Nada de alteração no conceito do projeto City, exceto o já previsto que é reforçar o elenco com a devida qualidade. O planejamento a médio e longo prazo para que o Bahia se torne um clube estável financeiramente e conquistador de títulos é o que já acontece desde 2023. Bom frisar, já está até mais adiantado do que previra o próprio diretor da Holding, Ferran Soriano. Ocorre que parte da torcida e da própria imprensa Nacional acha que o City Football Group é um cofre aberto para o Bahia. Um ledo engano esse achismo. Cada unidade do conglomerado tem a sua própria gestão com todas as responsabilidades – embora a holding possa injetar dinheiro em caso excepcionalmente necessário.
– O alto investimento no marketing do clube em busca da excelência não é simplesmente uma festa de oba, oba, jogo de luzes, fotos e vídeos, é a máquina propulsora de receitas para o clube.
O Bahia tem o seu próprio cofre com um bilhão, fruto do aporte feito pelo CFG quando comprou a SAF do E.C. Bahia. É claro que esse dinheiro vem sendo utilizado ao longo desses dois anos da Era City, porém aliado ao que o clube arrecada com venda de jogadores; produtos; publicidade; Sócio torcedor; contratos com a nova Liga; Pay-per-view, venda de camisas; marca estampada e outras fontes de renda.
O City Football Group não é apenas um conglomerado de times de futebol. É uma organização que busca o desenvolvimento de talentos através das suas diversas academias espalhadas pelo mundo que identifica e cultiva jovens promessas do futebol. Para tanto essas unidades investem alto em tecnologia e análise de dados para otimizar o desempenho de seus atletas e equipes. A presença em diferentes continentes permite ao CFG alcançar novos mercados para construir uma marca global – na verdade já é uma marca global.
As considerações acima tratam da realidade dos fatos que geram informações e nos faz entender o Bahia como clube de crescimento sustentado, afinal estamos tratando de um membro da família City. Não são as contratações em profusão de astros renomados e caros que farão do Bahia o melhor time do futebol brasileiro. É a sustentação dos conceitos sobre gestão empresarial de futebol global que faz do CFG a maior referência como conglomerado de futebol do planeta Terra, que por consequência da sua grandeza e do planejamento colocará de fato o Bahia entre os maiores da América do Sul.
Neste ano o Bahia está realizando contratações ótimas e pontuais, o que considero inteligente para manter um elenco longevo e forte com qualidade suficiente para não sofrer solução de continuidade durante a temporada – como aconteceu em 2024. O diretor de futebol estaria equivocado se pensasse um modelo gerencial diferente do que vem sendo exercido porque isso também envolve um consequente zelo pela unidade do elenco, fator determinante para o sucesso em campo.
É vital o cumprimento do planejamento do clube em todos os seus departamentos. Não foi à toa que já no primeiro ano da Era 100% City tenhamos conquistado com méritos a classificação para a Libertadores da América depois de 36 anos. Toda conquista depende do fator organizacional de um projeto bem executado, e no Bahia atual há esse projeto – do qual sou um entusiasta desde a sua concepção, por não ser adepto do imediatismo. A história nos conta que o Bahia obteve as grandes conquistas quando montou times com jogadores, em sua maioria, prata da casa e alguns procedentes de outros estados buscando um lugar ao sol.
O Futebol brasileiro possui particularidades e desafios próprios, como a instabilidade econômica e a dificuldade dos clubes em formar elencos competitivos para longo prazo. O Grupo City está adaptando suas estratégias nesse contexto para formar não somente um elenco consistente, sim um clube contextualizado dentro de um projeto amplo, sem violar dogmas culturais e nem perder o foco no futuro. Um clube de futebol que se torna campeão brasileiro, a seguir conquista a Libertadores, e na virada do ano esse time é desfeito, tem sequer projeto de médio prazo? A reflexão é sobre isso.
– Enquanto o Bahia constrói uma “Torre Eiffel”, outros constroem a “Torre de Babel”, e essa é a diferença entre um projeto e outro. A SAF é um modelo empresarial no futebol e não uma sigla mágica que transforma simplesmente um clube em sucesso.
Em 1988 – na verdade 1989, assim como 1959 foi 1960 – o Esquadrão Tricolor se sagrou campeão do Brasil e disputou então a Libertadores de onde a “chuva” o tirou. Passados 36 anos, só então uma nova oportunidade acontece, mas sem campeonato nacional conquistado. É visando evitar esses hiatos entre um título e outro que se reconstrói um Bahia fundamentado na gestão globalizada do CFG – City Football Group.
São várias etapas, cada uma, mais desafiadora do que outra. Não é tão somente montar um time e colocá-lo para jogar. É necessário adaptação à cultura do Brasil e da Bahia para que o City consiga conciliar suas metodologias e valores com as tradições, com a rica história do Bahia e de uma torcida com imensurável paixão. Não é exagero algum dizer que o Bahia é um estado de espirito para essa nação completamente apaixonada. Por isso é crucial que o City Group continue respeitando essa identidade e não imponha uma cultura totalmente estrangeira ao clube.
BRUNO QUEIROZ
Onde estiver, Bruno, que seja luz e tenha encontrado a paz eterna.
Diz o conto que o rio antes de entrar no oceano, ele treme de medo. Olha para trás e contempla a paisagem, os cumes das montanhas, o longo e sinuoso caminho percorrido entre florestas e povoados e vê à sua frente o oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. O rio sabe que não pode voltar e segue para dentro do oceano, só então o medo desaparece porque o rio saberá que não se trata de desaparecer na imensidão do oceano, mas tornar-se oceano.
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