Atualmente sem clube, o ex-técnico do Bahia, Renato Paiva, concedeu uma entrevista ao Charla Podcast nesta quarta-feira (29), na qual abordou, entre outros temas, a sua saída do Esquadrão e o trabalho feito à frente da equipe tricolor no primeiro ano do Grupo City no clube.
Paiva foi o primeiro contratado na era City, chegou na ocasião com um contrato de dois anos, mas permaneceu por apenas nove meses ao pedir demissão no início de setembro.
Na entrevista, Paiva garantiu que não foi o cartaz publicado pela organizada Bamor que o fez pedir demissão, mas, sim, o acúmulo de situação negativas que dificultavam seu progresso.
“Não foi o cartaz com orelhas de burro que me fez ir embora. É coincidente o cartaz no fim de semana em que eu pedi demissão. Mas foi o acumulado do ambiente no estádio; obviamente tem mais impacto um estádio inteiro insultando do que um cartaz. O ambiente não era bom e eu sentia que a minha mensagem estava com dificuldades de ser passada para os jogadores. Criávamos muitas oportunidades e não fazíamos gols e isso nos castigava em resultados”.
Paiva cita interferência do Grupo City no trabalho da comissão técnica
Entre os motivos que o fizeram pedir para sair do Bahia, Paiva afirma mais uma vez que houve interferência do Grupo City no trabalho da comissão técnica, especialmente na preparação física. Para ele, as lesões musculares sofridas por jogadores na época foram decorrentes disso.
“Essas coisas, com funcionamento da área de performance do Grupo City, que teve na minha ótica, intervenção naquilo que era área física do meu trabalho, e eu gosto de ser avaliado pelo meu trabalho. E tivemos uma sucessão de lesões musculares, que, para nós, não nossa responsabilidade. As lesões impediam um elenco reduzido de jogar. Eu pedi uma reunião e senti que isso não iria mudar. A torcida acha que não, mas pelo respeito que tenho pela torcida eu vi que não era a solução e saí; tive essa honestidade e a torcida não percebeu. Eu quero que o Bahia ganhe; o Bahia faz parte da minha vida e do meu currículo; a torcida do Bahia é uma das torcidas da minha vida. São marcas que não dá para desligar. Como também não dá para desligar que o Paiva, o pior treinador da história do Bahia, segundo muitos, tem um título. O Baiano não interessa? Mas tinha três anos sem ganhar o Baiano”.
Elenco do Bahia era limitado em 2023, afirma Paiva
O treinador português disse ainda ter sido campeão baiano com um elenco limitado, enquanto, mesmo após as contratações de 2024, o Bahia não conseguiu o mesmo título no ano seguinte.
“E agora com um elenco muito melhor, e eu tenho que dizer, eu gostaria de ter esse elenco, também não tenho porque eu quis sair. Não iriam me demitir, não é o perfil do Grupo City, e eles ficaram surpresos com meu pedido de demissão”.
“E eu gostaria muito de ter esse elenco. Mas com um elenco pior, bem mais limitado, gostem ou não gostem, tem um título nosso. Entramos para a história do Bahia com um título no museu. Depois, Copa do Brasil, com esse elenco limitado, chegamos às quartas de final, a melhor marca da história do clube com esse elenco”.
“Se (o elenco) não fosse limitado, não teriam contratado o que contrataram. Everton Ribeiro, Jean Lucas, Caio, Arias, Lucho… E agora mais. Se o elenco fosse bom não iriam contratar tudo isso. Não entrei no momento errado, entrei quando tinha que ser e fiz um trabalho difícil, mas que não foi do agrado de muita gente”.
“Eu acho que tivemos momentos de bons jogos e alguns horríveis. Acho que me equivoquei em substituições, em táticas, é claro que sim. Por exemplo, Everaldo, ódio de estimação da torcida do Bahia. O artilheiro do Bahia e eu saí e ele continuou a jogar com Ceni.
Muitas contratações foram “mal feitas”, diz Renato Paiva
Renato Paiva deixou o clube em setembro, após o Bahia ter feito as duas janelas de transferências, com cerca de 25 jogadores contratados naquele ano, que era o primeiro de retorno à primeira divisão.
Para ele, muitas das contratações foram mal feitas, além de jovens do Grupo City trazidos para que fossem recuperados no Bahia.
“Tive 25 contratações, mas nem todas chegaram ao mesmo tempo. Alguns chegaram sem tempo para treinar. Muitas contratações mal feitas, reconheço. Uma ideia do Grupo City que eu entendi era que Kayky, Diego Rosa e Artur Sales, que estavam na Europa, não jogavam em clubes do meio da tabela para baixo em Portugal, não jogavam, e eles queriam trazer para recuperá-los, em uma torcida de milhões que exige ganhar. Mas o Kayky foi uma pena a lesão no joelho, pois ele estava no melhor momento e não iria sair do time titular”.
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