Na minha última coluna, fiz uma análise do ano que passou e afirmei que 2010 seria para recomeçar. Foi uma reflexão em cima de tudo o que vivemos, sem fazer projeções, apenas com a esperança como estandarte.
Pois bem, e como estamos? No âmbito político, nenhuma novidade. MGF continua ignorando os inúmeros pedidos de revisão do estatuto, e as oposições cada vez mais sem paciência. Onde vamos parar? Não sei, acredito que no mesmo ponto em que estamos agora, lugar nenhum. Por essas e outras é que prefiro falar a respeito de futebol dentro das quatro linhas, as chances de errar são menores.
Renato Gaúcho foi a grande novidade da temporada. Um nome contestado por toda imprensa, mas que levou o Bahia novamente aos holofotes do cenário nacional. Não é algo deva ser comemorado, concordo. Acredito que MGF tenha ouvido algum especialista em marketing, e este o aconselhou a trazer alguém que dividisse as atenções, mais ou menos como aconteceu com Paulo Carneiro.
Não sou de julgar, nem de especular. Prefiro esperar pra ver, e só a partir daí tirar minhas conclusões. Renato não tem um currículo de primeira grandeza, conquistou apenas a Copa do Brasil de 2007. Conseguimos lembrar aquele momento na Libertadores de 2008, onde ele afirmou que se fosse campeão iria brincar no Brasileiro. O Fluminense estava bem, o time jogava bonito e talvez merecesse o título. Fora isso, passagens frustrantes no Vasco, culminando com o rebaixamento no mesmo ano.
Diante desse portfólio, será que foi opção mais correta? Digo que não. Não pela bagagem, mas pelo valor financeiro. Estaria mentindo se afirmasse o salário dele, não sei. O que digo com certeza é que o Bahia está fazendo um grande esforço para mantê-lo. E, como eu não sou daqueles que acham que técnico ganha jogo, acharia melhor investir parte dessa grana na contratação de jogadores mais qualificados.
Quando Renato assumiu, eu vislumbrei a chance de bons nomes serem contratados. A amizade dele poderia pesar numa negociação, principalmente, olhando para o eixo RJ/SP. Morais e Leandro Amaral foram alguns dos citados como possíveis reforços. Acredita-se que os salários barraram a chegada de jogadores mais qualificados. Imagino que MGF tenha informado ao nosso treinador sobre a saúde financeira do Bahia e estipulado um teto, aí os que sobraram mesmo foram Abedi, Rafael e Mateus.
Veio, então, mais uma oportunidade de destaque no noticiário nacional: a contratação de Edílson. Se Renato foi a novidade, o Capetinha foi a surpresa. Provavelmente motivado pelo desafio de fazer o Bahia vencer novamente o Baiano e de retornar à Série A, ele acertou sua volta ao futebol. Não consigo enxergar outra razão que o tenha feito sair da inatividade, sinceramente. Ainda mais se o salário dele for de acordo com o que foi divulgado, ganhar por jogo.
Vieram também Rafael, Mateus, Vagner, Rodrigo Gral, Lima e Rogerinho, até aqui o grande destaque. Há quem diga que é um grupo mais qualificado que o de 2009, talvez seja, ainda não consigo afirmar. O que sei é que o time do ano passado, a essa altura do campeonato, já havia feito partidas mais convincentes, tendo inclusive vencido o time do aterro sanitário no seu próprio estádio. O que também não quer dizer muita coisa, pois depois o desempenho começou a cair, cair, cair, e não parou mais.
No mais, o time mantém o que sobrou das dispensas de 2009. Nomes bastante conhecidos da torcida. Da divisão de base surgiram dois nomes que merecem atenção: Wilson Júnior e Maurício. Bons jogadores. Resta saber se vão conseguir se firmar ou ficarão pelo caminho.
