Saudações, bilionários tricolores!
Em época de SAF e de resenha, tem sido assim que tenho cumprimentado os outros torcedores do esquadrão.
É lógico que é uma brincadeira sadia, numa época importante para o Esporte Clube Bahia, com essa transição para Sociedade Anônima do Futebol e sua aquisição pelo City Football Group (CFG).
Tenho visto diversas manifestações entre os tricolores, de todas as naturezas. Temos os otimistas mais empolgados, que já imaginam um time vencedor de cara; os otimistas mais pé no chão (ou talvez os mais realistas), que veem a chegada do CFG com bons olhos, entendendo que este ainda é um ano de transição, não dando para esperar um time para brigar lá em cima; assim como alguns pessimistas corneteiros, que reclamam de qualquer tipo de movimentação ligada ao Esporte Clube Bahia.
Eu me considero um cara mais realista, que encaro essa movimentação da SAF com atenção, sem me deixar empolgar. Acredito que seja um projeto com aspectos positivos e negativos, que demandam atenção. Ainda que veja mais aspectos positivos, dado o poderio econômico do CFG, não podemos ignorar que, agora, o clube possui um dono forasteiro, que tem sua própria agenda de interesses e, em tese, não se deixará levar pelas pressões que já conhecemos. Isso, lógico, tem sua carga de efeitos positivos, mas também pode trazer um certo distanciamento entre a administração do clube e sua torcida. Daí minha cautela.
Pelas administrações recentes que tivemos no futebol, repleta de equívocos, nossa recente (e que faz parecer eterna) luta para sempre se manter na Série A, o que às vezes é possível e outras vezes não, acabei sendo favorável à constituição da SAF e sua venda ao CFG. Mas isso não significa que, quando verificar algum aspecto negativo, não vá demonstrar minha opinião. Concordar com a SAF não significa concordar com todas as decisões do CFG. E assim acompanho e acompanharei esse processo.
Os primeiros passos tomados pelo CFG com sua chegada, mostraram que eles já estavam planejados para assumir o Bahia. Vieram apresentado CEO, Diretores, treinador e comissão técnica. Ou seja, começaram de baixo para cima. E trouxeram nomes fortes do mercado do futebol. Não vieram anunciando contratações, jogando para a torcida. Vejo isso como um bom começo. E, para mim, evidencia uma outra coisa, que pode frustrar os otimistas mais empolgados: há um processo de reestruturação, com etapas.
E isso se reflete nos nomes de jogadores especulados (ou até mesmo na relativa escassez de nomes especulados) e no único nome confirmado até aqui (o jovem zagueiro Marcus Victor, vindo do Ceará). Os poucos jogadores que as mídias conseguem discutir e especular são, em sua esmagadora maioria, jovens já ligados ao CFG (Acevedo, Metinho, Diego Rosa e Kaiky), além de alguns jogadores que viriam do Fluminense e do Botafogo, alguns para compor o grupo (Marcos Felipe, David Duarte e Wellington), outros jovens com potencial (Kadu e Biel).
Dá pra notar que há uma mescla entre jogadores jovens do próprio CFG (Acevedo, Metinho, Diego Rosa e Kaiky), que teriam o Bahia como uma plataforma para ganhar experiência competitiva em nível de Série A, outros jogadores jovens de outros times (Marcus Victor, Kadu e Biel), que teriam o Bahia como ponto de partida para começar a se destacar em nível de Série A, além de jogadores um pouco mais experientes (Marcos Felipe, David Duarte e Wellington), que servem para compor o grupo.
Vi alguns comentários por aí, principalmente dos pessimistas corneteiros, falando até que parece que é Bellintani que tá contratando. É claro que nomes como David Duarte e Wellington, por exemplo, reservas no Fluminense por toda última temporada, não empolgam. Mas não custa lembrar que nosso elenco que sobrou para esse ano, pela necessária reformulação, já não oferecia grande segurança em nível de Série B, imaginem em Série A. Para ilustrar, eis nosso elenco atual, considerando a página oficial do Bahia e o único reforço oficial até então:
- Goleiros: M. Claus, M. Teixeira e G. Souza
- Laterais: André, D. Borel e M. Bahia
- Zagueiros: M. Victor, G. Xavier e Ignácio (este último consta no site oficial, mas ainda não vi notícia oficial de renovação)
- Volantes: Rezende e Miqueias
- Meias: Daniel, Mugni e P. Verhon
- Atacantes: R. Goulart, Everton, C. Vidal, Jacaré e M. Antonio.
Alguém acredita que o time a seguir teria alguma chance de evitar um rebaixamento: M. Claus (M. Teixeira ou G. Souza); André (Borel), G. Xavier (M. Victor), Ignácio e M. Bahia; Rezende (Miqueias), Mugni (Verhon) e Daniel; C. Vidal, Jacaré (M. Antonio) e R. Goulart (Everton)? Seguramente não. Mesmo com os nomes especulados dificilmente isso mudaria. Mas ainda há muita água para passar por debaixo da ponte.
Por isso, acho que o momento é de ter atenção e paciência. A tendência é que o CFG invista em jogadores jovens, mas que traga alguns jogadores com experiência, para mesclar, já que o elenco parte praticamente do zero. Só que isso não acontecerá da noite pro dia.
O CFG tem a missão de começar a formar um novo Bahia, praticamente do zero, com tudo de negativo e positivo que isso trás. Por um lado, não há um monte de jogadores para se livrar, talvez uma dezena, que paulatinamente sairá. Por outro, há a necessidade não apenas de formar um time, mas um novo elenco. Parte dos atuais jogadores deve continuar até o fim do ano. Alguns deverão até ser úteis, principalmente neste primeiro momento.
Tenho a impressão e apostaria que o time que vai iniciar o primeiro semestre de 2023 vai ser bem diferente do que vai acabar o ano. E até lá vamos ter muitos tropeços. É cobrar, claro, mas com discernimento e entendendo que as coisas não vão mudar da noite para o dia dentro do campo. Tem muita coisa para mudar fora dele, na cultura do clube, da gestão.
O Botafogo passou por desafio semelhante. Virou SAF após subir. Contratou, talvez sem exagero, algo próximo ou superior a três dezenas de jogadores ao longo do ano. Trouxe um técnico estrangeiro com experiência em desenvolver jovens talentos. Terminou o Brasileirão com um time totalmente diferente daquele que começou. Brigou pelo extenso G8 até a última rodada.
Se alguém me oferecesse um Brasileirão ou até um ano semelhante ao que o Botafogo fez, eu aceitaria. Pelo menos neste primeiro ano. Com a diferença que o CFG vai focar em jogadores jovens, com possibilidade de salto de desempenho para o ano seguinte, aí sim, com a possibilidade de subir a qualidade das contratações de patamar.
Eu continuo acreditando que o momento é de buscar a manutenção segura na Série A, como (infelizmente) nos acostumamos ao longo dos últimos anos. Desta vez, com a diferença de perspectiva de tempos melhores.
Pensando bem, ao contrário de um otimista mais pé no chão, usaria o termo do grande Ariano Suassuna e diria que me vejo como um “realista esperançoso” (video).
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