Treinadores negros acontecem raramente no futebol brasileiro e, hipocrisia à parte, é questão preconceituosa mesmo! É como se eles fossem menos capazes que outros pela naturalidade da condição racial. Infelizmente, isto não é uma suposição minha, é constatação! Senão vejamos quantos treinadores negros fazem sucesso no Brasil, e até posso contar nos dedos de uma só mão quantos deles treinam algum time no nosso futebol e ainda sobram dedos!
O Lula Pereira até tentou, esteve na Portuguesa, Flamengo, Bahia só pra lembrar estes e ficou pelo Ceará mesmo. Não sei se houveram outros, mas lembro-me de Gentil Cardoso numa época mais remota, que ganhou notoriedade muito mais pelo lado folclórico apesar de ser profundo conhecedor de futebol.
Andrade começou bem no Flamengo e depois como sugere o analgésico do comercial contra dores de cabeça sumiu!…
Seriam eles diferentes simplesmente por serem negros? A tonalidade epidérmica determina a inteligência das raças? Em uma composição, meu saudoso amigo cantor, compositor e poeta, Ederaldo Gentil, ele diz: lá na Bahia todo branco tem um nego na famía, Gegê, Bantu ou Nagô seo dotô… peço desculpas in memoriam a Ederaldo e estendo esse fenômeno genético ao Brasil.
Porém, no futebol a hipocrisia reina tanto quanto a incompetência, e deixaram Cristóvão à margem, privando-nos assim de ver alguém estudioso, inovador, reto de acordo com os seus próprios princípios, trabalhar acrescentando, em grandes clubes do futebol brasileiro. Sorte do Bahia que foi lá e o contratou.
Pois bem, Cristóvão chegou e encontrou um elenco completamente desnorteado, com síndrome de perseguição, sem nenhuma motivação, vindo de duas goleadas humilhantes contra seu maior rival, e como se fosse um mágico transformou aquele espectro em um grupo vencedor e muito motivado. Não é à toa que o Bahia ocupa no instante em que escrevo esta coluna o quarto lugar na tabela do Brasileirão…
Posso afirmar que jamais vi uma transformação tão intensa quanto essa que Cristóvão operou em curto espaço de tempo, no Bahia ou em qualquer outro clube. Não é uma façanha que se possa creditar ao acaso, ela tem autoria e assinatura do melhor técnico do Brasil neste momento, e graças ao astral dos deuses negros ele está na terra da miscigenação mais autêntica do Brasil. Mais especialmente no Bahia.
Existem esses paradigmas no futebol assim como na sociedade de forma abrangente que precisam ser quebrados, mudados, e Cristóvão está fazendo isto. O maior jogador de futebol de todos os tempos, Pelé, reina até hoje mesmo não mais jogando. Genialidade e alma são incolores, Deus não privilegia o ser humano por raça, pois aos seus olhos somos todos iguais nós é que temos a infelicidade de fazer separações.
Pelo que o Bahia vem fazendo, a torcida tem de aumentar o sonho.
Este é o tempo de Cristóvão, bem diferente de um passado médio pra recente quando a tônica era a falta de personalidade incutida pelos técnicos em sua maioria que passaram pelo Bahia após a Era Evaristo de Macedo. Não por acaso, Cristóvão, acho a sua filosofia de trabalho e conhecimento parecidos com a do mestre Evaristo, com diminutas diferenças de personalidade, mas a essência que se traduz em jogo é a mesma. Inteligência.
ZAGUEIRO TITI
Ainda bem que ficou por aqui. Isto só ratifica o trabalho fantástico de Cristóvão, pois mudou psicologicamente de forma radical o perfil do grupo. Não faz muito tempo, pouco antes do Brasileirão, Titi não mais queria jogar pelo Bahia, estava sendo insultado pela torcida e temia pela sua família. Agora, desistiu de uma proposta, segundo dizem, milionária.
LOMBA
Que bacana ver novamente o Paredão em forma e mostrando que é uma pessoa do bem e profissional dedicado, ao contrário dos absurdos que dele se falou.
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