Finalmente demitido o insosso treinador Cavalcanti, segue o Bahia a contratar um treinador argentino, seguindo lógica que tem dado certo em clubes do eixo Rio-São Paulo.
Espera-se, a priori, que o referido treinador faça o que deve ser feito, inicialmente reabilitando a equipe frente a um inaceitável cartel de sete derrotas seguidas, com direito a baile de carioca em pleno quintal.
Carioca o qual, por sinal, diferencia-se a cada dia em termos técnicos, junto com seu arquirrival histórico de Belo Horizonte. Enquanto o outro mineiro paquera a Cerei C, observamos que as rivalidades regionais, aos poucos, deixam de ser um fim em si mesmo e passam a se constituir em mero folclore ou disputa de mercado. Em bom português: olhar além do maior rival é mandatório, e creio que neste aspecto o Bahia tem tido algum progresso.
A hegemonia histórica regional, pari passu, vai também se consolidando, levemente ameaçada de ser turbada por clubes cearenses. Somos referência regional, temos orçamento cada vez maior, fornecemos atletas a clubes menores…. o que está faltando para sermos mais?
Dizem faltar ambição: é o pensamento diante de uma diretoria representante da chamada era democrática, a qual, cansei de repetir à exaustão, é um meio e não um fim. O macrogrupo que toma conta do clube desde 2013/14 adotou uma linguagem do mundo corporativo como bandeira, e, a despeito dos avanços institucionais, dentro das quatro linhas tem tido desempenho igual, se não semelhante, ao daqueles que sempre disse combater e renegar.
Não observo, daqui de longe, uma obsessão em conseguir classificação à Libertadores, este sim o único degrau acima que pode ser alcançado pelo Bahia. Outrossim, o clube que já foi referência em categorias de base colhe parcos frutos e aproveita aquém do esperado o que consegue produzir.
O grupo político hegemônico do Bahia nada de braçada, enquanto assiste seus detratores se afogarem em pueris argumentos para fazer melhores propostas de gestão esportiva. Belintani, definitivamente, não é criança, posto o abastado empresário que é; e, até prova em contrário, temos certeza de que faz o melhor que pode. No entanto, o “melhor” acaba sendo seu plateau, este traduzido por lampejos esportivos, notoriedade em assuntos paralelos extra-futebolísticos e uma aparente abulia em torno de buscar melhores colocações dentro de campo.
Na ausência de oposição propositiva e argumentativa, haja vista que apontar as deficiências intracampo é algo óbvio, o legítimo possuidor do clube, aos poucos, deixa que se lhe turbem o devido lugar no espaço reivindicativo.
Passado algum tempo, a natural tendência de perpetuação de estilos, do seu próprio entorno político, e de manutenção da imagem da instituição E.C. Bahia a ser passada ao público interno e externo, acabará por se constituir na tomada definitiva do clube por uma pseudoideologia, senão por uma nova oligarquia, mergulhando a instituição numa estagflação desportiva, na qual uma pequena casta de sócios adimplentes poderá usar; uma pequeníssima casta de dirigentes e agregados usufruturários poderá gozar; e, quiçá, dispor do clube a interesses indesejáveis.
Belintani pode e deve ser questionado com responsabilidade, suas falhas devidamente expostas dentro da lei e da ética; e sua saída, para que alguém mais competente assuma a direção do Bahia, é uma justa reivindicação, autotutelada e autoexecutável mediante sufrágio.
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