Um pouco a comemorar e tudo a agradecer aos deuses da mística Tricolor. De repente o Vasco não saiu mais do atoleiro, o Fortaleza engatou uma marcha ré e parou à beira do precipício, o Goiás encarnou o fantasma Gasparzinho mas de nada adiantou, o Sport retribuiu o presente que o Bahia lhe houvera dado, e o Tricolor fez a sua parte contra o Santos.
Méritos para Dado Cavalcante que, sem entrar em pânico, soube desligar no momento certo a chave intensificadora de problemas na estação Tricolor, evitando assim que um “incêndio” no sistema se expandisse. Ganhou autonomia e assumiu a responsabilidade com muita competência.
— É bom lembrar que Dado trouxe Rodriguinho de volta na hora “H”, lhe vestiu a camisa e o fez jogar o futebol que de fato sabe. Disso jamais duvidei.
A Cidade Tricolor está em paz e a nação também. Porém, nem tudo está às mil maravilhas, longe disso. É hora de consertar os erros, manter o que soma, dispensar o que divide, ajustar a bússola e seguir em frente. Não há terra arrasada, mas há lições que os revezes deixaram sobre a mesa, que precisam ser aprendidas, para que não haja sequer prenúncios de novas derrapadas no futuro.
Para quem estava com um pé na série B e ter forças para tirá-lo de lá, e agora estar numa situação confortável com 63 milhões garantidos e ainda com uma vaga na Sul- americana que de cara coloca mais 5 milhões nos cofres, é para comemorar sim, e reconhecer Rodriguinho como artífice principal de um final feliz — foi para isto que ele foi contratado e, sejamos justos, foi decisivo no momento em que o Bahia mais precisou dele.
Recebido pela nação como “Reidriguinho” o torcedor ansiava por ver o Rei finalmente reinar. Era o sonho maior do torcedor que depositou nele toda a sua esperança. O tempo foi passando e o reinado Tricolor se complicando, e nada do Rei assumir o seu papel. Nesse meio tempo chega um desconhecido colombiano sob intensa desconfiança da nação tricolor, era o Índio Ramirez…
E de repente Rodriguinho já não era mais a menina dos olhos da torcida… Um novo ídolo estava surgindo e o torcedor já pensava em Rodriguinho como um bonde mineiro — nem mineiro ele é. Ramirez havia a essa altura do campeonato se tornado de fato o novo astro do Bahia. Nele residiam então todas as esperanças.
Mas definitivamente a maré para o Tricolor de Aço não estava mesmo para peixe e o Índio Ramirez foi forçado pelo acaso trágico a deixar o protagonismo do qual já era dono absoluto e, por pelo menos seis meses, estará ausente. O torcedor se desespera ao perder eventualmente o seu Quimbaya**. E agora?
Agora entra a famosa Estrela Tricolor. Eis que do ostracismo ressurge para o protagonismo o “Reidriguinho” e assume o seu papel no momento em que os economistas do clube já calculavam um prejuízo com consequências funestas.
O torcedor estigmatizava Rodriguinho como um ex-jogador em atividade. Convenhamos, um total absurdo carregado de preconceitos pregando o fim da carreira de um jogador aos 31 anos de idade — o que seria uma lástima para os amantes do futebol romântico e de técnica refinada.
Se algo estava errado no reinado, ou com o Rei, eis o direito da dúvida. Importante é que Rodriguinho “ressuscitou” e está bem vivo no coração Tricolor. Assim é o craque, uma hora ele desperta de um torpor eventual e reaparece contrariando todas as lógicas e os viés do imponderável no futebol.
O fato único é que por consequência dos dois jogos de excelência feitos por Rodriguinho — Atlético-MG e Fortaleza — o Bahia está na Sul-Americana e, calou também todas as vozes que se levantavam contra tudo e todos no clube e ninou a nação tricolor que vinha dormindo na base do sedativo. Certamente esta sexta-feira sextará ainda mais festiva que as demais para o torcedor do Tricolor de Aço.
RAMIREZ
Encontra-se na Colômbia onde dará continuidade ao tratamento da cirurgia, que segundo informação obtida por esta coluna, teria sido realizada no seu próprio país.
GREGORE
Este colunista deseja-lhe muita sorte no seu novo clube e que consiga a mesma performance com a mesma galhardia que o notabilizou no Bahia. Felicidades, meu caro.
**Os Quimbaya foram uma etnia e cultura indígena colombiana que se tornaram famosos pelas peças por eles produzidas com ouro de alta qualidade e beleza. O povo Quimbaya teve o seu auge em 1530 e desapareceram como grupo nos anos 1.700 após perderem a luta de resistência contra os espanhóis.
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