Antecipadamente, peço vênia ao leitor para que não interprete isso como uma campanha anti-Belintani ou pró-Lúcio.
Desde 2013, o pangeia democrático que se formou no Bahia, com aglutinação de forças políticas (inclusive partidárias, porém ocultas) contra uma administração familiar, personalista e hermética, assaz suspeita; trouxe à mesa do torcedor mediano uma série de termos e jargões modernos, que antes não eram tão decantados. Falar de scout, de balanced scorecard ou análise SWOT não entra e dificilmente entrará na cabeça do torcedor de arquibancada.
“Ah, e isso deve ser deixado de lado então?”. Não, não é o caso: porém, são coisas mais insiders, que assim devem ser tratadas. São meios e não fins. E neste Bahia pós-2013 a impressão é que se tornaram fins em si mesmos.
Como assim? Simples, porque um clube que não consegue vencer o seu equânime Ceará; que não consegue vencer o Sampaio Correa em casa; que não consegue passar de fase da copa do Brasil ante um time de série D, não pode, de fato, almejar mais nada além do que já está. No mais, é sermos campeões do fordismo-taylorismo ou do culto ao método em si mesmo.
Para quem tem o Fast como parâmetro, ou o inferno da Série C e cia; estamos indo bem, obrigado. Há 4 anos sem queda no Brasileiro, e escapes da segundona sem sustos. No marketing e gestão interna, tudo bem, sem ironia.
Lemos as propostas dos atuais candidatos e o jargão continua dominando o debate. Dizer que as falhas de Belintani foram no intracampo é evidente, e dispensa maiores análises. Contudo, o oponente veio desse mesmo pangeia democrático, que até hoje não soube trazer à mesa do sócio e do torcedor mediano soluções de mercado para o secundário futebol nordestino. A linguagem do oponente só difere da situação num aspecto: o das inevitáveis e necessárias críticas, coisa que eu daqui de longe, da minha cadeirinha, no conforto do meu lar, faço também.
Eu não tenho essas soluções que citei acima: é isso que estamos procurando, quem as dê!
Mas o caminho passa pela inovação e pelo planejamento de longo prazo, como fez o Atlético Paranaense, que recentemente deu um passo acima do que sempre foi até então: um clube mediano do sul brasileiro. Não precisamos repetir as fórmulas dos outros, e sim encontrar a nossa própria.
Perder a quarta do Ceará do gordinho meia-boca, em um ano, é apenas um sintoma de que o foco no ECBahia precisa ser mudado.
Não apenas trocar a direção de futebol, e sim ter um alvo que não seja as importantíssimas medidas estruturantes, de marketing e de gestão interna.
Infelizmente, salvo o imponderável, isso não vai mudar.
E nem com um pouco provável título da sulamericana isso deve mudar por ora, fora a cascata de dinheiro que virá – o que refutará, definitivamente, a tese de penúria financeira.
Inclusive, no ano internacional da Covid, nem mais a desculpa de dizer que o torcedor é ansioso cabe…. nem torcida tem. Literalmente, público-zero.
Vote na ditadura do jargão: tanto faz quem vai vencer, o que importa é que os vagos e inespecíficos planos de gestão seduzam quem de direito. Afinal, fortalecer a divisão de base, melhorar a captação de altetas para a mesma, montar equipes titulares baseadas no fair play financeiro etc; isso todos já sabem. Como fazer melhor, ninguém sabe. Só nos resta agradecer por ter alguém tentando botar a cara e acertar…. no mais é rezar pra São Raudinei dos Arrependidos da Ladeira, porque ele é forte e poderoso. Amém.
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.