Ah! Não poderia esquecer uma das últimas contratações, o velocista Apodi. Sempre tive a boa estranha sensação de que esse rapaz deveria praticar outro esporte, aproveitando seu talento para correr. Seria injusto de minha parte julgá-lo antes de vê-lo defendendo o Tricolor. O que me deixa um pouco desconfiado é que ele não conseguiu ser titular nem no São Caetano, recentemente, depois de outras passagens rápidas por Cruzeiro e Santos. Só em Canabrava ele foi idolatrado. Talvez, o fato de confundir futebol com atletismo esteja prejudicando a carreira dele. E, com certeza, eu não sou a pessoa mais indicada para conversar com ele a respeito.
Agora não podemos nos queixar de lentidão ou morosidade nas laterais. Nossa eterna promessa, Ávine, voltou. Os adversários que se cuidem. Imaginem o desespero deles quando souberem que vão marcar Ávine Bolt e Apodi Cielo. Que me perdoem os dois recordistas mundiais com essa alusão ridícula, mas essa foi uma forma de homenagear nossos dois atletas.
Nossa campanha no Baiano era boa, a imprensa imediatista já nos credenciava como a melhor equipe. Até perdermos para o time do aterro de Canabrava. Pronto! Era o que o pessoal do quarto poder precisava para começar a festa. Ouvi de tudo um pouco. Problemas de relacionamento com Renato, falta de qualidade, esquema tático indefinido, blá blá blá.
Até que eu concordo que o time estava desorganizado, mas era muito cedo para começar a caça às bruxas. Nem tanto ao mar nem tanto à terra, problemas de contusões apareceram e alguns jogadores não tinham ainda condições de jogo. Isso tudo contribui negativamente para um time que está em formação.
Enfim, parece que as coisas estão melhorando, principalmente com a entrada de Rogerinho. Mesmo assim, o time ainda está muito longe do ideal. Para o Baiano acredito que teremos poucas novidades, falando de contratações. Espero que haja tempo para, no mínimo, conseguir conquistar esse título mais do que desejado. Sinceramente, já nem sei mais o que a torcida considera mais importante: vencer o regional ou retornar à Série A.
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O ano nem bem começou e velhos problemas deram as caras, até antes do esperado. Salários atrasados. É difícil aceitarmos, mas essa questão influencia, e muito, o desempenho do time. Coincidência ou não, e eu até prefiro acreditar que seja, depois de quitar uma parte dos débitos vencidos, para alguns ainda de 2009, conseguimos retomar o caminho das vitórias.
MGF reconheceu seu erro ao dar carta branca a PC. Nosso antigo mandatário elevou demais o orçamento do clube montando o time de 2009. Ele trouxe jogadores caros para tentar levar o Baiano, entrar forte na Série B e, assim, tirar pela bilheteria renda suficiente para não terminar a temporada no passivo. Como grande parte das atitudes de PC, ele foi um visionário, otimista além da conta. É até um comportamento louvável, porém muito arriscado.
Como deu tudo errado, a experiência tinha de servir para alguma coisa. MGF abaixou o teto orçamentário para esse ano, está corretíssimo. Se não temos um investidor forte para bancar uma equipe digna de Série A, sem esperar retorno imediato, é melhor manter as contas em dias e não deixar o rombo maior do que já está. Ainda que isso custe mais protestos e manifestações.
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Não poderia esquecer os meus pêsames para os torcedores que dependem da imprensa de Salvador, principalmente dos programas esportivos e seus comentaristas.
Tendo como foco principal a polêmica e interesses pessoais, esse pessoal tem a exata noção da força que exercem nos torcedores e fazem um trabalho muito bem feito, diga-se de passagem.
De um simples treino fechado, passando por declarações, discussões calorosas em campo e até se fulano merece ou não tal salário, tudo isso é combustível na mão desse pessoal.
As questões mais importantes e que deveriam ser levadas ao público com clareza, não são. Acho até que estou sendo muito exigente, quando a verdade é que a tão cobiçada qualidade técnica que eles cobram no time, falta é neles.
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