De Daniela Leone, para o Correio desta segunda-feira:
“Paulista, Thiago Ribeiro sempre jogou no Brasil em clubes do Sudeste e, pela primeira vez, está vivenciando o futebol nordestino. O atacante de 30 anos tem contrato com o Santos até dezembro de 2017 e ficará emprestado ao Bahia até o fim do vínculo com a equipe paulista. Tempo suficiente pra brigar pelas taças do Baiano e do Nordestão, além de jogar a Série B pela primeira vez na carreira, comemorar o acesso e defender o tricolor na Série A. Este é o plano dele.
Em Salvador desde março, Thiago Ribeiro pretende morar com os pais em uma casa em Busca Vida, no Litoral Norte. Por enquanto, está hospedado em um hotel na Pituba. Foi lá que ele recebeu o CORREIO. A entrevista exclusiva com o atacante que já defendeu Rio Branco-SP, São Paulo, Cruzeiro, Santos e Atlético-MG, além de Bordeaux (França), Al-Rayyan (Catar) e Cagliari (Itália), você confere a seguir.
Fonte: Mauro Akin Nassor/Correio
O que você espera da dupla com Hernane no ataque?
A gente pode se completar muito bem, porque ele é um camisa 9, um jogador de área, aquele do último toque, que a bola passa por ele num cruzamento e ele está ali pra finalizar. Já eu jogo mais pelos lados do campo, flutuando pelo meio também, tentando receber a bola nas costas do volante, naquela região perigosa, pra que eu possa girar e criar um perigo para o adversário.
Procuro jogar em velocidade, chegando de trás em uma diagonal para surpreender. A característica do Hernane é uma e a minha é outra e isso pode ser muito benéfico para o Bahia, até porque somos jogadores que se completam. Espero que tanto eu como ele consigamos fazer grandes jogos e gols. Não quero apenas fazer gols, sou um jogador que procuro sempre dar assistências e de movimentação para atrair a marcação. A gente tem tudo pra fazer uma grande temporada.
Qual foi o parceiro de ataque que mais funcionou ao seu lado?
Joguei com vários jogadores na minha carreira, mas acredito que o que a gente conseguiu ter um entrosamento legal, também por ter jogado mais tempo juntos, foi Kléber Gladiador, no Cruzeiro. Minha característica de jogo é diferente da dele, então se encaixava bem.
Seu primeiro gol com a camisa do Bahia não saiu ainda. Existe ansiedade ou cobrança por ele?
Eu me cobro. Tenho a expectativa de marcar gols, porque sou atacante e quero marcar o meu primeiro pelo Bahia, mas é uma expectativa boa. Não fico ansioso a ponto de atrapalhar. Sou um jogador experiente, tenho 30 anos. Já passei por momentos que a bola não estava entrando, que eu fazia tudo certo e a bola pegava na trave ou o goleiro tirava com a ponta dos dedos. Já passei por isso e também por momentos em que você chuta errado e a bola entra. Sei como funciona o futebol. O importante é que eu tenho me movimentado bem e participado dos jogos. Ao natural a bola vai sobrar e eu vou fazer o gol.
Como está sua forma física?
Fisicamente estou muito próximo de estar 100%. Lá no Atlético-MG, antes de vir pra cá, no meio da pré-temporada, eu tive uma lesão muscular na coxa e fiquei 40 dias sem jogar. Ou seja, minha pré-temporada eu praticamente perdi, quando voltei tive que fazer uma nova, e não tive ritmo de jogo, só estou pegando agora. Preciso de seis jogos para ganhar ritmo de jogo e chegar na forma física ideal.
Qual é a diferença de jogar no Sudeste e no Nordeste?
Para conseguir ter sucesso nos clubes fora do eixo Rio-São Paulo tem que se esforçar muito. É um desafio maior. Dá para se apegar a um exemplo do ano passado, daqui no Nordeste, que é o Sport. Durante um bom tempo do campeonato o Sport foi uma das atrações da Série A. E o Bahia, por ser bicampeão brasileiro e pela torcida que tem, dá pra almejar isso também, subir pra Série A e ter um ano de destaque.
Por que veio para o Bahia?
Tive sondagens de clubes de outros estados, inclusive do Rio de Janeiro. No próprio Santos, o treinador Dorival Júnior queria a minha volta, mas por políticas do clube, que estão acima do treinador, não foi possível que eu retornasse. O Ney Pandolfo (diretor de futebol) me ligou e me explicou o projeto do Bahia de construir uma equipe forte pra conseguir o principal objetivo do ano, que é o acesso à Série A, e já montar um time forte pra ter uma base formada pra próxima temporada. Isso me chamou a atenção. O pensamento não é apenas de subir.
Qual foi sua impressão até agora da torcida do Bahia?
A torcida do Bahia é muito fanática, apaixonada pelo clube, exigente, e isso eu gostei bastante. Uma coisa legal também é a rivalidade. Já passei por cidades que têm dois clubes e isso de ter a cidade dividida é gostoso. Gostei bastante do calor da torcida.
Pode dar Ba-Vi na final do Campeonato Baiano. Como o clássico mexe com você?
Rivalidade é sempre bom e um clássico numa final é motivante pra qualquer jogador. Quando se ganha um título em cima do rival, a alegria do torcedor é muito maior. Indo para a final, com o Vitória ou com o Juazeirense, eles vão ter que tirar nossa vantagem. Tivemos a melhor campanha e agora é a hora de tirar proveito. Mas nós temos que passar pelo Fluminense e o Vitória tem que passar pelo Juazeirense.
Você vai jogar a Série B pela primeira vez. O que imagina da segunda divisão?
O que eu conheço da Série B é de assistir a alguns jogos. A Série A é tecnicamente mais rica, mas a gente tem que passar por cima das dificuldades, eu tenho que me adaptar. Acredito que, pela grandeza do Bahia e pelo estádio de Copa do Mundo que a gente tem pra jogar, dá pra fazer uma Série B apresentando futebol de Série A.
Você já jogou em três clubes no exterior. Ainda pretende atuar fora do país?
Eu ainda tenho 30 anos e pretendo jogar até os 37 ou 38 se estiver bem fisicamente. Se pintar uma oportunidade futuramente de jogar no exterior é uma oportunidade que eu não descarto. Faz parte dos planos, até porque já estou com 30 anos. Se pintar algo bom, claro que eu tenho interesse, mas eu tenho contrato com o Bahia até 2017 e o meu foco total é aqui. Quero fazer uma grande passagem e gravar o nome na história do clube.”
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