é goleada tricolor na internet
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Publicada em 8 de abril de 2013 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Tributo ao Regional

Não, não vi o jogo. Nem quero ver nada dele. Televisão e internet estão proibidas de serem acessadas nesta casa por estes dias a partir de hoje, e aqui aonde moro, jornal baiano só chega às duas da tarde. Na verdade, nem seria necessário ver jogo algum, tampouco seu compacto, para saber o que foi esta partida de ontem e seus desdobramentos.

Tive um excelente domingo. Saí para passear com esposa e cunhada que nos visita, e aproveitamos a oportunidade para descansar um pouco da rotina tão atribulada. Ver o Bahia cansa. Falar do Bahia é chato e maçante porque não há o que dizer além do que já se sabe sobre a trajetória do clube. Muito menos há o que fazer: seria a mesma coisa que eu exigir que o Audax, clube pertencente a um empresário dono de uma rede de supermercados cujo único objetivo no futebol é o lucro, pudesse disputar a Libertadores da América e angariasse de uma hora para outra uma imensa torcida atuante mediante eleições diretas.

Para não estragar o meu domingo, e sabendo da grande probabilidade de um resultado adverso até então, procurei cuidar da minha própria vida. Creio que, certamente, muitos outros torcedores do Bahia fizeram o mesmo ontem a fim de não permitir que determinado grupo de pessoas, indiretamente, lhes pudesse provocar algum dano emocional.

Quando a partida começou, eu estava no supermercado fazendo compras. A cada seção que visitava, colocava os itens escolhidos no carrinho e, pelo celular, acompanhava o placar do jogo. Parecia que a cada cinco minutos o rival marcava um gol. Tentava acreditar que eu estava enganado, e que os sites da internet estavam fazendo uma brincadeira de mau gosto e bem atrasada de primeiro de abril.

Mas aquilo era real. O Esporte Clube Bahia da Ribeira mais uma vez amealha impressionante recorde, a saber:

1- Um rebaixamento para a Série B em 2003.

2- Um rebaixamento para a Série C em 2005.

3- Goleadas históricas contra Ferroviário-CE (7×2), Cruzeiro-MG em casa (7×0), Icasa-CE em casa (4×2), o Rival (6×2 e agora 5×1)

4- ONZE gols tomados do Rival em dois clássicos seguidos em plena Fonte Nova

5- O estúpido caso do Clube de Regatas Itapagipe, que terminou com a patética divisão do título baiano entre Bahia e Rival em 1999

6- O inédito nono lugar no Campeonato Baiano, em 2003

7- Suposta compra de vaga na Copa do Brasil de 2005, excluindo a Catuense, a verdadeira merecedora desta vaga

8- Desde o ano 2000, NOVE títulos baianos para o rival, sendo destes dois tetracampeonatos; de TREZE disputados. Ou seja: não assistimos um inédito DECACAMPEONATO do clube rival por obra e graça de feirenses e ilheenses

9- Impressionante perda da vaga na Série A em duas ocasiões: uma em 1999, perdendo para o Santa Cruz de Recife; e outra em 2004, perdendo para o Brasiliense, depois de praticamente todo o campeonato ser favoritíssimo à conquista do acesso

10- Desclassificação precoce da Copa Nordeste contra clubes sem a menor expressão, quando o Bahia era franco favorito à final.

Não coloco nesta lista a célebre “virada de mesa” de 2000, pois isto não foi mérito algum deste grupo político, e sim carona na iniciativa dos cartolas da CBF e cia ltda ao criar a famigerada Copa João Havelange, competição na qual a Rede Globo transmitiu sua primeira partida filmando os jogadores apenas do pescoço para cima ou da canela para baixo, na grande final entre Vasco e São Caetano.

Como a moeda tem dois lados, vamos citar outras realizações do grupo político gestor do Bahia:

1- Acesso à primeira divisão (o pai desceu, o filho subiu: criatura superando o criador)

2- Contrato com fornecedor de material esportivo internacional, TERCEIRIZADO, com qualidade do tecido inferior e estampas copiadas de outros clubes. E cifras bem abaixo do que o atual campeão mundial recebe. MUITO abaixo.

