Até a partida contra o Guarani-SP, Enderson Moreira vinha atuando sob o olhar de desconfiança da torcida. Também pudera, até então havia disputado 6 pontos na série B e conquistado 2, tendo jogado uma partida em casa (Grêmio) e uma fora, contra o lanterna Vila Nova. Ou seja, apresentava 33% de aproveitamento. Nunca é demais lembrar que Guto Ferreira deixou o clube com quase 60% dos pontos conquistados. Não falo isso para gritar #VoltaGuto, mas para sublinhar que Enderson não estava entregando aquilo para o qual foi contratado: melhorar o rendimento do time, que vinha decaindo com o técnico anterior.
Para ser mais preciso, a melhora substancial no time – e, obrigatório dizer, alcançada visivelmente com o dedo do técnico – já pode ser percebida na partida anterior perante o Atlético-PR, válida pela Copa do Brasil. A escalação de três zagueiros deu maior consistência à defesa (e até recuperou o futebol de Luis Otávio), permitindo que os volantes povoassem mais o meio de campo, evitando os buracos observados nas partidas anteriores. A escalação de Davó como centroavante deu mais mobilidade e velocidade na parte ofensiva da equipe.
Voltando ao jogo de sábado, o Bahia no início soube compactar bem os espaços, saindo com rapidez para atacar o Guarani. O gol tricolor saiu mais uma vez de bola parada, mostrando que tem havido treinamento e este vem dando resultados. A defesa demonstrou segurança na maior parte do tempo, apesar de algumas bobeadas, especialmente de Didi. Mas, o meio deixou a desejar dando muito espaço para o adversário. Na verdade, a partir da metade do primeiro tempo, ficamos em ligação direta defesa-ataque. Nosso lado esquerdo também não esteve bem, especialmente na parte defensiva. Não à tôa, Luis Henrique foi substituído no intervalo por Djalma, cujo rendimento não foi muito diferente do jogador substituído, apesar do passe para Mugni fazer o cruzamento que originou o segundo gol tricolor.
A apatia do time no final do primeiro tempo voltou a campo para a etapa complementar, com o Guarani chegando a empatar num lance irregular, anulado corretamente pela arbitragem. No entanto, o time campineiro continuou pressionando o Bahia que se encolheu, baixando as linhas e atraindo o clube alvi-verde para jogar no campo do visitante. Nesse momento, o melhor que conseguíamos fazer era isolar a bola, cedendo-a para o adversário. O empate era questão de tempo. E Enderson insistia em não mudar. Não posso criticá-lo. No jogo contra o Atlético-PR nossos pesadelos começaram com as substituições, dando a dimensão da fragilidade do elenco montado por Bellintani e Cia.
Só que os deuses do futebol, mais uma vez, se mostraram tricolores. Aos 32 minutos, em bela jogada de profundidade, pela esquerda, entre Djalma e Mugni, Raí completou para o gol, ampliando o placar pouco antes de dar lugar a Marco Antonio. Vale notar que Raí vinha sendo muito criticado pela torcida. A partir daí era segurar o jogo e não dar espaço para o Guarani. Mas, o Bahia não consegue facilitar as coisas, em particular contra times das posições mais inferiores na tabela de classificação, e continuou a ceder espaço, apesar da entrada de Miqueias, em lugar de Daniel, com o objetivo de fechar mais o meio de campo. E o Bahia quebrou mais um tabu, desta feita o de não vencer o Guarani, jogando em Campinas.
Para finalizar, duas observações. A primeira, sobre o VAR, já que tivemos dois lances que não mereceram sequer revisão. Essa nova orientação, de evitar interferir o máximo possível, está acabando com o que o VAR tinha de bom: dar chance aos clubes menores, sempre sujeitos à interpretação favorável aos clubes grandes. Além disso, ao manter a interpretação do árbitro, reforça os erros de arbitragem – tão comuns no Brasil – quando o certo seria corrigir estes erros. Falta pouco para chegarmos à conclusão que o VAR não está melhorando em nada a arbitragem, voltando à fase anterior em que ele não existia. Seria esse o objetivo?
A segunda e última observação diz respeito ao esquema tático. É muito comum associarem essa formação com três zagueiros a um esquema mais defensivo, a famosa retranca. Nem sempre o campo reflete essa associação. No caso do time de Enderson, a presença do terceiro zagueiro propiciou a liberação dos laterais para apoiarem os atacantes, pelas beiradas do campo, o que gerou uma postura mais ofensiva da equipe. Na prática, o time se defende bem e consegue sair com mais velocidade. Se isso é ser retranqueiro, #MaisRetrancaPorFavor, Enderson! BBMP!!
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