No Bahia existem paradigmas que estão acima da minha compreensão. A torcida é um desses. Essa torcida sabe que tem um time de mediano para baixo – e aqui não incluo as novas contratações que ainda não atuaram à toda prova – e mesmo assim enche a Fonte Nova e ainda se faz proporcionalmente presente nos jogos fora de casa. É de fato a expressão de um jeito de amar inconteste, que sustenta um casamento por puro amor, apesar de saber que é enganada e traída intramuros.
Isto é cultural no clube, bem o sabemos, mas é agravado pela falta de transparência que caracteriza a atual administração. Isto é; nem tudo pode ser revelado, e nesse ponto, juntam-se a fome e a vontade de comer. Assim é que, durante quase um ano, uma sensível e difícil negociação com o City Group, fez parte de uma estratégia plenamente coerente e compreensível. Esqueça, torcedor, o Bellintani do futebol e aplauda o empresário Guilherme Bellintani.
Quem o torcedor, possivelmente, não deve mais admirar é a instituição Presidente Bellintani porque a sua jornada no futebol foi pífia, até cair. Em minha avaliação, deu uma melhorada quando contratou Freeland e a ele entregou a chave do DF – segundo diz o contratado Diretor. Mas nem só no futebol; também falhou na administração do clube como um todo; se embeveceu com os elogios da imprensa nacional e deixou a vaidade lhe dominar. Tudo isso aconteceu porque ele, Bellintani, houvera se tornado “referência de um novo modelo” de administração no futebol, quando na verdade tudo não passava de lixo sendo empurrado para embaixo do tapete.
Por outro lado, seu fiel “escudeiro”, o vice presidente que nada soma, apenas está ali, que deveria ser o principal conselheiro do Presidente, jamais o foi. Não por falta de boa vontade, sim de capacidade. Mesmo porque Bellintani possui uma retórica de excelência e, nessa condição, ele envolve seus subalternos, interlocutores, e crava a palavra final de forma absoluta. Em síntese; um por passividade e outro por excesso de confiança, levaram o Bahia até o ponto atual, no futebol.
A grande dificuldade do Esquadrão da Era Bellintani é navegar com um “mar em calmaria” após conseguir se desvencilhar do “mar dos ventos fortes”. Parece que perde a direção e fica à deriva, desnorteado. Isto se aplica ao time de futebol, que apesar de ter um certo conforto na tabela, parece mais desorientado em campo que cachorro perdido na mudança.
Isto é o retrato de uma administração carcomida pelo tempo que vem durando o desconhecimento de causa e que nada aprendeu nesses quase 5 anos de gestão. Ninguém acreditaria no atual staff do Bahia caso este seguisse por mais um ano – contando a partir de dezembro próximo – à frente do clube sem o risco iminente de uma nova queda – se subir.
De bom mesmo na atual gestão está sendo o negócio com o Group City – ainda inconcluso, mas prestes a ser oficializado – porque traz uma sensação de liberdade excepcional ao torcedor e muita esperança, agora sim, de ver o Esquadrão de Aço, possivelmente, de volta às paradas de sucesso interrompidas em 1988 quando conquistou seu último título nacional.
Paradoxalmente às críticas que faço; ainda em 2022, entrará para a história do clube sua grande conquista internacional que é a inclusão da marca City no Bahia. Com isto, também ficará para sempre na história do clube, o nome do eventual presidente Tricolor e empresário Guilherme Bellintani, como mentor e executor do maior feito do Bahia deste Século. Isto tem de ser dito, por mérito incontestável.
A partir disso, já que o Bahia passa a ser um clube portal do futebol brasileiro para a Europa, é que não entendo como o time de futebol não ter tranquilidade em campo. Quem viu Bahia jogando em São Luís do Maranhão, contra o Sampaio Correa, viu um time que começou a flertar com a estagnação técnica e com a descida na tabela. Quem viu o Bahia jogando contra o Ituano viu um projeto de time que poderá dar certo, a depender do seu treinador. Quem viu o Bahia jogando contra o Londrina, viu um bando desorganizado em campo, incapaz de segurar um placar favorável e alvissareiro na classificação, faltando segundos para o término da partida.
– Ou Enderson Moreira muda radicalmente o aspecto da postura desse time em campo, ou, brevemente, outro ocupará o lugar do Bahia no G-4.
Não é uma ironia minha, é o quadro que esse time vem pintando que me torna reticente ao mesmo. As partidas em que o Bahia jogou bonito para valer e esbarrou nas suas próprias dificuldades com as finalizações, foi contra o Athletico, em Curitiba, pela Copa do Brasil, e o Cruzeiro, em BH, pela série B. Foi simples e tão somente esses dois jogos e o torcedor ficou orgulhoso pelo que viu. Ganhar ou perder é do jogo. O que não é do jogo é a falta de maturidade pertinente a esse time.
IRRESPONSABILIDADE & IMATURIDADE
Vídeos que mostram jogadores do Bahia em shows, varando às madrugadas, estão nas redes sociais, para quem quiser ver. Ora, o time precisando performar em campo para se manter firme na tabela, para o bem de todos, e zero comprometido com a causa que “defendem”, não pode render o que desse time se espera, o resultado disso forma o contexto atual.
Jogadores saindo desses shows direto para o treino, tem alguma coisa a ver com o profissionalismo? Na verdade, isto demonstra a bagunça tática durante os jogos. Folga para relaxar fora do ambiente profissional a gente entende e respeita direitos. O que não dá para entender é a falta da maturidade para lidar com essas folgas. Tem jogador que nem se firmou ainda na carreira e já ensaia striptease.
12 DIAS DE RECESSO
O Bahia terá 12 dias para que seu treinador organize a casa e dê um padrão definitivo ao seu time de futebol. O mínimo que se espera, Enderson, é que você apresente ao torcedor, contra o Vasco da Gama, algo diferente e definitivo. As folgas do elenco durante esse recesso, devem ser curtas como a dos funcionários normais que saem às 18:00 para dormir em casa e voltam às 7:00 do dia seguinte. Isto quando não dormirem no CT.
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