é goleada tricolor na internet
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Publicada em 1 de abril de 2012 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Vísceras expostas

O presidente da CBF, José Maria Marin, foi flagrado pelas câmeras da TV Bandeirantes “roubando” uma medalha que seria entregue a Mateus, goleiro do Corinthians, no final da Copa São Paulo, o que mereceu a seguinte observação do “Opinião e Notícia”: “É a esse tipo de gente que está entregue o futebol pentacampeão mundial”.

Realmente, fica difícil a gente entender certas coisas no futebol brasileiro. Se o grupo é do Ricardo Teixeira, o bom senso recomendaria nova eleição, pois todos deveriam acompanhá-lo. O caso é de ética. Ricardo Teixeira saiu porque sabia o “chumbo grosso” que viria por aí, pois a renúncia aconteceu no mesmo dia em que a Justiça Suíça deixou claro que não agiria do mesmo modo como age um tribunal brasileiro, deixando saídas como num jogo de xadrez – e se esse xadrezista é bom no jogo, como é Ricardo Teixeira… Safa-se.

Saúde foi uma evasiva para evitar uma saída pelos fundos da CBF, ou pela escada de emergência. “Foram anos de licitações ilícitas, amistosos esdrúxulos e convocações ao gosto do freguês”.

Na conjuntura atual da CBF, o que menos importa ao que parece é o lado ético do futebol. Será que alguém pensa que Marin é a moralização do nosso futebol? Não é. Ele é a própria sequência do passado recente. Nada mudou e nem mudará. A entidade que rege o futebol do Brasil continuará com as vísceras expostas e mal cheirosas. Alguma providência foi tomada na direção de algum fato negativo do passado com Ricardo Teixeira?

Pois, se alguém pensa que foi, saiba que a entidade que é parte ré no julgamento do episódio “máfia do apito” alegou que “o futebol não tem interesse social relevante e contribui para a desinformação do povo, já por si mal aparelhado intelectualmente”. Tal processo diz respeito ao julgamento do ex-árbitro de futebol Edilson Pereira Carvalho, um pulha, que anda livre e leve por aí, que fabricava resultados para favorecer a uma bolsa de apostas da qual ele também participava.

Estarrecedor? Qual nada! A gente vê as conseqüências dessa impunidade protegida pela CBF quase sempre. É uma cultura apodrecida e moralmente falida, mas ninguém toma providência alguma e não será Marin que vai mexer “em time que está ganhando”.

Aliás, o futebol é cheio dessas frases criadas por pessoas como Neném Prancha –“o futebol é uma caixinha de surpresas”– e Sotero Monteiro –“pelo arriar das malas se conhece o jogador”–, que ajudaram a divulgar o folclore que às vezes beneficia os infratores deixando seus criadores tristes. Há os seus seguidores mais modernos que criam verdadeiros absurdos como “meteu pra fora!” – Galvão Bueno.

Mas como afirmava Neném Prancha que futebol é uma caixinha de surpresas, Aldo Rebelo, que acusava Ricardo Teixeira de esvaziar os trabalhos das CPIs que investigavam as fraude na CBF, hoje é Ministro dos Esportes e amigo confidente de Ricardo. Essa é a famosa “bola nas costas”. Do torcedor, claro. Por outro lado, pasmem, o ex-governador condenado em primeira instância por formação de quadrilha, Anthony Garotinho, atualmente Deputado Federal, quer investigar atos de corrupção no período de preparação para a Copa do Mundo. Isso é que é “jogar pra torcida”.

Veja que as conseqüências da impunidade não param por aí. Aqui na Bahia, no jogo Bahia x Feirense, na quarta-feira passada, num lance com total perigo de gol, o zagueiro do Feirense defendeu a bola com o braço quando o jogo ainda estava 0x0, impedindo completamente a conclusão do lance que fatalmente resultaria em gol. O que vai acontecer com o árbitro? Nada!

Para completar a bizarrice da arbitragem, o comentarista da TV que transmitia o jogo passou a partida inteira elogiando seu “afilhado”, afirmando sem recuo algum que não houve a penalidade. Eu me senti ofendido por tanta subestimação à minha mediana inteligência e acreditei piamente que todas as regras do futebol são inventadas por Serapião, tal a sua segurança capaz de contrariar 99% dos telespectadores.

Imagino que até o próprio árbitro pensou no outro dia: “eu exagerei na dose”, mas Serapião ultrapassou os limites.

São essas coisas que enfeiam o futebol, que traz o bizarro pra fora das catacumbas, que me deixa em dúvida constante, que faz do futebol comandado pela CBF um centro de artimanhas que violentam todos os princípios do esporte e o desvia da sua finalidade. Neném Prancha, Sotero Monteiro, Nelson Rodrigues, Fiori Gigliotti, Gentil Cardoso, Paulo Machado de Carvalho, Garrincha, enfim… Todos os monstros sagrados que faziam do futebol alegria, romantismo e poesia, devem estar chorando de tristeza e decepção no outro lado da vida.

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