Pensando o Bahia na sua essência entendo a revolta dos milhares de torcedores porque também sou um desses. De outro modo, porém, analiso um contexto que está se tonando complexo e, nesse caso, tenho de ser racionalmente isento da paixão que abala o equilíbrio e fragiliza o lado, digamos assim, mais coração. A partir desse ponto vejo o Bahia de Ceni pelas decisões equivocadas quando ele engessa onze titulares no seu time predileto e por consequência não se sensibiliza com um dos mais usados substantivos feminino para definir a boa vontade; flexibilidade.
Enquanto a boa fase técnica e prática no campo vinha acontecendo favoravelmente não havia porque mudar já que tudo estava dando certo, até as improvisações eram aceitáveis, mas o futebol é essencialmente dinâmico e performa de acordo com as eventualidades de cada momento, incluindo o fator saturação de alguns atletas que claramente é notado. Um Rogério mais sensato quebraria seus próprios paradigmas porque entenderia que nada justifica manter o improviso quando esse não mais corresponde às expectativas.
Em minha opinião, Rogério está atando o potencial do Luciano Juba e desvalorizando um ativo do clube – se imaginarmos com precisão lógica utilizar o jogador na sua real posição. Thaciano e Jean Lucas seguem o processo do desgaste de prestigio junto à torcida por teimosia exclusiva de um treinador que está com ideias ortodoxas. Espero que ele saia desse estado o mais rápido possível.
Pode parecer paradoxo ou incongruência, tanto faz, mas longe de mim discutir conhecimento de causa do técnico Tricolor, acho-o ideal para o conceito do Grupo City e promissor no futebol, mas precisa tirar o gesso dos seus conceitos para torná-los mais flexíveis. É sobre isso.
Rogério Ceni está muito acima dos estigmas e adjetivos relacionados à desinteligência. Ele é estudioso; conhecedor do futebol; fala a mesma linguagem do projeto; e o Grupo City é plenamente cônscio disso. Por isso é fácil chegar à conclusão de que a demissão da Comissão Técnica do Bahia é coisa completamente fora de cogitação. Arrisco dizer que ele cumpre todo o seu contrato. É simples concluir assim porque a entrega de Ceni está de acordo com o planejamento do clube e até acima do esperado. Contra números não há argumentos.
Apesar das virtudes e defeitos do treinador Tricolor, apesar de uma certa satisfação do GC devido à posição do Bahia no Campeonato Brasileiro, ainda assim é necessária uma postura mais austera do Diretor de Futebol Carlos Santoro, perante o seu subalterno, para que o mesmo seja maleável e saia desse seu mundo hermeticamente fechado, vetando assim a possiblidade de um final de jornada frustrante – a teimosia de Rogério precisa de limite.
Acredito que nesse período quase sabático houve tempo para boas reuniões do tipo videoconferências e presenciais também, o que é rotineiro entre os dois continentes, mas, circunstancialmente, creio que essas foram mais especificas, porém, nada de extraordinárias, é da rotina, mas certamente com mais cuidados sendo cobrados . A próxima batalha nas paragens de Minas Gerais nos dará uma ideia do tamanho de Ceni no Bahia, ou até que ponto o deixarão seguir com a sua teimosia.
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