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Publicada em 30 de agosto de 2010 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Tendinites e o Tendão de Aquiles

Escolhi este tema pois na última semana me deparei com 3 casos iguais no departamento médico do Bahia. Nen, Ávine e Jael vinham se queixando constantemente de dores no tendão, daí tive a idéia de comentar sobre esta patologia.

O tendão é um tecido fibroso, composto primariamente por colágeno, que conecta o músculo ao osso, sendo responsável pela transferência de força entre os dois gerando o movimento da articulação.

O tendão de Aquiles, que hoje, pela nomina nova, passou a ser chamado de tendão calâneo, é o mais resistente do corpo humano, e o mais suscetível a lesões, por pertencer a um grupo músculo-tendineo que cruza duas articulações: o joelho e o tornozelo.

É importante diferenciarmos 4 lesões distintas, que na verdade, podem ser vistas como 4 estágios evolutivos da mesma patologia.

A tendinite (estágio inicial) é um processo inflamatório que leva a dor na face posterior do tornozelo.

Essa inflamação, cronicamente, leva ao enfraquecimento do tendão, tornando-o susceptível a lesões parciais. Essa seria a segunda fase.

As Lesões parciais cicatrizam, porém quando esta cicatrização ocorre de uma forma desordenada forma-se um tecido que não apresenta as mesmas características mecânicas do tendão íntegro.

A alteração desse tecido cicatricial gera a tendinose, que pode ser traduzida como uma tendinite crônica, ou seja, a terceira fase. Muitas vezes, quando não tratada, a tendinite pode evoluir a um ponto ainda mais grave e pode provocar uma lesão completa do tendão. As duas primeiras vezes são mais fáceis de tratar, com as medidas que estamos descrevendo abaixo elas são facilmente resolvidas. Já a fase da tendinose e ruptura do tendão requerem cuidados especiais sendo até as vezes indicado tratamento cirúrgico.

As causas mais comuns da tendinite aquileana são:

• aumento abrupto da quilometragem ou velocidade nos treinos;
• quantidade excessiva de subidas no treino;
• retorno muito rápido aos treinos após um período de repouso;
• trauma, secundário a contração vigorosa e repentina da musculatura da panturrilha (p.ex. no sprint);
• over trainning;
• alterações anatômicas do pé ou tênis inapropriado.

Inicialmente, o principal sintoma da tendinite é a dor, bem localizada na face posterior do tornozelo. Nos estágios iniciais, a dor aparece ao final do treino ou durante subidas mais íngremes.

Após certo período, a dor começa a incomodar cada vez mais cedo no treino, evoluindo para episódios de dor, mesmo em repouso. Uma queixa comum é a dor ao subir escadas.

Um déficit de força para realizar a flexão plantar do tornozelo é outro sintoma comum.

O principal sinal físico é um edema (inchaço), localizado sobre o tendão. Nodulações podem aparecer no trajeto tendíneo.

Alguns diagnósticos diferenciais devem ser pesquisados na hipótese de tendinite calcânea:

• a síndrome do impacto posterior, secundária a presença de um osso acessório (os trigonum);
• a bursite calcânea, que é a inflamação da bursa entre o tendão e o calcâneo;
• a moléstia de Haglund, caracterizada pela presença de um “esporão” posterior;
• mal alinhamento do retro pé, levando a uma marcha com pronação ou supinação excessivas.

Todos esses são patologias que podem ser confundidas com a tendinite e devem ser avaliadas e afastada do diagnóstico. O tratamento depende do estágio evolutivo da lesão, sendo a ressonância nuclear magnética o exame mais sensível para essa avaliação.

Nos estágios iniciais e na maioria das rupturas parciais, o tratamento consiste em repouso, que pode ser o afastamento absoluto de qualquer atividade física, ou apenas uma redução na intensidade do treino. Em casos mais extremos, um período de imobilização (com gesso ou brace) é benéfica.

Os antiinflamatórios não-hormonais são importantes na fase aguda, principalmente aqueles com inibição seletiva da COX2, por apresentarem maior segurança contra efeitos adversos, são a medicação de escolha.

É importante salientar o risco das infiltrações com corticoesteróides, porém quando bem indicadas, apresentam bons resultados. Uma infiltração realizada inadvertidamente no tecido tendíneo pode provocar sua ruptura.

O uso de órteses, principalmente para o calcanhar, diminui a tensão no tendão e, quando necessário, corrigem o mau alinhamento do retro pé.

Nos últimos anos tem-se obtido excelentes resultados com a aplicação do PRP (plasma rico em Plaquetas) isso nada mais é do que um material retirado do sangue do próprio paciente e passado por um processo. Esse PRP será alvo de um artigo especifico nosso. Ele representa uma das maiores evoluções da Traumatologia desportiva dos últimos tempos.

Fisioterapia. Este deve ser o método de escolha do tratamento onde incluindo, além dos meios físicos (crioterapia, USOM, tensis) fazemos o fortalecimento e alongamento da musculatura da panturrilha (gastrocnêmioe sóleo). Lá no INSBOT temos o cuidado de manter uma relação muito próxima com nossos fisioterapeutas, pois como a coordenadora de nossa unidade do Rio Vermelho, Dra. Mariana Marques, diz: “o mais importante é nos comunicarmos e entender as necessidades do paciente”.

Para finalizar expomos 6 medidas que devem diminuir a incidência da tendinite calcânea nos seus treinos:

1. Escolha seus tênis com cuidado, dando especial atenção a absorção de impacto no calcâneo.
2. Alongamento e aquecimento são imprescindíveis antes do treino. É melhor perder cinco minutos aquecendo do que meses de reabilitação.
3. Aumentos da distância e velocidade devem ser graduais. Não exceda 10% por semana.
4. Evite sprints e excesso de subidas, a menos que sejam essenciais para seu treino.
5. Faça um programa de fortalecimento para panturrilha e face anterior da perna.
6. Conheça e respeite seus limites.

Dr. Fabio Costa CREMEB 15998 TEOT 8421 e-mail: [email protected]
Médico Ortopedista pela Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT)
Especialização pela U.S.P. em Cirurgia Video-Artroscópica e Cirurgia do Joelho
Pós Graduação em Traumatologia Desportiva pelo C.E.G.O.N. do HCFMUSP
Titular da Soc. Latinoamericana de Artroscopia, Rodilla e Desporto (SLARD)
Titulo de Especialista pela Soc. Bras. de Traumatologia Desportiva (SBTD)
Titulo de Especialista pela Sociedade Brasileira de Artroscopia (SBA)
Chefe do Grupo de Joelho e Traumatologia Desportiva do INSBOT
Coordenador de Ortopedia da Clinica São Bernardo
Médico Coordenador do Esporte Clube BAHIA
www.insbot.com.br
www.doutorfabiocosta.wordpress.com.br

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