é goleada tricolor na internet
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Publicada em 4 de maio de 2010 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Um Pedido Especial

Preferi o silêncio ao longo desses últimos três meses. Escrever a respeito do Bahia virou mais do mesmo, nos tornamos repetitivos e isso cansa. Talvez, essa nem seja a melhor hora, mas algo precisa ser dito.

Perdemos mais um título baiano pro pessoal do aterro sanitário. Alguma novidade? Não, se considerarmos os últimos nove anos, com exceção daquele que o Colo-Colo conseguiu conquistar, em 2006.

Vejam que até um pequeno time do interior obteve um feito que o Bahia insiste em não conseguir. O que teria acontecido para tantos insucessos e fracassos? As respostas são inúmeras.

Depois que caímos para a Série B em 2003, fomos e voltamos da C e não conseguimos mais sair da B. B de Bahia, mas que não deveria pertencer ao Bahia. Ao que parece, teremos uma longa permanência nesse lugar, que já até podemos chamar de casa, tamanha nossa familiaridade.

É pouco, pouquíssimo para uma nação com mais de 5 milhões de fanáticos e, hoje, sofridos torcedores. Éramos reconhecidos como time de grandes multidões, Bahia, o campeão dos campeões, dos feitos inéditos, das marcas até pouco tempo inatingíveis.

Os grandes times do país sabiam da nossa força. Enfrentar o Bahia na antiga Fonte Nova não era tarefa das mais fáceis para eles. A torcida empurrava nossos jogadores, que muitas vezes se superavam e nos premiavam com vitórias inesquecíveis.

Até o Rei do Futebol sofreu nas mãos do ex-tricolor de aço. Se perguntarem: “Pelé, qual foi o time que conseguiu vencer o seu Santos numa final de Taça Brasil?”. A resposta será precisa. Sem contar que o 1000º gol poderia ter saído na Fonte Nova, se não fosse Nildo Birro Doido, que depois de impedir que a bola entrasse, recebeu as mais injustas vaias da nossa torcida, que naquele momento queria ver o feito histórico acontecer ali.

Se o Internacional não é tetra-campeão brasileiro, o Bahia é o grande responsável por esse feito, o único revés dos gaúchos numa final nacional dentro de casa. Conheço muitos colorados e sei o que essa perda representa pra eles.

Essas são algumas das façanhas conquistadas ao longo dos anos. Conseguimos o respeito dos times do S/SE do país. Éramos a primeira força em torcida e na tradição do N/NE. Tudo isso fora se perdendo com o tempo e hoje não sobrou nada.

Perdemos espaço para o Sport no NE, vimos outros clubes de menor torcida crescerem, se estruturarem e virarem destaque nacional. Goiás, Atlético-PR e Avaí são exemplos. E o pior está vindo, em doses homeopáticas, a cada ano: o número de torcedores do time do aterro sanitário está crescendo numa proporção preocupante.

Do lado político, muita conversa, enrolação e mesquinharia. O orgulho fala mais alto em todas as esferas do clube. As pessoas que hoje comandam são as mesmas de outros tempos, apenas com poucas atitudes diferentes, que terminam passando despercebido num contexto geral.

Nosso presidente atual assumiu o cargo com um discurso moderno, cheio de boas intenções, misturadas à vontade e desejo. Algumas coisas boas aconteceram, acredito que a maior dela tenha sido a reestruturação no Fazendão, sendo mais específico, a nova sala de fisiologia.

Ah! O novo site, a TV Bahêa, o Bora Bahêa! e a loja oficial, Viva! Bahêa!, também merecem destaques. Se considerarmos que não tínhamos nada, agora temos algumas coisas que, obviamente, podem e devem ser melhorados.

A parte que mais interessa a toda nação, permanece quase que inalterado. A reforma do estatuto é uma novela mexicana. Com atos escusos, a diretoria mantém o discurso de que ela sairá, mesmo que agrade apenas a um lado da moeda. Algumas assembléias aconteceram, mas sem maiores novidades.

