Com esse arremedo de time, onde as excessões do razoável não passam de quatro ou cinco jogadores, o Bahia mantém no lugar comun uma torcida angustiada e sem esperança de dias melhores, um sentimento de orfandande vai tomando conta de todos. Enquanto isso há quem se ache indispensável ao ponto de achar que o Bahia se acaba sem ele. Um absurdo digno de Fidel Castro.
“Aquela atuação foi uma vergonha” (Ruy Acioly). Mas nem houve atuação, houve frouxidão e incompetência aos cântaros. Um bando de “aloprados” em campo foi o que vimos, mas nem tão “aloprados” assim, porque se fossem fariam de tudo para tentar agradar ao chefe, no caso, Comelli.
Massa sofredora, um estigma? Sim, no Bahia deste século assim como no Corinthians de sempre. Um espasmo aqui, uma melhorazinha alí, que não afasta o estigma de nenhum dos dois, porém. Alí pelo menos houveram mudanças, aqui nada se muda e tudo tende à perpetuação do sofrimento.
“Tá esquisito”, disse Rafael Bastos sobre o time do Bahia. Bota esquisitice nisso, Rafael! Que o ataque não faz gol sabemos desde o início do ano, mas isso não dá o direito ao grupo de não lutar, de não buscar em campo os resultados, assim como ocorreu diante do Vitória da Conquista na última partida do campeonato baiano. Essa é uma consciência que deveria ser permanente.
O ar de cemitério que paira no fazendão parece contagiar os jogadores. A apatia do time em campo contra o Santo André contagiou até o motivador Paulo Comelli que deu provas disso ao colocar em campo o apático Juca e o insignificante jogador Gilberto. Pretendeu o quê, Comelli?
Preciso citar os estabanados daquela tarde, Rogério e Rivaldo? Não seriam eles reflexos das incertezas no Bahia? E daqui em diante o que vai acontecer? Tá provado que o campeonato baiano não é parâmetro para se avaliar time de futebol algum. Se já não era para a Terceira Divisão, imagine para a segundona!
Fizeram a torcida crer que haveria uma transição entre a saída de Marcelo Guimarães e a posse de um novo presidente, era um não ao continuísmo. Parecia. Foi dito e prometido, à época, que haveriam eleições diretas. Não cumpriram.
A Fonte Nova foi fechada e o Bahia passou de residente à nômade. Virou circo pequeno ao se exibir para platéias diminutas. Todos sabiam das dificuldades que viriam a partir dalí, o momento era triste, porém propício para se estender a mão com humildade e estabelecer bases de convergências.
Então por quê não se profissionalizou a administração no E.C.Bahia para que o planejamento lhe desse imunidade nas dificuldades que de fato estavam iniciadas e agora estão difinitivamente instaladas?
Pessoalmente nada tenho contra os cidadãos que dirigem o Bahia e nem contra quem está por trás desses dirigentes. Mas tenho tudo contra a forma ditatorial como o Bahia é dirigido. Estou errado? O tempo, números e fatos, estão aí provando que o Bahia vive uma ditadura de dar inveja ao chavismo venezuelano.
Então a pergunta é simples e objetiva: qual esperança pode ter a torcida em ver um Bahia grande e organizado tal qual, sequer, o Goiás? Vejam que nem cito o São Paulo, o Internacional e o Gremio, a essa altura já ficaria calado se o Bahia estivesse aberto para uma discussão ampla, envolvendo todas as correntes que pudessem convergir.
Não posso ficar jogando tudo que sinto, como torcedor, em cima dos jogadores, a esses não cabem culpas. Falamos e falamos açodados pelo desespero, mas culpados mesmo são os dirigentes por não tentarem o melhor para o E.C.Bahia, que está tão intrínseco nas nossas vidas quanto o Pelourinho na história da Bahia.
O Bahia não pode e não deve ser restrito à paixão de um só torcedor, assim a tendência é o fim definitivo da instituição. Esperar que Pituaçú seja a salvação é um equívoco. Pituaçú é apenas um apoio para se começar a galgar degráus. Se a Fonte Nova que era o dobro do que saerá Pituaçú nunca foi redenção financeira nenhuma, então como imaginar que a nova praça venha se transformar em algo parecido?
O Bahia precisa ser repensado, precisa de idéias novas, precisa de homens verdadeiramente administradores que o possam colocar à luz da transparência. O Bahia de hoje é muito fechado na prática. As pessoas esquecem que há uma instituição pública em jogo e que isto requer mudanças de rumo tantas vezes quanto necessárias se tornem.
Se a atual direção tivesse tomado posse neste ano eu jamais a culparia pelo que está acontecendo com o time dentro de campo, mediante as circunstâncias. Aliás, particularizando este ano, não a culpei pela perda do campeonato baiano por entender que mais não poderia ser feito. O campeonato foi perdido no regulamento.
Mas a verdade é que quando assumiram o barco sabiam que as águas estavam agitadas e o leme estava em péssimas condições. A navegação teria que acontecer até o porto mais próximo possível e então parar, alí, para arrumar.
Mas o que aconteceu é que jamais pararam para acertar rumos e nem corrigir as avarias. A bússola tem sido as estrelas e a carta de navegação, esboçada por quem de direito, foi alterada em detrimento de um rumo correto e seguro. A náu agora está à deriva.
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Esboça-se na torcida do Bahia um grande manifesto assinado por milhares de pessoas insatisfeitas com a atual gestão do Clube, pretendem entregar ao Governador Jaques Wagner, quando da reinauguração do Estádio de Pituaçú, para que o Governador repasse-o às mãos do presidente do Bahia.
Não deixa de ser uma grande e civilizada atitude, aproveitando a oportunidade do evento Pituaçú, para protestar de forma inteligente e eficaz. Espero que haja outras facções aproveitando o evento para protestar objetivamente, porém de forma pacífica.
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Danilo Rios está à disposição de quem o queira contratar. Como trata-se de um xodó da torcida aí está uma boa oportunidade para repatriá-lo.
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Bahia e Fluminense andaram de mãos dadas na Segunda Divisão. O Fluminense chegou até a Terceira Divisão… Atualmente as diferenças são gritantes porque o Flu mudou na organização por necessidade. O Bahia não mudou nada! Um ascende e o outro só descende.
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