3- Construção de novo CT (realmente, não tenho o que falar deste item. Para mim, uma excelente iniciativa. Poupem-me dos detalhes sórdidos do contrato, se é que os há)

4- Eleições diretas em 2345 depois do Anticristo, com chapas legítimas de oposição e conselho deliberativo transparente e sem oportunistas de qualquer natureza ocupando este espaço

5- Contratações de JOGADORES DE SELEÇÃO, como o EX-campeão mundial Kléberson (um PÉSSIMO reserva) e o ganês ianque cujo nome rima com o orifício humano outrora delegado à torcida por Sua Alteza, o Presidente do Esporte Clube Bahia.

6- Talvez a primeira contratação de um argentino depois do grande Sanfelippo, só que o nome do diferenciado craque não é Lionel tampouco seu sobrenome é Messi.

7- “Visibilidade do clube” no mercado da bola. Na verdade não precisava nada disso quando TODOS OS PORTAIS DA INTERNET BRASILEIRA estão noticiando o vexame de ontem na primeira página. Parabéns!

8- Plano de sócio-torcedor disfarçado de plano de venda antecipada de ingressos

9- Reeleição UNÂNIME da atual diretoria, apesar de tudo isso que coloquei mais acima.

10- Por favor, insira o décimo item aqui, porque não consegui achar mais nada.

Por falar em Vasco, para quem não se lembra, em 2000 fizeram a maior lambança com a Copa João Havelange, e devido a uma rusga do então mandatário vascaíno Eurico Miranda com a Rede Globo, o ex-capo vascaíno teria ordenado que o clube carioca entrasse em campo estampando o logotipo da principal concorrente da Vênus Platinada na época, a rede de TV pertencente a Sílvio Santos; e sem autorização do seu proprietário. Aquela mesma rede que repete um determinado programa humorístico mexicano dos anos 70 há quase 30 anos e que veicula volta e meia atrações de gosto muito duvidoso, porém que dão grande audiência.

O SBT é uma emissora de um dono só, praticamente uma Sociedade Limitadíssima. Seu dono não está nem um pouco preocupado com o mercado nem com as criticas; talvez nem com a audiência em si. Ele quer ver o povão dando risada com aquele “menino” para com o qual ninguém tem paciência. Se vai ter lucro ou prejuízo pouco lhe importa já no final da vida, e que se explodam os seus herdeiros. O Bahia é um clube de um dono só, de propriedade do patriarca e capitaneado pelo herdeiro. Contrata apenas os seus afetos como conselheiros e desdenha de quem é contra, pois o que importa é ver o povão feliz lotando o belíssimo Estádio da Fonte Nova e dizer ao final: “vamos ter esperança, pois o time ainda não está pronto e ainda lideramos nosso grupo no campeonato baiano, e quarta-feira vamos começar a campanha rumo à conquista de mais um título nacional.

Sílvio Santos e o grupo político que gere o Bahia sabem, certamente, o que seu público mediano realmente deseja, e procuram atender com presteza a tais anseios. Seria mais ou menos como se o presidente da república ordenasse aumento do salário mínimo para mil reais e corte total de juros para a baixa renda sem se importar de fato com o impacto nas finanças do país; com o único objetivo de agradar ao “povão”. A diferença é que a rede televisiva só interessa ao seu dono, pois o telespectador possui outros canais à sua disposição e não existe fidelidade neste ramo. Já o torcedor, e principalmente o sócio do Bahia… ah, o Bahia não interessa a “ninguém”, posto que seu torcedor e sócio não são ninguém para eles; porquanto os verdadeiros formadores de opinião desta terra de “dous ff”, como diria o poeta Gregório, fecham os olhos para o fato, amigos que são.

