Fonte: Felipe Oliveira / EC Bahia
O Bahia já começou a se movimentar para o retorno dos treinamentos na Cidade Tricolor, depois de três meses de paralisação total no futebol em função da pandemia de coronavírus no mundo. O impacto causado no futebol é visto com preocupação por Roger Machado no retorno dos treinos, das competições e no futuro dos clubes.
Em live realizada no canal do jornalista Mauro Cezar Pereira, no Youtube, Roger Machado abordou temas como a pandemia, racismo, retorno das atividades e trabalho no Bahia.
Perguntado sobre como vê a paralisação, Roger afirma que o retorno dos jogos é inviável no Brasil nesse momento e que o impacto da pandemia continuará a ser sofrido por clubes mesmo após a volta das competições.
“Tenho visto com bastante preocupação. Acho que não há espaço para retorno imediato do futebol nesse momento. Acho que isso todos nós concordamos. (…) Viajo para Salvador nessa quarta-feira (já está na cidade) para a gente organizar os testes, com todo cuidado, imaginando também que o retorno dos jogos não vai acontecer imediatamente. Os números estão aumentando. A gente tem a preocupação quanto à indústria do futebol, na medida do possível tentar preservar o maior número de empregos nos clubes brasileiros que já têm em sua maioria dos casos orçamentos muito apertados. O Bahia é um dos casos em que vem bem administrado nos últimos anos e tem conseguido lidar com isso. Mas eu vejo que os problemas do futebol não vão acabar no retorno e vão se agravar, porque vai haver uma crise mundial e terá consequência no esporte de modo geral”, avaliou o técnico.
Cenário atípico de retorno aos treinos
Roger Machado citou as dificuldades que devem ser encontradas por jogadores e também pela comissão técnica na volta dos treinos, uma vez que os atletas estão sem treinar normalmente há 90 dias.
“É um cenário que eu não enfrentei ainda. Uma coisa é quando é atleta e está retornando de lesão, com dois a três meses sem fazer atividades. Nós atualmente vamos a 90 dias sem trabalho, embora os atletas estejam sendo orientados a trabalhar em casa e estejamos nas últimas semanas fazendo um acompanhamento mais próximo, para que possam voltar à rotina. Mas não é a mesma coisa. O calendário que já era ruim, vai ficar ainda mais apertado. É um cenário que nós teremos que nos adaptar. Vai impactar não só esse ano, mas também nos próximos anos também”.
“É tudo muito novo para a gente lidar. O que a gente imagina é que muito tempo sem treinar é ruim, mas também muito tempo de treino sem perspectiva do reinício dos campeonatos também é nocivo. Não para a questão física, mas para a questão de motivação dos atletas. A gente treina geralmente com a perspectiva de jogo no final de semana ou depois de um período de pré-temporada. Quando não se tem isso, gera uma situação bem complexa”.
O que espera do retorno aos treinos
“Esse primeiro retorno às atividades tem feito de maneira individual, o que também cria um cenário diferente que a comissão técnica precisa se adaptar para voltar às atividades de forma individualizada, traçando estratégias individuais de cada posição, embora cada clube tenha feito seu protocolo de retorno aos treinamentos. Foram passadas algumas instruções, mas em um momento de necessidade de isolamento social alguns conseguiram com mais qualidade do que outros”.
“A gente imagina conseguir de uma certa forma os primeiros trabalhos dar uma base para todo mundo com o intuito de que a gente consiga colocar os atletas no mesmo nível, principalmente sob o ponto de vista muscular. Alguns trabalhos foram administrados de força e como eu disse, por vezes algum atleta não tinha um equipamento à disposição ou adequado, então foram feitos de diferentes formas. Vai ser muito importante avaliar como os atletas estarão chegando, principalmente sob o ponto de vista de força e equilíbrio muscular com as deficiências devido ao tempo de inatividade. Depois gradativamente inserir a bola”.
Quanto tempo de treino é necessário para voltar a jogar?
“Em uma situação normal, a gente partia do princípio de que 30 dias (eram necessários para voltar a jogar). Esse ano fizemos jogo com 12 dias de apresentação, mas vindo de um período de férias naturalmente depois de uma temporada de 10 meses”.
“Essa temporada tem uma particularidade porque teve a parada de 30 dias, a gente iniciou os regionais, Copa Sul-americana e em março parou. Temos três meses. Isso pode ser agravante no retorno, porque estava no início da programação de treino. E pode ser algo atenuante que possa fazer com que os atletas evoluam rapidamente. Mas só o dia-a-dia vai nos ajudar para entender o estágio em que eles estão e o qual o planejamento necessário para voltar a jogar.
“Então, com 12 dias de treinos jogamos esse ano. Mas nesse cenário atual, a gente precisa ampliar para o dobro disso. Uma semana quase a gente vai precisar para equilibrar os atletas e minimizar o risco de um problema muscular mais para a frente”.
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