…E o Bahia ganhou do Internacional lá dentro… dentro do Estádio Cemité… digo, Centenário de Caxias do Sul. Partida quente no clima cálido e tropical desta bela cidade da Serra Gaúcha. Comemoração efusiva da pequena massa tricolor a qual mostrou sua força e, apesar do triunfo expressivo, não deixou de mostrar seu descontentamento com “tudo isso que aí está”.
Triunfo inédito sobre uma equipe da qual tiramos um título brasileiro tido como ganho pelos locais, mas nunca tínhamos vencido a equipe colorada em brasileiros dentro das terras gaúchas, exceto na partida inaugural da Libertadores de 1989, quando vencemos bem uma equipe ainda ressaqueada com a zebra de dias antes.
Enfim: o Internacional é um clube campeão do mundo há sete anos, com grande quadro de associados quites, e pertence a um Estado no qual praticamente não resta alternativa senão torcer pela metade azul ou pela metade vermelha, salvo meia dúzia de gringos caxienses ou uma pequena massa de rubro-negros pelotenses. Além do Mundial, tem três Brasileiros e uma Copa do Brasil, além de ser o atual campeão estadual. Além do mais, nunca, em seus cento e quatro anos de história, soube o que é ser rebaixado para a segunda divisão nacional. O que o Inter precisaria provar mais?
Seu estádio, em reforma, foi escolhido em detrimento do campo rival para ser a sede porto-alegrense na Copa de 2014. É tido como o clube do povo local, e tem uma legião de apaixonados pelo Brasil afora, inclusive presentes nos mais distantes rincões de Roraima ou Acre. O clube possui consulados, compostos por sócios quites do clube, em grande parte das unidades da Federação. Seu Estatuto está disponível no site oficial para quem quiser ver, e certamente a diretoria do clube seria duramente questionada se de uma hora para outra alguém alterasse algo no texto de tal Estatuto.
Nada mais necessita o Internacional para provar à sua torcida, apenas buscar sua própria superação.
Clube revelador de Falcão, de Taffarel e de Dunga, para citarmos três jogadores que brilharam com a seleção brasileira: todos formados nas categorias de base do colorado e ídolos do clube durante um bom tempo. Todos gaúchos ou quase-gaúchos, como é o caso do ex-treinador do Bahia, nascido numa cidade próxima à fronteira do Rio Grande com Santa Catarina.
Clube que possui iniciativas de incentivo aos torcedores-mirins, academias próprias/conveniadas, descontos em ingressos e afins, programas sociais, franquias de escolinhas de futebol no Estado e Brasil afora; e no momento, uma comissão está avaliando critérios para que os sócios tenham seu ingresso garantido nos jogos do clube no novo Beira-Rio.
O sistema eleitoral do colorado gaúcho é semelhante ao atual adotado pelo Bahia, com o diferencial do mandato do presidente ser de dois anos. O conselho deliberativo escolhe os dois nomes que serão votados pelos sócios em dia. Há aqueles que vão questionar este modelo, indagando o porquê deste filtro nos candidatos ou chapas em potencial. Mas fica uma pergunta aqui: este conselho do Inter existe mesmo??? Eles questionam os mandatários do clube? São atuantes? As Assembleias do clube ocorrem nos prazos regulamentares? Há prestação de contas de forma transparente? Deixo estas perguntas aos especialistas para devidas respostas.
Como seria o sistema político no Inter? Será que há opositores? Será que existem chatos ou tumultuadores? Possivelmente sim, mas não vemos movimentos de público-zero nas plagas de São José dos Ausentes a Santa Vitória do Palmar porque o Inter não precisa, no momento, provar mais nada à sua torcida, ficando as querelas políticas mais veementes mais no intra do que no extra-muros do clube.
Há pessoas mal-intencionadas no Inter? Com certeza, assim como em qualquer lugar ou empresa ou associação. Contudo, estas pessoas provavelmente, caso desmascaradas, serão imediatamente pressionadas pelos associados, conselheiros, torcida e talvez imprensa para que se endireitem ou saiam do clube.
Crise no Inter é ser desclassificado da Libertadores na primeira fase ou perder de time africano no Mundial; e não perder de obscuros clubes do interior do Mato Grosso ou tomar goleada de clubes secundários do Ceará (seria o Apocalipse mesmo). Glória no Inter é ser campeão do Mundo em cima do Barcelona com gol no finalzinho, e não vangloriar-se de um ônibus arrendado, de um CT em construção em terreno pouco valorizado sob permuta com empreiteira ou de ter vencido o próprio Inter na terceira rodada de um campeonato que está apenas começando – ocupando, temporária e transitoriamente, uma décima colocação numa competição difícil, longa, cansativa e que demanda elenco sólido e competitivo.
No Inter, jogador da divisão de base é valorizado e compõe o elenco por um bom tempo depois de formado e preparado (caso corresponda em campo), sendo depois BEM vendido para clubes do G12 nacional ou para o Exterior. E eu nunca ouvi falar de jovem da base colorada sendo perdido para o Grêmio por causa de FGTS ou atraso de salários. No Inter, o jogador de menor qualidade, ao ser constatado seu fraco futebol, acaba sendo cedido a certos apequenados clubes do Nordeste…
Até o Botafogo da Paraíba venceu o então imbatível Flamengo de Zico em pleno Maracanã num campeonato brasileiro.
Sem mais.
Saudações Tricolores!
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