Passados os festejos natalinos e lamentadas as faturas estouradas do cartão de crédito e da conta do celular, desejo de início a todos os internautas do ecbahia.com um 2012 repleto de saúde. Sim, desejo muita saúde a todos para enfrentar a luta diária por uma vida melhor e sabendo de antemão que sem saúde não tem trabalho, nem dinheiro, nem realizações, nem felicidade e nem paz.
Que possamos dar um tempo para nos desintoxicarmos das gororobas do natal e rèveillon, que possamos eliminar gradativamente os vícios, sermos pessoas melhores que antes, sermos antes mais caridosos e indulgentes com quem habita o mesmo teto que nós, fazer melhor do que no ano que passou e pensar mais alto sem devaneios e ganância e dentro da realidade de cada um. E que tudo isso seja uma tarefa diária a cumprir em vez de ser apenas uma tarefa dos embros e eiros de cada ano!
Com a anuidade do CRM a 500 reais e os boletos de impostos de sempre florindo nossa caixa de correio neste ano que nasce, eis a primeira coluna do ano de 2012.
Passada a euforia e as comemorações pela recondução-aclamação de Sua Pronta Apelação Recursal, o Presidente do Esporte Clube Bahia; sem prejuízo dos foguetes pela ida do tricolor à Sul-Americana e pela continuidade na elite brasileira, reflitamos um pouco sobre as perspectivas do Bahia para 2012. Sem precisar recorrer aos adivinhos e médiuns de plantão, porém jogando os clipes na mesa por absoluta falta de búzios, seguem as perspectivas para o novo ano:
MERCADO DA BOLA
Já disse o gestor ludopédico do ECB que “o mercado está muito aquecido” em recente declaração. Para bom entendedor, significa nada menos que, ao esperar o mercado esfriar, pretende o Bahia no mínimo jogar na mega-sena do mercado futebolístico. Ou seja: a política do “jogar o barro na parede para ver se cola” continuará a ser plenamente aplicada doravante.
Todo mundo sabe que dois fatores são cruciais para que um bom jogador prefira um determinado clube. Um deles é a visibilidade; o outro é o salário. Não necessariamente, porém quase sempre nesta ordem.
Aos poucos começa a desvelar-se o abismo cada vez maior entre os clubes da elite nacional; e diante do recente vexame do “phutebol-arte dadaísta” do Santos contra o “Impressionismo Expressionista” de Guardiola, Messi e cia. do Barcelona, o futebol brasileiro hoje tem buscado parcerias fora do ramo esportivo para poder manter os craques de que necessita. A cara de moleque sonso de Neymar junta-se à daquele loiro magrinho que quer pegar todo mundo diuturnamente nas telas de TV, numa autêntica lavagem cerebral a fim de, quem sabe, desviar o foco do torcedor a gravíssima crise de RH no futebol do nosso país faltando dois anos para o mundial no Brasil. Enfim: tudo gira em torno do futebol-negócio, e o marketing é uma ferramenta mais do que importante do que o esporte efetivamente jogado em campo.
Neymar é um craque diferenciado e um jogador que dispensa comentários, mas dentre os múltiplos fatores para o insucesso santista no mundial 2011 talvez resida a superexposição do mesmo, criando uma imagem distorcida de um menino que ainda não tem a mínima condição de liderar uma equipe ou de chamar para si a responsabilidade de um jogo. Apesar disso tudo, o garoto dá para o gasto num Brasil tão carente de talentos ou de esquemas táticos mais eficazes.
Os clubes do “G12”, grupo fictício que engloba os “grandes” do Brasil, já sabem que a fórmula do sucesso está mais do que nas equipes bem montadas, e sim também nas contratações “de peso”, que realmente decidam em campo. E em cima de tais contratações, o marketing acaba atraindo o torcedor ao estádio e receitas para o clube à medida em que der resultados.
Um Neymar, um Deco e um Liédson seriam impensáveis anos atrás no nosso país por tanto tempo e na fase em que se encontram. Reparem que o campeão Corinthians não é lá estas coisas todas em termos de talentos individuais, mas funciona. Faz gol. Ganha os jogos. O mesmo se aplica ao Vasco, que no ano todo foi um pouco mais estável do que o Timão. Tem nomes diferenciados como Juninho, Diego Souza, Bernardo (grata surpresa) e um elenco que valorizou muito a base do clube.
Em relação ao Bahia, reconhecemos e valorizamos os esforços da diretoria em trazer Carlos Alberto, Ricardinho e Jobson, atletas “de nome”. Pode-se alegar que são jogadores problemáticos (e de fato são) e que era “o que o dinheiro poderia contratar”, mas foram uma boa jogada de marketing até o momento que não corresponderam em campo e fora dele. Eu acredito que Jobson deu certo enquanto durou, porém caiu de produção e começou a fazer besteiras fora de campo. Foi um investimento de risco e o Bahia pagou seu preço. Eu tenho até para mim que sem Jobson poderíamos estar até rebaixados hoje por conta dos importantes gols que o mesmo marcou no Campeonato Brasileiro.
Em contrapartida, Ricardinho e Carlos Alberto… nada fizeram pelo time de fato. Ambos poderiam ter ido para outro clube e arrebentado a boca do balão e a torcida do Bahia estaria indignada se perguntando “por que não contrataram eles?” Ok.
