é goleada tricolor na internet
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Publicada em 24 de fevereiro de 2016 às 14:12 por Autor Genérico

Autor Genérico

Regionalizar para mudar

Mais um ano, mais um campeonato baiano. Criados numa época de grandes distâncias logístico-geográficas e culturais, os campeonatos estaduais seguem no Brasil cada vez mais deslocados de contexto e com cada vez menos razão de existir. Excetuando-se o Paulistão, o único relativamente rentável e movimentador de um mercado de atletas bastante aquecido, fornecedor de talentos (com e sem aspas) para diversos clubes brasileiros, talvez as únicas utilidades dos Estaduais sejam a manutenção da chama de rivalidades locais e a sobrevida de cartolas de clubes nanicos fora-de-série. Aos clubes grandes, com e sem aspas, talvez a única serventia seja a de pré-temporada.

Com o sucesso do Campeonato do Nordeste em termos de mídia e público, clubes da metade de baixo do país se articulam para criar suas sub-ligas regionais. O Flamengo, preocupado com a perda potencial de mercado para a sua marca, tentou se embrenhar pelo Nordeste, algo felizmente abortado, porém simpático a um certo dirigente baiano choruminado da cabeça de lâmpada. 

A regionalização incipiente (e por ora insipiente) nos campeonatos de futebol do Brasil cria novas rivalidades e novos mercados, inclusive patrocínios e contratos mais vultosos. Com a possibilidade de facilitação de acesso à Copa Sul-Americana, dá um gás e um motivador maior a clubes periféricos dos mais variados cantos brasileiros. O Brasília FC, tradicional clube candango ressurgido das cinzas (e supostamente sem dinheiro lavado de ex-senadores), já fez uma graça nessa competição internacional graças ao regional recentemente conquistado, valendo-se de um elenco de pouco investimento e muito planejamento.

Os regionais podem ser uma saída em médio prazo para o Bahia no sentido de buscar visibilidade nacional e internacional, haja vista que, fora do G12 do futebol brasileiro, ainda segue como potência locorregional e um clube respeitado fora da ribalta nacional. Para que o EC Bahia retorne aos anos de fugaz glória que já teve, em termos de Brasil, poderá ser um caminho não apenas rentável como também perfeitamente possível – primeiro passo é o fortalecimento local e regional, para depois buscar o nacional: fórmula aparentemente óbvia e que demanda paciência de uma torcida tão distímica, que ainda está, mentalmente, nos anos oitenta ou noventa.

Quanto ao campeonato baiano, este vem se consolidando como uma série de jogos-treino cercados por Ba-vis por todos os lados. Nível técnico cada vez pior, incluídas as arbitragens caseiras. Os argumentos de que “o Baiano ajuda a conquistar as crianças, pois é o que o Bahia pode vencer” e “o Baiano fortalece o futebol local” vem perdendo força nos últimos vinte anos, pelo seguinte aspecto: quanto ao primeiro argumento, que é verdadeiro, a globalização do futebol nacional não comporta mais que o Bahia fique se medindo com clubes locais durante três meses, se pensa em voos mais altos. Estadual ilude e engana neste aspecto. Quanto ao outro argumento, que é falacioso, este não se sustenta quando passamos a entender que futebol virou negócio, e não é o clientelismo das Federações nem o fisiologismo de dirigentes “eternos” que tornará um clube sólido e respeitado nacionalmente. A História tem demonstrado bem esse fato à nossa torcida.

A tendência, ao meu ver, é que o campeonato baiano seja disputado pelo Bahia e Canabrava com suas equipes sub-20, ao lado dos interioranos. Na verdade, os Estaduais poderiam acabar no atual formato e se transformar em seletivas à Série D do Brasileiro. Ok, Cássio, é sonho: tem muito cartola precisando garantir seu acarajé com caviar por aí.

Quanto ao Bahia-2016: três ou quatro boas contratações por ora; outras duvidosas, outras sem comentários. Como esperado, atropelando os interioranos e vindo de excelente resultado no Recife contra um tradicional rival regional. O torcedor nem se empolga tanto como antes, porém não tem reclamado tanto. Pelo menos até o próximo clássico. Aguardemos.

Saudações Tricolores!

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