O ano de 2010 se vai com a sensação do dever cumprido. Nem as pequenas turbulências nas últimas rodadas da Série B foram capazes de manchar o trabalho da temporada, afinal, o principal objetivo fora alcançado.
Não entendi a celeuma criada por parte da torcida porque não conseguimos o título da Série B. A imprensa tentou e conseguiu criar um burburinho desnecessário, nosso torcedor foi atrás.
O Bahia é muito grande para comemorar título de uma divisão especial do nosso futebol. Fomos condicionados e mal acostumados a valorizar conquistas dignas e, sinceramente, ser campeão da Série B não é algo a acrescentar no nosso memorial de glórias.
Tudo o que fizemos para celebrar o retorno à elite foi válido e merecido. Foram anos de agonia, desespero e sofrimento. Nada mais justo do que valorizar a conquista do objetivo alcançado, mas daí a criar alguma espécie de revolta coletiva por não levar o título já é um exagero.
O relaxamento que vimos nas duas últimas partidas é algo natural no futebol. Os jogadores suportaram bem a pressão durante toda a competição, depois que conseguiram o acesso seria normal colocar o burro na sombra. A carga emocional era grande, a tensão também. Eles carregaram nas costas o anseio de milhões de torcedores, a responsabilidade teve peso dobrado.
O que deixou uma enorme interrogação no ar foi o tal tranquilizante tomado por alguns jogadores antes da partida contra o Bragantino. Quero acreditar que foi um equívoco, coincidência, que não houve premeditação. O fato é que algo de estranho aconteceu, mas com todos ainda sob efeito da conquista do acesso, esse acontecimento não mereceu muita atenção.
Fora das quatro linhas e em termos de modernização, infraestrutura e marketing, o clube vem evoluindo. O primeiro ano de MGF não seria a redenção. Acredito que tenha servido mesmo para ele organizar a casa, os resultados não deveriam aparecer de imediato. Ainda há muito que fazer, mas é inegável que não estamos melhorando a cada dia.
O plano de associação em massa e a reforma do estatuto são o principal entrave para que a diretoria e a oposição se entendam de uma vez. A disputa está na justiça e em algum momento uma das partes terá que ceder. Eu acredito que MGF encontrará o melhor caminho para encerrar esse embate porque todos nós sabemos que quem perde é o Bahia.
O projeto da Cidade Tricolor, o novo centro de treinamento, já está pronto. Pelo que já foi divulgado será algo que nos trará muitos benefícios, reconhecimento e orgulho. Deverá começar a sair do papel em março de 2011.
Alguns frutos do trabalho de reestruturação do clube começam a aparecer. Nossa divisão de base voltou a conquistar títulos e a obter a hegemonia regional. Além disso, bons valores surgiram. Omar, Vander, Bebeto, Lenine, Wilson Junior, Maurício, Pink são alguns nomes que o torcedor já se familiarizou. Na próxima temporada a tendência é que o aproveitamento de novos jogadores continue.
Finalmente a CBF reconheceu, oficialmente, o valor da nossa torcida concedendo um prêmio pelo exemplo de amor ao clube, na campanha da Série B. Mais que merecido e poderia até ter vindo antes. Não há como negar que somos os mais presentes nos estádios há muito tempo.
Outro reconhecimento tardio da CBF acabou de ser confirmado: os títulos da Taça Brasil e do Robertão agora são considerados oficialmente. Em outras palavras, o Bahia é bicampeão brasileiro. E não se fala mais nisso.
Na realidade, o título de 59 só era contestado pela torcida do time do aterro sanitário. Eu sempre entendi o descontentamento dela. Se já é difícil aceitar o fato de termos conquistado de maneira indiscutível o título de 88, imagine ter de engolir que fomos campeões pela primeira vez batendo o todo-poderoso Santos por duas vezes. Agora não há mais o que se discutir.
Agora é planejar 2011. Temos de nos manter na Série A. Tão importante quanto esta permanência é o título do Baiano. Acredito no trabalho de Paulo Angioni. Confesso que não entendi a escolha por Rogério Lourenço. Acho que esse não é o momento de apostas, precisaríamos de alguém mais experiente para montar o time visando o trabalho do ano inteiro. Mas como não tenho o costume de criticar antes, vou esperar e torcer para que eu esteja errado.
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Permitam-me aproveitar esse espaço tão conceituado para prestar minhas condolências a meus amigos, testemunhas do time do aterro sanitário. Sábado foi missa de 7º dia e se faz necessária uma palavra de solidariedade.
Será difícil para eles esquecer 2010. Apesar da conquista da quadrivice coroa com o título de vice da Copa do Brasil, o ano não poderia terminar pior. Além de testemunharem o time deles cair, viram o tricolor retornar à Série A, sua torcida ser eleita a melhor do país e ser reconhecido oficialmente como bicampeão brasileiro. Tem como piorar?
Não posso compreender a dor deles. Por isso deixo aqui minha palavra amiga e solidária. Aos amigos Adilson, Eraldo, Agnaldo, Roque, Netto, Adison, Luciano, Arlindo, Walnei, Leandro, Geovan, Dinho, Amilton, Alex e Ailson, todos de Itapoan, muita força e serenidade. Tenham a certeza de que o pior ainda está por vir. Mas nunca esqueçam que sempre estarei aqui para confortá-los.
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À grande nação tricolor desejo um ótimo final de ano. Muita saúde e paz, porque o resto a gente corre atrás.
Saudações Tricolores!
comentários
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