O problema não é exatamente contratar A ou B, mas saber contratar e montar o elenco.
Que fez Junior, o Coveiro, para estar no elenco do Bahia?
Que fez Boquita e Camacho para estarem no elenco do Bahia?
E Souza? Quanto tempo este demorou para conseguir se encontrar dentro do time???
Talvez imitando exemplos de Vasco, Flamengo, Corinthians e Santos com suas contratações de peso, Sua Inteligência, o Presidente do Esporte Clube Bahia, tentou fazer a versão nordestina destes clubes contratando tão valorosos craques.
O Bahia tinha Souza e Jobson, e… Junior e Jones na reserva. O Corinthians tinha Liedson e Adriano; mas também tinha Willian, Jorge Henrique, Danilo etc. Adriano não jogou quase nada neste ano. Mas havia quem pudesse substituí-lo com louvor.
Além disso, o campeão Corinthians e o vice mundial Santos não contrataram técnicos falastrões no começo do ano nem montaram seus elencos com jogadores terceiro ou quarto reservas de outros clubes. Nem montaram elencos com 40 atletas para poucos apresentarem condições de serem usados em caso de necessidade.
Voltando à vaca fria, o mercado realmente está muito quente para o Bahia e nem com uma roupa antichama da Nike o Bahia consegue montar um elenco para disputar de verdade um Brasileiro ou uma Sul-Americana para visar ao título.
Jogador de ponta quer ser visto, passar no Esporte Espetacular todo domingo e cantar o hit do verão no especial de fim de ano da Globo. Não quer aparecer no compacto dos gols do Fantástico uma vez na semana e jogando naquele time-do-nordeste-de-torcida-engraçada contra os Camaçaris da vida. Ah! jogador de ponta também quer grana para desfilar com sua BMW ou Mercedes na tórrida noite carioca ou paulistana; e de preferência recebendo em dia…
Portanto, não esperem nada de extraordinário além daquele time que “dá pro gasto” ou “dá para o Campeonato Baiano”. Se colar, colou, e palmas para o Presidente. Se não colar, o que é mais provável, a culpa é do planejamento em longo prazo o qual ninguém, exceto o Presidente, sabe qual é; e a oposição ainda quer enterrar o baba dos caras?! Francamente, hein?
Eu creio que uma base está em formação (se não for vendida) e a espinha dorsal do elenco do ano passado por enquanto tem sido preservada. Mas será que isso é o suficiente? Será que as “contratações de peso” para este ano serão realmente algo sólido e concreto, sem dúvidas ou questionamentos por parte de torcedores e cronistas? Será que pelo menos vamos conseguir sonhar com algo neste ano que seja mesmo real???
E, finalmente, será que vamos conseguir vencer o disputadíssimo Campeonato Baiano contra o rival cada vez mais em crise interna e com a moral em baixa???
Feliz ano novo!
ENCONTRO DO FÓRUM E OUTROS BICHOS
Por razões esponsalícias não passei o ano novo em Salvador desta vez. Porém, provavelmente, se Deus e o Calendário quiserem, neste ano conhecerei a todas as figuras deste fórum e estes conhecerão a minha figura.
Até agora, duas ou três contratações feitas diante do “mercado aquecido”. Me parece que este Jeferson do Vasco é um bom jogador. Não conheço este moço do Siará. As renovações seguem com grande impasse, especialmente a do Titi.
Valorizar a base é uma das fórmulas do sucesso para um clube sem muitas condições. Grêmio e Inter para mim são exemplos de clubes que historicamente apostaram em jogadores da região e em times bem montados. O colorado, inclusive, tem apostado no seu programa de sócios e no marketing cada vez mais e contratado cada vez melhor pontualmente para cada posição. Por sinal, o novo estádio do Grêmio já está sendo erguido na capital gaúcha; em área antes degradada (zona portuária). Os clubes vão se modernizando e buscado melhorar suas estruturas. O Bahia aposta no novo CT, em grande negócio costurado no ramo imobiliário; e o marketing ainda capenga com o tal de TOB. Divergências ideológicas à parte, o Tricolor tenta se ajeitar, porém ainda não vislumbrei maior maturidade e desejo de acompanhar tendências reais e efetivas.
Leia-se por tais tendências um clube aberto para quem puder ter melhores ideias do que as que aí estão – estas, certamente, ideias que não deram maiores resultados até hoje.
Estamos cansados da mesmice do dia-a-dia. Precisamos acima de tudo de seguir o exemplo do Clube Náutico Capibaribe. Se o Timbu pernambucano será um grande clube ou não, isso não sei. Mas certamente a torcida – tão-somente ela – será responsável pelos rumos do seu clube doravante.
Finalmente, na Salvador do todo-enfiado, do prefeito latin lover, do metrô de brinquedo e da bandidagem que não respeita mais nada, cada cidadão tem o governante que merece; por extensão, os dirigentes futebolísticos que merece e os clubes de futebol que merece. A dinastia que comanda o tricolor é de fato consequência de uma sociedade que não se importa com mais nada além do dia de hoje e com seu próprio umbigo; e cujo sentimento de nação ou de pertencimento à terra esvaem-se a cada dia com os flamengos da vida e a cultura da depreciação gratuita contra tudo o que é nosso e é bom ou faz bem.
Saudações Tricolores e um próspero 2012.
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