Sílvio Santos, ao lado das Organizações Globo e do Grupo Abril, são alguns dos mais poderosos instrumentos de mídia no Brasil. Ditam opiniões políticas, ditam regras no mercado e até no comportamento. Na Bahia, o Estado, segue a mídia de forma bem regionalizada ditando a pobre cultura do pão-e-circo com recheio de sangue a quem os assiste e venera, inclusive os ditos apresentadores populares. Perante jornalistas aparentemente sérios, difamações como a alcunha de usuário de drogas (que hipocrisia…). Perante o torcedor indignado, votos de autossodomização. Intitulado “Rei da Baixaria”, Sua Alteza entende que Abril não é A Tarde e que Juca Kfouri tem mais de 30 anos no jornalismo esportivo, inclusive com passagens pela Globo nacional. O Príncipe não é burro.

Não vou pedir pela saída deste grupo político, porquanto é notória sua completa competência no comando do Bahia diante de todo exposto. Sou apenas um pobre-coitado ignorante brincando de escrever… na verdade está mais próxima do que nunca a volta por cima e os títulos de campeão baiano, campeão da Libertadores, campeão mundial e interplanetário. Não conheço nada de futebol; nem de cálcio, fósforo ou magnésio, exceto a semelhança com o meu prenome, o instrumento usado para acender o fogão e o componente do meu remédio para estômago (bastante usado ontem pelos torcedores). Eu deveria inclusive me envergonhar de criticar os senhores, autoridades magnânimas do esporte que tanto enchem o povo baiano de orgulho, em associação com regionalíssima elite baiana, que sabe fazer carnaval como ninguém. A sua competência já está comprovadíssima inclusive pelo Poder Judiciário da Bahia, haja vista a relevância do Bahia perante a Sociedade a ponto de cassarem liminares de tumultuadores em plena madrugada e colocar outro colunista deste site, um trabalhador e pai de família, em seu devido lugar, haja vista os absurdos proferidos contra a Coroa em passado recente.

Voltando à realiDADE, quarta-feira tem o Bode Gregório no Maranhão, a primeira partida rumo a um título inédito na Copa do Brasil. Todos à frente da TV torcendo, pois ao povo baiano e torcedor do Bahia, é isso que resta: torcer para que o Improvável Esporte Clube, numa combinação de resultados, possa levar o Bahia ao topo do mundo.

Não, o Bahia não vai acabar! A fonte jamais secará posto que são recursos renováveis. Não viraremos Ypiranga, não viraremos Galícia. Não estamos na UTI da bola nem estamos fadados a rebaixamento algum. O que ocorreu foi apenas um dia de festa virar um dia de pesadelos, mas pesadelos passam: é só não comer feijoada antes de dormir nem dormir de barriga pra cima. O Bahia é apenas o que sempre foi. A diferença é que o futebol brasileiro atingiu um grau inédito de adaptação ao mercado e tornou o Bahia relativamente menor do que sempre foi de fato.

E segue a Bahia batendo recordes de desemprego, baixa escolaridade, etc. O que move este povo sofrido é a esperança. Esperança que nunca vem enquanto assistimos repórteres picarescos agitando os braços e gesticulando de indignação diante de mais um corpo atolado numa poça de sangue. Esperança que jamais chegará enquanto políticos se protegem entre si diante de seus telhados de vidro. Esperanças já perdidas quando pessoas que deveriam formar opinião deixam-se engabelar em seus próprios benefícios. O Bahia não vai mudar nunca. E deem graças a Deus, Jah ou Satanás por estarmos na primeira divisão.

Que venha o bode Gregório, posto que ao lado das pessoas na sala de jantar, nada é tão ruim que não possa piorar. Preocupemo-nos apenas em nascer e morrer.

E que venha o poeta Gregório, para ao final dizermos em uníssono: “TRISTE BAHIA”

Segue abaixo a canção que dá título a esta coluna: não há mais nada o que dizer. Um belo chorinho, em pleno Campo Grande, sob a batuta do mesmo personagem que um dia gravou o hino do nosso maior rival. Aqui, apenas o cavaquinho chia.

Resignações Tricolores!

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