O Bahia não ganhou de novo e jogou o futebol burocrático e sem inspiração que estamos vendo desde o último triunfo sobre o Flamengo. Sem nada de novo pra escrever, apenas me pego pensando em dúvidas para as quais não tenho respostas definitivas, mas formam uma escalação inteira de perguntas que me perseguem:
1. Por que o Bahia antes da intervenção insistia em não utilizar o padrão regular de uniforme? Camisas brancas, shorts azuis e meiões vermelhos. É lindo, é nosso, é tradicional. A administração anterior era estúpida em ignorar isso ou apenas desafiava a vontade de qualquer torcedor do time por razões obtusas?
2. Por que adotar uma numeração fixa tão esdrúxula? Tudo bem ter numeração fixa e isso pode realmente se refletir em ações de marketing (caso nosso clube tivesse um setor competente pra isso). Mas, números como 55, 37, etc., não vão fazer a cabeça de torcedor nenhum. Torcedor quer ver o seu centroavante com a 9, o goleiro com a 1, o volante com a 5. Que sejam números fixos, mas dentro de uma tradição cultuada do futebol. E não do futebol americano.
3. Por que não fazemos mais gols de cabeça? Ano passado eram vários gols, inclusive com os mesmos jogadores que ainda estão aí (Fahel e Donato, principalmente). Nesse Brasileiro, nenhunzinho. A resposta só pode ser uma: perdemos nosso cobrador mais competente (Gabriel) e nenhum outro está conseguindo ser minimamente eficiente (Talisca, Marquinhos, Wallyson, Hélder). Vamos treinar isso, Cristóvão! Porque com jogadores tão altos quanto Fernandão, Titi, Donato, Lucas e até Fahel, que é ótimo cabeceador, não podemos perder essa arma de ataque.
4. Cadê Feijão? Feijão entrou na suspensão de Fahel e ficou com a vaga. Depois ele foi suspenso e a perdeu pro mesmo Fahel. Tudo bem, é do jogo. Mas já somamos quatro maus resultados, tendo levado seis gols nas três derrotas seguidas. Dá pra lançar o garoto de novo, Cristóvão!
5. Rafael Miranda sobe pra ajudar o ataque? Sobe. Ajuda? Nunca. Sua falta de categoria pra dominar a bola e chutar a gol é gritante. Ontem houve pelo menos duas chances claras de gol em que ele apareceu dentro da área e se enrolou no domínio ou no chute. Por isso, em jogos em que o Bahia precisa ir atrás do resultado ou enfrenta uma equipe mais fraca, sacá-lo e escalar um jogador mais qualificado pra atacar é primordial. Se Feijão não for esse cara, por que não tentar Freddy Adu ou mesmo Angulo? Eu ainda tentaria Talisca, mesmo canhoto. Ou variar esse esquema de três volantes e ser mais ousado.
6. Cadê Ítalo Melo? Cristóvão elogiou muito Ítalo Melo em entrevistas passadas. O garoto tem treinado bem? Por que nunca é nem opção no banco?
7. “Onde está Wallyson?” poderia ser uma coleção de livros ilustrados de sucesso. Contra o Santos, apareceu bem na área pra cabecear o ótimo cruzamento (Aleluia! Aleluia!) de Madson, mas cabeceou em cima de Aranha e ainda conseguiu perder o rebote. O resto do jogo, desapareceu.
8. Talisca é atacante? Pra mim, nesse atual esquema de Cristóvão, Talisca é pra disputar posição com Hélder, não com Wallyson. Não acho que Talisca é atacante. Perder sua boa visão de jogo e seus bons passes na meiuca é ruim, e exigir dele a força física de atacar e marcar o tempo todo não me parece viável. Mas acho que dá pra jogar Hélder e Talisca juntos, que tem qualidade.
9. Houve momento mais bonito na histórica recente do Bahia que essa Assembléia Geral de sábado? E goleada mais importante na história inteira do clube do que esses 3 mil votos a 6, ou coisa que o valha? Essa Assembléia deveria ter sido notícia nacionalmente, porque é um exemplo que vai muito além do âmbito esportivo – é um triunfo cívico.
10. Gênio ou teimoso? No Arena Sportv que Cristóvão participou, quando o Bahia estava em segundo, quatro rodadas atrás, Darino Sena e outros convidados exaltavam o treinador e o colocavam até, numa enquete deles lá, como o melhor da Série A. Quatro jogos depois, Cristóvão é alfinetado por seguir mantendo a mesma filosofia tática que o levou a colher todos os elogios anteriores. Eu entendo que o treinador deve buscar um padrão de jogo, e entendo que a imprensa é precipitada e adora um oba-oba de momento. Mas uma coisa é certa: Cristóvão precisa ter alternativas. Quatro jogos sem ganhar não pode ser aceito passivamente.
11. Por que a Nike trata o Bahia como resto? E por que o Bahia submeteu-se a esse tipo de tratamento? Submeter-se a isso é mais uma marca indelével da gestão patética que administrava o clube há anos. Só recebemos uniformes plagiados ou reciclados de outras equipes, além de virem sempre com atraso, fora de hora. E cadê as camisas retrôs, comemorativas e temáticas? Saudade da Lotto e do tratamento vip que o Bahia recebia. É só ver nas fotos da Assembléia Geral do dia 17, a quantidade de camisas comemorativas de 59, de 82, do gol de Raudinei, todas da Lotto. Venderam muito!
Que na próxima coluna possamos voltar a falar do oportunismo goleador de Fernandão, da raça dos volantes, dos passes preciosos de Hélder e Talisca, da categoria de Wallyson, da habilidade de Marquinhos, da participação vital dos laterais: resumindo, de mais um bom jogo com triunfo do Esquadrão.
A sequência é favorável (Náutico e Portuguesa – se bem que o Santos também fazia parte dessa sequência mamão-com-açúcar), e ainda tem a Sulamericana no meio pra colaborar com um bom momento tricolor no ano. Que será coroado com a primeira eleição realmente democrática do clube, prevista pro 7 de Setembro. Uma data que já é oficialmente simbólica para um momento que será concretamente memorável.
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