em pesquisa veiculada no último dia 6, por exemplo, após mais uma derrota para o “todo-poderoso” Ipitanga, nada menos que 92% dos participantes disseram realmente achar que o Esporte Clube Bahia está acabando. A situação é seríssima e precisa ser encarada de frente pelos que dão impressão de habitar o País das Maravilhas.
Especulando acerca do pleito eleitoral de 22 de julho, apenas 4% num universo de quase 2.500 leitores votariam pela manutenção do ex-deputado Marcelo Guimarães, que terminou atrás inclusive da opção “Outro”, indefinida de propósito. Mas o pior é que enquanto eles exaltam o marketing tricolor, a equipe segue sem um uniforme decente há quatro meses. E sem qualquer fornecedor de material esportivo (mesmo na teoria!), há duas semanas. Como pode, depois de ter “ganho prestígio e respeito nacional com uma espetacular campanha na Série B 2004”? Que oxímero é esse?
Segundo a comunicação vinda de Itinga, “é por esse trabalho de investimento sério e racional, que dissemina a imagem de um clube moderno, antenado às evoluções de um mundo globalizado e informatizado, vanguardista, bem administrado, e vencedor, que o Bahia atribui o fato de ser o clube de futebol mais lembrado pelo público baiano e, merecidamente, ganhador do prêmio Top Of Mind. É a prova e o reconhecimento da competência e do trabalho honesto e bem sucedido dessa administração”. Por que não divulgar também que, de acordo com seu mais recente balanço, está devendo cerca de R$ 30 milhões?
E já que no futebol o time principal não levanta nenhum troféu desde 2002, a assessoria nos lembra do importantíssimo pentacampeonato baiano de Basquete Sub-22. Ah, então tudo bem! E conta que “o trabalho infra-estrutural trouxe excelentes resultados dentro de campo. Sob o comando de Marcelo, o Bahia já conquistou quatro títulos Estaduais, dois Campeonatos do Nordeste e esteve por duas vezes entre os finalistas do Campeonato Brasileiro, o mais difícil e disputado do planeta”… O detalhe é que foram somente três taças no Baianão – devem ter se confundido e realizado alguma conta errada, em virtude da quantidade exorbitante.
Isso é de menos, um nada comparado ao fato de o Esquadrão figurar 4 dos 8 anos da gestão MG na Segundona Nacional. E seria mais, caso não houvesse a malfadada virada de mesa em 2000. Esqueçamos também as goleadas históricas sofridas em plena Fonte Nova e o 6 a 2 no Barradão, além da “laranjada” de 99 e a estranha vaga recebida da Catuense para a Copa do Brasil. De nada adiantou, fomos eliminados, de forma inédita, ainda na Primeira Fase. Tão inédito quanto o cada vez mais próximo tetra estadual do arqui-rival.
Aliás, para quê tanto pessimismo, se contamos com a mística da estrela tricolor? Ela sempre brilha e nos ajuda! Para quê ser tão apocalíptico se o discurso oficial assegura que estamos bem?
Deve ser porque o radical, lunático e hiperbólico autor deste texto não tenha sido atingido pelo Complexo de Poliana…
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