Tenho visto manifestações de protestos e críticas, no meu ponto vista, um pouco exageradas, com relação ao nosso glorioso tricolor. Em alguns aspectos existe coerência e embasamento, mas na sua maioria parece uma extensão das opiniões formadas por boa parte da imprensa, o que é muito preocupante.
Quem disse que existe time imbatível? Em esporte coletivo, quem sempre vence e não faz partidas ruins? Que treinador é perfeito e nunca erra em escalações ou substituições? Que jogador mantém o alto nível de apresentações individuais? São perguntas que faço para elucidar alguns fatos que envolvem o Tricolor de Aço.
É preciso um pouco mais de lucidez ao se fazer certas afirmações, principalmente, quando o assunto é futebol. A euforia aliada à doses de entusiasmo, muitas vezes, nos leva a percepções precipitadas, incertas. O que estou presenciando nesse momento com as afirmações sobre nosso time, é uma mistura de todos esses fatores.
Não, o Bahia não montou um supertime. O sentimento que tomou conta de todos nós, no início dessa temporada, está relacionado ao simples fato de não começarmos tão bem assim há tempos. Associar a campanha à grandeza do elenco é um exagero. O grupo, de fato, é o melhor já montado pelo clube desde 2004. Mas daí a querer achar que não temos direito de errar, me parece um equívoco descabido.
Vamos, sim, jogar mal. O treinador não vai acertar todas. E os jogadores vão alternar bons e maus momentos. O que faz um time campeão é a regularidade. Quem acompanhou os três últimos títulos do São Paulo na Série A sabe do que estou falando. Quando, nessas conquistas, o time foi brilhante, incontestável? Nunca! Pelo contrário, até hoje se perguntam como eles conseguiram vencer o tri-campeonato. Muricy, por pouco no ano passado não foi demitido, logo após a derrota na Libertadores. Foi contestado pela desclassificação, mas a diretoria sabia que o trabalho não poderia ser jogado fora por conta de um resultado negativo.
Ainda sobre o São Paulo, é um time de copeiros, sem craques, formado apenas por bons jogadores. Nos dois últimos anos teve a proeza de jogar sem um meio-campo de criação, mas ainda assim conseguiu fazer com que o ataque fosse eficiente, chegando a ser o melhor da competição. O Bahia está com um grupo bom, o que não quer dizer que não precisa ser mais qualificado.
O que não concordo realmente é com as críticas exageradas que estão sendo feitas. A imprensa marrom de Salvador parece nadar contra corrente, sempre! Isso me preocupa porque parte da nossa torcida pode se deixar levar pelo coro dos descontentes, que tem motivos maiores para tumultuar o ambiente. E nós sabemos quais são: interesses pessoais daqueles que, até pouco tempo atrás, tinham liberdade maior dentro do fazendão.
Empatar fora de casa com o Potiguar foi desastroso, na opinião dos mais entendidos. Perder pro Colo-Colo foi merecido, pois o time jogou mal mesmo, e isso vai acontecer outras vezes. Contra o Feirense, digamos que ganhou quem aproveitou as chances de gol. Qual a anormalidade desses resultados adversos? Lembrando mais uma vez o São Paulo, ano passado empatou com o rebaixado Ipatinga dentro do Morumbi. Ou seja, acidentes de percurso, vamos dizer assim, sempre vão ocorrer.
Olhando para dentro das quatro linhas, o que tenho visto é o Bahia regular. Nem tão brilhante, nem tão horroroso, como teimam em contar. Esperar goleadas ou partidas espetaculares é completamente surreal. O pragmatismo no futebol, tão contestado por muitos, é eficiente e dá resultados. E isso é o que precisamos.
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Somos treinadores por natureza. Temos a mania de, como diz um famoso apresentador de TV, saber tudo e um pouco mais. Na teoria, é muito simples. Tira esse, coloca aquele, troca fulano de posição com sicrano e está tudo resolvido. Na prática, não é bem assim.
Esquecemos que existe treinamento. E é nele que o treinador tira suas conclusões sobre esse ou aquele jogador, faz experiências, desenha na sua cabeça um esquema tático e suas variações, enfim, projeta o time. Nós, torcedores, sempre achamos que sabemos mais que eles. Mas não é bem assim.
Obviamente, nem todo dia o treinador vai acertar nas escalações ou substituições. E ai nossa sabedoria aparece mais forte. Um exemplo bem atual disso no Brasil é a convocação e a possível titularidade de Hernanes, do São Paulo. Há quem ache que Gilberto Silva esteja ultrapassado, mas Dunga o escolheu para ser seu homem de confiança. Nós temos que respeitar, afinal, ele é o comandante.
Trazendo pra nossa realidade, já se começa a questionar nosso treinador. Gallo, que a meu ver não tem feito tanta bobagem assim, passou a ter sua capacidade técnica discutida com freqüência. Logo ele conseguiu em pouco tempo dar padrão tático ao time. Hoje, sabemos exatamente como o Bahia vai jogar, já temos um time base na ponta da língua, com uma ou outra variação. Acontece que nem sempre as coisas darão certo.
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É impressionante como todos conhecem de futebol. Mais interessante ainda é ver como os repórteres, jornalistas, comentaristas, e até narradores, tornam fácil tudo o que acontece dentro das quatro linhas. Emitir uma opinião não é crime. Acontece que por trás de uma afirmação podem existir objetivos que não se restringem a apenas ecoar uma voz.
Um pouco de discernimento é importante nessa hora. É preciso separar o joio do trigo, saber o que é bom e o que é nocivo. O que mais se vê na imprensa nacional é o jornalismo baseado na polêmica. O que dá audiência e o que vende mais sempre estão em evidência.
Uma das vantagens que consegui enxergar em morar longe de Salvador, foi a possibilidade de conhecer um pouco mais as transmissões de rádio e TV da terrinha. Quando eu ainda era um soteropolitano de verdade, raríssimas vezes eu ouvia as famosas resenhas esportivas. Se o jogo era na Fonte Nova eu estava lá. Fora de casa, eu preferia saber o resultado ou acompanhar de longe.
Agora não, tudo é diferente. E por isso mesmo, posso afirmar com propriedade que única certeza que eu tenho hoje é a de que estamos órfãos, desde a morte de Armando Oliveira. Comentários precisos, imparciais, inteligentes e, acima de tudo, com uma lucidez sem igual. Hoje? Melhor não comentar para não dar processo.
Saudações tricolores!
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