Já se foram 13 rodadas de Brasileirão e o Bahia, para além da ótima campanha que totaliza 24 pontos (com 7 jogos ganhos, 3 empates e outras 3 derrotas), vem mostrando ótimo futebol, mesmo em caso de derrota, como, por exemplo, contra o Flamengo, no Maracanã..
Até aqui, o trabalho de Rogério Ceni ao implantar um modelo de jogo propositivo, alicerçado num meio de campo técnico e com grande capacidade de controlar os jogos, vem funcionando muito sólido.
Hoje, após grande rotação do elenco até o início do Brasileirão, dá pra dizer que o Bahia tem um time titular: Marcos Felipe, Arias, Gabriel Xavier, Kanu e Juba; Caio Alexandre, Jean Lucas, Everton Ribeiro e Cauly, Thaciano e Everaldo.
Além disso, contou com a participação efetiva de outros jogadores do elenco, como Gilberto (ao substituir muito bem o colombiano Arias, que vinha sendo um grande destaque da equipe), Carlos De Peña (jogador que possibilita dar algum descanso a Everton Ribeiro), Biel, Ademir e Estupiñan (atletas que podem alterar o modelo de jogo da equipe, seja dando velocidade e verticalidade nas pontas, seja trazendo mais presença de área). Além deles, menção honrosa a Cuesta (titular no início da competição, até sua lesão) e Rafael Ratão (autor do importantíssimo gol contra o Botafogo, no Rio de Janeiro).
Esta equipe foi capaz de ser protagonista em praticamente todos os jogos e vem sendo, com uma alteração ali e outra aqui, a equipe capaz de manter o time do G4 da competição após o seu primeiro terço.
Mas pergunto: este elenco é capaz de manter a equipe neste seleto G4 até o final?
Vejam, aqui, que não pergunto nem sobre título, mas sobre a capacidade de se manter no topo da tabela.
Por diversas vezes vimos Ceni destacando que o grupo é enxuto. E, assim como ele reclamou no primeiro quadrimestre, ao destacar que não tinha peças no plantel para manter as características do meio de campo da equipe (problema um pouco diminuído com a chegada de Carlos De Peña), me parece muito claro que ele tem razão, ao menos no que se refere a este setor do campo.
Hoje, para a lateral direita e zaga, o time me parece bem coberto em termos de peças (ainda que haja espaço para qualificar o miolo da zaga, já que David Duarte, quarta opção para a posição, me parecer uns 2 degraus abaixo dos demais). No início da próxima janela, com a chegada de Iago Borduchi para a lateral esquerda, penso que a posição estará bem servida, já que Juba segue crescendo na posição.
Contudo, tirando nosso quarteto de meio campistas titulares, o já citado De Peña e a polivalência de Thaciano (que vem sendo usado como atacante na fase ofensiva e extremo esquerdo no momento defensivo), hoje, dia 04/07/2024, temos uma disparidade técnica muito grande com relação às outras opções para o setor, que são Yago Felipe e Rezende.
Yago até esboçou uma melhora de desempenho do primeiro semestre, mas nas poucas chances que recebeu após o inicio do Brasileirão, deixou muito a desejar, em especial no jogo contra o Criciúma.
Rezende, por sua vez, desde a final do Baianinho, quando foi expulso, vem mostrando que está muito, mas muito distante do nível técnico que temos na volância. Isso sem falar nas dificuldades que vem encontrando quando entra no segundo tempo, como foi na partida contra o Flamengo. Até acho que ele pode ser útil em cicunstâncias muito específicas e para atuar na primeira linha defensiva, seja como zagueiro ou como um lateral esquerdo defensivo, mas não vejo qualidade técnica suficiente para que ele atue no meio de campo tricolor e dentro do atual modelo de jogo da equipe. Na minha concepção, ele não tem a qualidade técnica que um segundo volante exige ou a frieza e capacidade tática de um primeiro homem de meio de campo. Assim, no contexto atual, o veria como uma potencial opção para ser a quarta opção da zaga ou terceira opção da lateral, o que diminui bastante o leque de opções para o meio.
Uma coisa que me chama a atenção é algo que o próprio Ceni já falou em entrevistas: geralmente, todas as peças que o Bahia tem são praticamente aquelas que estão sendo relacionadas para os jogos, sem muitas sobras. E, definitivamente, dizer isso não me parece um exagero. Afinal, de acordo com a própria página oficial do clube, quando abrir a janela e Iago chegar para a lateral esquerda, o elenco contará com 28 atletas, sendo 03 goleiros e 26 jogadores de linha:
03 Goleiros: Marcos Felipe, Adriel e Danilo Fernandes
06 Laterais: Arias, Gilberto Cicinho, Iago, Juba e Ryan
05 Zagueiros: Gabriel Xavier, Kanu, Victor Cuesta, David Duarte e Marcos Vitor.
09 Meio campistas: Caio Alexandre, Jean Lucas, Acevedo, Rezende, Yago Felipe, Everton Ribeiro, Cauly, Thaciano, De Peña.
05 Atacantes: Everaldo, Estupiñan, Biel, Ademir e Ratão
Durante a Copa América e até o momento em que este texto é escrito, considerando que Arias está com a seleção da Colômbia, Acevedo lesionado e Iago ainda não pode atuar, temos 25 jogadores, sendo 03 goleiros. Ou seja: são apenas 22 jogadores de linha.
Neste cenário fico pensando no que aconteceria se perdêssemos Caio Alexandre e Jean Lucas ao mesmo tempo (o que não seria nenhum absurdo, pela posição que jogam). O Bahia entraria com Rezende e Yago Felipe na volância? Traria Thaciano, ao invés de Yago, e entraria com Biel? Não ficaríamos expostos defensivamente? E quais trocas teríamos pro segundo tempo? No primeiro cenário, teríamos que improvisar zagueiros ou laterais na volância, ou mesmo trazer meninos da base. No segundo caso, a opção seria Yago Felipe, que, como já constatamos, não vem bem. Em qualquer cenário, poderíamos ter problemas importantes e, hoje, em todos, como Rogério Ceni costuma pontuar em suas entrevistas, não teríamos trocas.
Por isso, seja para qualificar, seja para trazer opções, penso que o setor mais vulnerável e curto do Bahia hoje é o meio de campo. Como disse, temos várias opções para as laterais e para a zaga. Até para as posições ofensivas temos opções, até porque jogadores como Juba e Arias podem atuar mais à frente. Pode-se até discutir se não caberia aumentar a qualidade das peças da frente, das beiradas, já que Thaciano e Everaldo, apesar de importantes, úteis e esforçados, estão aquém do nível dos nossos meio campistas e até dos nossos laterais titulares. Mas em termos quantitativos, acho que temos as opções. No meio, já acho mais complicado.
Então, para concluir, penso que até temos um time titular com nível de G4, com possibilidade de jogar e ganhar de qualquer time brasileiro. Mas, pelo menos hoje, dia 04/07/2024, ainda não acho que temos um elenco de G4, o que poderia ser resolvido com a volta de Acevedo e com a chegada de um ou dois meio campistas para dar mais opções neste setor.
Hoje, pensando racionalmente, vejo o Bahia com um elenco talvez de nível de G6, definitivamente de G8 e com plenas capacidades, caso tudo se encaixe (o que significa não sofrer com lesões e muitas suspensões concomitantes) até de brigar por uma Copa do Brasil e buscar uma vaga de Libertadores para 2025.
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