O Bahia recebe verba recorde de TV. O Bahia vende promessas da base. O Bahia vende o craque do time (a preço de banana, ok). O Bahia tem uma das maiores médias de público do Brasil. O Bahia não faz nenhuma contratação de impacto.
Então o Bahia, pelo menos, devia estar com bastante dinheiro em caixa, não?
Devia, mas o Bahia está com salários atrasados desde o ano passado. O Bahia não pagou a premiação do título baiano ainda. O título de 2012. Tá faltando dinheiro no Bahia.
Pelo jeito, nossos administradores das finanças não estão fazendo um trabalho muito bom. Essa é a visão otimista, que seja só incompetência. A visão pessimista (realista?) é que eles são muito competentes sim. São ótimos em desviar dinheiro, em maquiar transações pra beneficiar empresas parceiras (e nebulosas), em conseguir laranjas, em dar notas fiscais inexplicáveis e notas oficiais equivocadas.
O Bahia foi eliminado na primeira fase do Campeonato do Nordeste. Não foi na primeira fase da Libertadores. Não foi na primeira fase da Sulamericana. Foi na primeira fase da Copa do Nordeste. Num grupo que tinha potencias de série B como Ceará e ABC, além do Itabaiana, potência da série D. O maior orçamento caiu na primeira fase. Tomando couro em casa de Ceará e ABC (de 3×0!)..
Eu estou com vergonha desse time que está vestindo as cores do meu Bahia, usando o distintivo dele. O Bahia entrou contra o Itabaiana precisando de 5 gols. Jogou pedra em cruz e nada. Faltou luz (faltou…) e o Bahia teve 30 minutos no 2o tempo já sabendo o resultado do outro jogo. E o resultado cobrava 3 gols do Bahia. 3 gols em meia hora. Contra o Itabaiana. Mas o Bahia foi um time sem garra, sem vibração, sem entrega. Não fez nenhum gol. Se jogasse uma semana, continuaria sem fazer, porque não chuta no gol, não cria nenhuma chance.
Perdeu a classificação. Ganhou 40 dias de folga. Férias remuneradas (isso se o clube pagar os salários…). Tempo de sobra pros reforços (reforços?) entrarem em forma, bem como os jogadores oriundos da luta contra o rebaixamento de 2012 (e 2011). É rezar pro argentino ser um novo Montillo ou Conca. Pra Obina ser melhor que Etoo. Pra Adriano MJ ser o mesmo da série B, contra adversários de série A. Parece ser o que nos resta: rezar.
Temos uma folha salarial milionária, pagamos centenas de milhares de reais a jogadores como Zé Roberto, Souza e Kleberson. Quer dizer, dizemos que pagamos, mas os salários estão atrasados… E esse filme de salários atrasados e vexames em campo a gente já viu muitas vezes no Bahia…
Os marmanjos não querem nada. Os jovens se esforçam mas não seguram o rojão (ou assim acreditam nosso treinador Jorginho – se já não tiver caído quando esse texto for lido – e nosso gestor Angioni). Ryder é um oásis de qualidade e disposição no time titular. Aliás, por mim, põe a garotada pra jogar mesmo. Madson, Talisca, Italo, todos tem bola pra barrar Neto, Diones, Kleberson, Jeferson. E, pelo menos, tendem a jogar com muito mais raça e amor à camisa.
O Bahia está envolvido em maracutaias cada vez mais claras. Negociatas sujas. A base como balcão de negócios, como pizza, fatiando os jogadores entre os empresários parceiros e os alaranjados. A Calcio, uma empresa que do nada se tornou a mais lucrativa do mundo, investindo pouco e lucrando 10 vezes o valor… A Calcio está cada vez mais vitaminada no Bahia. Mas ninguém sabe nada, ninguém diz nada.
Quando sai no A Tarde, faltam provas. Quando sai no Terra, é só a ponta do iceberg… Quando rolou a intervenção no Bahia, ano passado, foi uma celeuma. “Hora inoportuna”, “tumultuadores”, “oposição oportunista”, eram vários comentários. A intervenção não deu em nada – e a CPU sumiu e reapareceu. Mas, agora, uma auditoria do Ministério Público é clamor da nação. A velha cultura de remediar, e não prevenir.
O novo estatuto mais retrógrado do mundo só institucionaliza o feudalismo que reina no Bahia. Uma cultura de dominação oligárquica que faria inveja aos grandes coronéis do passado.
Esse Bahia está dando vergonha. Não porque perdeu. Não porque foi eliminado. Mas porque não pareceu querer ganhar em nenhum momento. Porque dentro de campo faltou, sim, amor à camisa. E, fora de campo, parece faltar honestidade mesmo. E essa dor de corno, de se sentir traído por quem cuida do seu maior amor, dá uma vergonha tremenda.
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