Se eu pudesse faria uma ode à Fonte Nova, mas como não tenho o dom que Deus deu a Fernando da Rocha Peres, limito-me a protestar. Faz parte deste meu protesto as suas sábias palavras (ou advertência), referindo-se a uma possível e cogitada demolição da Fonte Nova. Diz ele: “Considero a demolição um desastre e uma picaretagem. Tudo indica que interesses escusos estão agindo. A Fonte Nova já integra a paisagem do Dique. Seu projeto é pioneiro, como uma forma de ferradura, para advertir os burros da Bahia”.
Pois bem, ilustre poeta, no Brasil quando se fala de algo público, um mega evento assim como uma Copa do Mundo, logo os picaretas de gravatas se reúnem nas caladas das noites para arquitetar planos mirabolantes, ainda que irresponsáveis, para encherem as “burras” com polpudas quantias, sem risco algum. A corrupção no Brasil surgiu adulta e criou escolas, tornou-se uma cultura. “Eles” não sentem acanhamento nenhum em corromper ou serem corrompidos. É muito provável que no meio político possa existir alguém imaculado, mas com certeza é um solitário envergonhado.
Apesar de imaginar, sem sacrifício, gostaria de saber claramente quem é o “pai da criança”. Idiota com certeza não é. Um mercenário oportunista, talvez. Político com certeza. Ainda bem que que o IAB-BA está tomando as “dores” da Fonte Nova, em defesa da ética. Sim senhores, trata-se de ética! É preciso que a sociedade baiana se una em torno desse movimento pró-Fonte Nova, um monumento histórico, palco de tantos recordes de público, de tantas alegrias que marcaram nossas vidas para sempre!… Não, não devemos permitir tamanha violência contra aquela praça esportiva que é um dos marcos da Bahia.
A Fonte Nova, assim como a Igreja do Bomfim, o Pelourinho e o Elevador Lacerda são os mais famosos cartões postais da Bahia. Sem essa de dizer que vai demolir para construir uma arena ali mesmo. Há que se respeitar, na pior das hipóteses, a paisagem urbana. A Fonte Nova e o Dique se confudem pela beleza paisagística quase natural, num casamento fantástico do homem com a natureza.
Construir uma arena na Paralela (avenida) é alimentar o “fogo” devastador da volúpia imobiliária que vai acabando com o verde da avenida, e condenar definitivamente a Fonte Nova. Logo a Fonte Nova, um dos mais centrais estádios do mundo e de uma viabilidade econômica sem nenhuma dúvida, os “espertos” querem riscá-la do mapa da cidade.
Não dá para entender como é que a Bahia, berço do Brasil, tão importante na cultura cultura mundial, pólo turístico, povo apaixonado por futebol, com uma média de público acima de 25.000 pessoas por jogo, numa Terceira Divisão (refiro-me tão somente ao Bahia), diga-se, não é inserida obrigatoriamente nas visitas da comitiva da FIFA. Só posso concluir que falta liderança política em nosso Estado, quer seja partidária ou esportiva.
Uma outra coisa que precisa ficar bem clara é quanto ao fato da possível construção de uma arena esportiva (estádio mesmo) na Av. Paralela, que causaria um transtorno imenso no trânsito e na vida das pessoas. Há que se observar alguns importantes aspectos, por exemplo, como a Parelela ser atualmente a principal via de acesso ao aeroporto, Lauro de Freitas, Aracaju e restante do Nordeste. Seria preciso se gastar uma fortuna incalculável neste momento, para abrir vias de acesso ligando essa tal arena a região metropolitana, incluindo a BR-324. Não seria só uma avenida, umas duas no mínimo, do tipo da “Luis Eduardo Magalhães” que liga a Paralela ao Retiro.
Veja amigo leitor, como seria muito mais racional se fazer uma reforma ampla na Fonte Nova, dotando-a de equipamentos modernos sem perder o conceito de suas linhas arquitetônicas a um custo bem menor que construir um novo estádio. Olhem lá o Maracanã como ficou! É verdade que precisaram construir o “Engenhão”, mas tratava-se de um evento único, patrocinado pelo do Rio de Janeiro, que precisava melhorar a sua imagem, inclusive. Aqui não, aqui seria apenas uma das sedes da Copa do Mundo, a Fonte Nova bastaria, com sobras.
Francamente, é obrigação da CBF/FIFA incluirem o Nordeste com pelo menos Salvador, Recife e Fortaleza. Não é que os outros Estados não mereçam. Apenas falo dessas capitais pelo fato de serem as mais bem estruturadas economicamente falando. Mas eu não duvido de apenas uma dentre estas citadas acima ser escolhida como uma espécie de “cala boca Nordeste”. Vamos ver, ainda falta muito tempo. Só espero que a Fonte Nova esteja incluida e devidamente reformada, com dignidade. Se alguém desejar construir um outro “Pituaçu”, que seja lá pro lado do Centro Industrial de Aratu. Até rimou, sem intenção alguma!
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Agora o Bahia estará jogando mais tranquilo. Já tem o passaporte para a outra fase. Talvez seja o momento de dar oportunidade de entrosamento em campo a jogadores como Sérgio, Cléber Carioca, Emerson, Elias e outros. Não há dúvida de que os “problemas” de Artur em relação a escalar o time, qualquer treinador gostaria de ter.
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Charles… este moço já está fazendo por merecer uma oportunidade mais efetiva no time do Bahia. É técnico, tem boa presença na área adversária e está sempre fazendo aquele golzinho salvador. Tem futuro, é só aguardar pra ver.
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Desculpem-me. Mas precisei fugir dos assuntos rotineiros. Não poderia calar-me diante do absurdo que se ensaia em larga escala a esta altura do “campeonato”, que é a demolição da Fonte Nova. É claro, quando saímos de assuntos rotineiros fatalmente chegamos em outras esferas, porque aqui no Brasil tudo envolve o poder público e, por consequência, os políticos. Esse tipo de mentalidade e essa cultura precisam ser mudados.
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