No lado administrativo, mais vergonha. Fomos destaque nacional com problemas que foram desde a falta de pagamento da TV por assinatura e o conseqüente corte, até os intermináveis atrasos de salários. Não esquecendo também que o gelo andou faltando no Fazendão.

Não há como negar a consequência disso tudo refletida dentro de campo. Acho até que os jogadores foram muito além das condições oferecidas. Conseguiram terminar o campeonato de maneira honrosa, fazendo com que a torcida reconhecesse os méritos. Ninguém consegue render o suficiente com tantos fatores externos atrapalhando o ambiente.

O time. Poderia ter sido campeão se não tivesse tropeçado tanto na fase final, principalmente, na segunda partida contra o Bahia de Feira, onde levou o gol do empate já nos acréscimos, resultado que deu vantagem ao pessoal do aterro sanitário.

Tecnicamente, tinha suas deficiências. A lateral-direita, o meio-campo na parte da ligação e o ataque sofreram mais. Edílson não rendeu o esperado e nós esperamos muito de Rogerinho, que sofreu com as contusões. O resto do elenco deu para competir no Baiano.

Em compensação, algo interessante aconteceu. Ávine, Marcone e Ananias, lembram-se deles? Vaiados, odiados e renegados pela torcida noutros tempos. Parece que se submeteram a alguma espécie de escolinha e voltaram recuperados. Viraram titulares de destaque tendo, inclusive, conseguido vaga na seleção do campeonato. Agora são talentos reconhecidos por torcedores e pela imprensa. Coisas do futebol…

O treinador fez o que pôde. Manteve o ambiente em paz, mesmo quando tudo conspirava contra. Não deu certo com algumas indicações, mas isso faz parte de qualquer trabalho. Errou em escalações, acertou quando questionou e cobrou correções para os problemas que estavam interferindo no rendimento dos atletas. Teve uma postura muito boa diante das turbulências.

Alerta! Se não houver melhora na qualidade técnica, sofreremos bastante na Série B. E não estou me referindo às nossas chances de brigar por uma das vagas na elite. Lutaremos para não cair e, tenho certeza, será do começo ao fim do campeonato. Não é pessimismo ou má vontade, é constatação. Morte anunciada desde já.

Ao contrário dos últimos anos, estou completamente cético, minhas esperanças estão depositadas em algum lugar, resta saber onde. A Série B promete e o Bahia também. Farei o meu papel de torcedor, como nas outras vezes, com a diferença de que agora não vou me precipitar em achar que dá.

Gostaria de finalizar de alguma forma que sensibilizasse os homens que mandam no clube. Ainda há tempo para recomeçar. Coloquem suas vaidades de lado e tentem ouvir a voz da maioria, que pode até não acertar, mas também tem o direito de errar, assim como vocês o fizeram e ainda fazem.

Sintam-se responsabilizados por causar tanto sofrimento a essa imensa nação. Pensem que o objetivo maior de todos é ver novamente o Bahia grande, citado no cenário nacional pelas suas inesquecíveis vitórias, e não pelos sucessivos fracassos.

Abracem a causa dos opositores, cedam um pouco. Dêem os braços, as mãos, as pernas, o corpo inteiro, entrem de cabeça nesse desafio, caminhando lado a lado com aqueles que hoje são insurgentes, mas que no futuro próximo podem ser parceiros. E todos nós seremos vitoriosos nessa ressurreição.

Um dos poucos sonhos que ainda tenho na vida é o desejo de levar minha filha ao estádio para que ela sinta o que é torcer pelo Bahia. O que ela viu e vê até hoje é uma trajetória que não condiz com a tradição e glória desse gigante.

Ela acaba de completar 15 anos e ainda não pôde ver o time que ela deseja amar, sequer, vencer um campeonato – em 2002 ela não conhecia o futebol. Disputar a Série A seria o êxtase. Um título qualquer que seja nesse momento, o ápice.

Então, nobres homens de bem da direção do Bahia, se não for pedir muito, pensem a respeito.

Saudações Tricolores!

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