Quando se diz que o futebol brasileiro anda nivelado tecnicamente por baixo não há exagero algum, acabou o tempo em que as chamadas grandes forças se impunham com largueza diante dos pequenos e médios clubes. Nossos dirigentes não sabem contratar, é o choro do torcedor brasileiro, porque aqui como em qualquer outro lugar, contratar é mais fator de sorte que de competência quando o dinheiro é escasso.
Se no Sul-Sudeste os times contratam os melhores dentro desse cenário de vacas magras, tecnicamente falando, é devido à própria condição econômico-financeiro daquela região. Sobra então o quê para clubes do Nordeste e demais regiões menos favorecidas no contexto? O Bamburro como se diz na gíria do garimpeiro ao achar uma grande pepita de ouro , ou jogadores depois dos 30 que buscam contratos mais longos numa condição de valores que o Sul-Sudeste não mais lhes oferece.
Venho batendo na mesma tecla, sempre; não adianta ficar tentando a sorte demasiadamente em cima do desconhecido, ou achando que jogador de nome internacional brasileiros especialmente venha para a nossa região motivado como um garoto.
Carlos Alberto, aquele mesmo espetacular meia que foi elogiado por Mourinho quando se sagrou campeão da Champion Ligue, foi contratado pelo Bahia e só fez um jogo de padrão técnico alto que foi contra o Fluminense 1×0 gol de Jobson no Engenhão. Dali em diante ele até tentou, mas a motivação não era a mesma que seria jogando por um clube do Sudeste, principalmente, do eixo Rio-São Paulo.
O Próprio Carlos Alberto, conversando com meu filho Renato , quando perguntado por este se havia comprometimento do jogador rodado como ele, em clubes como o Bahia, ele foi categórico em dizer que não havia esse comprometimento na mesma proporção, por exemplo, da prata de casa, ou, do jogador regional. E disse que isso não era ser mau caráter, apenas se tratava de algo natural, não de propósito. Para mim isso não foi e nem é novidade alguma, foi apenas ratificação dos meus próprios sentimentos.
Carlos Alberto, atualmente defendendo o Vasco da Gama, está jogando muito, como em seus primórdios, e é finalista do campeonato carioca.
Por que fazer reflexão. Pelo simples fato de uma constatação óbvia. Saíram precoce e vergonhosamente do Nordestão, Sport, Santa Cruz, Bahia e Vitória. Pensa que acabou aí? Não. O Fortaleza perdeu nas semifinais e o Ceará idem. Perderam pra quem? Campinense e Asa de Arapiraca, respectivamente. Quem são os melhores clubes do Nordeste? Asa e Campinense.
Bahia, Sport, Ceará, Fortaleza, Vitória e Santa Cruz… Senhores, respectivos presidentes, está justo isto? Justo pode estar, mas certo jamais! Entendo que isto é questão de competência. Nome não joga, nem de clube e nem de atleta, e foi nessa armadilha que caíram os grandes acima citados. Não arrisco dizer qual clube será o campeão baiano, a Copa do Nordeste deu-me o juízo necessário para entender que o favoritismo regional não mais existe. É o que dizem as evidências.
Como reverter essa situação não é difícil imaginar, difícil é abrir mentes retrógadas que não enxergam o futebol atualmente como um dos maiores negócio do planeta. Deixem o fanatismo, as vaidades e as rivalidades para as torcidas. Profissionalizem ao máximo seus clubes e se entendam como empresários comuns, porém competentes como em qualquer outro negócio.
Por exemplo, o Santa Cruz, um clube tradicionalíssimo, importante no contexto do futebol como um todo, está à deriva e ninguém se une para salvá-lo. Não falo de unidade diretiva interna porque esta já provou toda a incompetência possível. Falo de união regional para salvar um clube que na série D conseguiu colocar 100.000 torcedores no Arruda, seu estádio e não só por uma vez.
Nesses aspectos o problema não são os clubes e nem suas torcidas, sim seus dirigentes. Então deveria haver simpósios regionais e parcerias fortes entre clubes para traçar novas diretrizes, trocar ideias, e enfatizar experiências, como troca de jogadores por exemplo, porque isto aceleraria o lado motivacional e grandes revelações aconteceriam.
Lembro-me que em 1966/67 o futebol baiano estava ressurgindo de uma crise imensa, talvez a maior de sua história causada por um coronel do Vitória , e o Bahia precisou da ajuda de Náutico e Sport para formar um time digno de disputar o campeonato… Não havia dinheiro. Então vieram do Recife para cá, Toninho, Ailton, Breno, China, João Adolfo lembro-me apenas desses , todos sem oportunidades em seus clubes de origem e que aqui se tornaram ídolos.
É isso que precisaria existir entre os clubes da nossa querida região, interação profissional e não bairrismo. Essas interações até serviriam para combater um pouco mais essas aves de rapinas que são os agentes/empresário-procuradores, que transformaram a vida dos clubes em real inferno de sobrevivência, pois, os clubes revelam e eles roubam. É o futebol nordestino que precisa ser repensado urgentemente!
JOGADOR PROMESSA
Quase pedi para parar o mundo quando parte da torcida do Bahia considerou Lúcio Maranhão a grande contratação que o Bahia não fez. Quase pirei quando Cáceres foi anunciado pelo rival como jogador da seleção Paraguaia… Lúcio Maranhão está com passaporte visado para qualquer clube que o queira, enquanto que o Cáceres é literalmente paraguaio.
comentários
Aviso: Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião do ecbahia.com.
É vetada a inserção de comentários que violem a lei, a moral, os bons costumes ou direitos de terceiros.
O ecbahia.com poderá retirar, sem prévia notificação, comentários postados que não respeitem os critérios
impostos neste aviso ou que estejam fora do tema proposto.