O presidente da CBF, José Maria Marin, foi flagrado pelas câmeras da TV Bandeirantes roubando uma medalha que seria entregue a Mateus, goleiro do Corinthians, no final da Copa São Paulo, o que mereceu a seguinte observação do Opinião e Notícia: É a esse tipo de gente que está entregue o futebol pentacampeão mundial.
Realmente, fica difícil a gente entender certas coisas no futebol brasileiro. Se o grupo é do Ricardo Teixeira, o bom senso recomendaria nova eleição, pois todos deveriam acompanhá-lo. O caso é de ética. Ricardo Teixeira saiu porque sabia o chumbo grosso que viria por aí, pois a renúncia aconteceu no mesmo dia em que a Justiça Suíça deixou claro que não agiria do mesmo modo como age um tribunal brasileiro, deixando saídas como num jogo de xadrez e se esse xadrezista é bom no jogo, como é Ricardo Teixeira… Safa-se.
Saúde foi uma evasiva para evitar uma saída pelos fundos da CBF, ou pela escada de emergência. Foram anos de licitações ilícitas, amistosos esdrúxulos e convocações ao gosto do freguês.
Na conjuntura atual da CBF, o que menos importa ao que parece é o lado ético do futebol. Será que alguém pensa que Marin é a moralização do nosso futebol? Não é. Ele é a própria sequência do passado recente. Nada mudou e nem mudará. A entidade que rege o futebol do Brasil continuará com as vísceras expostas e mal cheirosas. Alguma providência foi tomada na direção de algum fato negativo do passado com Ricardo Teixeira?
Pois, se alguém pensa que foi, saiba que a entidade que é parte ré no julgamento do episódio máfia do apito alegou que o futebol não tem interesse social relevante e contribui para a desinformação do povo, já por si mal aparelhado intelectualmente. Tal processo diz respeito ao julgamento do ex-árbitro de futebol Edilson Pereira Carvalho, um pulha, que anda livre e leve por aí, que fabricava resultados para favorecer a uma bolsa de apostas da qual ele também participava.
Estarrecedor? Qual nada! A gente vê as conseqüências dessa impunidade protegida pela CBF quase sempre. É uma cultura apodrecida e moralmente falida, mas ninguém toma providência alguma e não será Marin que vai mexer em time que está ganhando.
Aliás, o futebol é cheio dessas frases criadas por pessoas como Neném Prancha o futebol é uma caixinha de surpresas e Sotero Monteiro pelo arriar das malas se conhece o jogador, que ajudaram a divulgar o folclore que às vezes beneficia os infratores deixando seus criadores tristes. Há os seus seguidores mais modernos que criam verdadeiros absurdos como meteu pra fora! Galvão Bueno.
Mas como afirmava Neném Prancha que futebol é uma caixinha de surpresas, Aldo Rebelo, que acusava Ricardo Teixeira de esvaziar os trabalhos das CPIs que investigavam as fraude na CBF, hoje é Ministro dos Esportes e amigo confidente de Ricardo. Essa é a famosa bola nas costas. Do torcedor, claro. Por outro lado, pasmem, o ex-governador condenado em primeira instância por formação de quadrilha, Anthony Garotinho, atualmente Deputado Federal, quer investigar atos de corrupção no período de preparação para a Copa do Mundo. Isso é que é jogar pra torcida.
Veja que as conseqüências da impunidade não param por aí. Aqui na Bahia, no jogo Bahia x Feirense, na quarta-feira passada, num lance com total perigo de gol, o zagueiro do Feirense defendeu a bola com o braço quando o jogo ainda estava 0x0, impedindo completamente a conclusão do lance que fatalmente resultaria em gol. O que vai acontecer com o árbitro? Nada!
Para completar a bizarrice da arbitragem, o comentarista da TV que transmitia o jogo passou a partida inteira elogiando seu afilhado, afirmando sem recuo algum que não houve a penalidade. Eu me senti ofendido por tanta subestimação à minha mediana inteligência e acreditei piamente que todas as regras do futebol são inventadas por Serapião, tal a sua segurança capaz de contrariar 99% dos telespectadores.
Imagino que até o próprio árbitro pensou no outro dia: eu exagerei na dose, mas Serapião ultrapassou os limites.
São essas coisas que enfeiam o futebol, que traz o bizarro pra fora das catacumbas, que me deixa em dúvida constante, que faz do futebol comandado pela CBF um centro de artimanhas que violentam todos os princípios do esporte e o desvia da sua finalidade. Neném Prancha, Sotero Monteiro, Nelson Rodrigues, Fiori Gigliotti, Gentil Cardoso, Paulo Machado de Carvalho, Garrincha, enfim… Todos os monstros sagrados que faziam do futebol alegria, romantismo e poesia, devem estar chorando de tristeza e decepção no outro lado da vida.
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