“Caro Renato Paiva,
O Bahia lhe escolheu treinador, em dezembro passado, pela sua capacidade de entregar resultados no curto prazo e apresentar perspectivas de crescimento no médio e no longo prazos. Nesses quase nove meses de trabalho, você conquistou o 50º. Campeonato Baiano e alcançou feitos memoráveis, como derrotar o Palmeiras em casa após 35 anos. Isso lhe coloca definitivamente como um dos grandes treinadores que o Bahia já teve.
Um time que vem de um acesso recém conquistado, como você bem sabe, almeja não cair no seu retorno à série principal do Brasileirão. O Bahia atingiu essa meta, terminando o primeiro turno fora da zona de rebaixamento. Não teria conseguido tal feito sem a sua dedicação e o seu trabalho incansável e diário, apesar da cobertura sempre negativa que a mídia baiana faz da sua performance. Coitados, entendem muito pouco de futebol – ou estão atrás da audiência fácil – diferentemente de grandes redes esportivas nacionais que sempre elogiam e compreendem o seu trabalho.
Aliás, diga-se de passagem, seu desempenho em campo lhe rendeu elogios até de colegas de profissão que, contra ti concorrem, como é o caso de Luiz Felipe Scolari, o Felipão, nosso técnico pentacampeão.
Infelizmente, o grupo City não está à altura do seu trabalho. Não conseguimos lhe entregar atletas a tempo de formar um time competitivo na primeira janela de contratações. Pior que isso, lhe ofertamos jogadores que não lhe permitiram montar um esquema tático, obrigando você a alterá-lo diversas vezes ao longo destes nove meses.
Para completar, fechamos a segunda e última janela de contratações sem conseguir agregar um centroavante goleador ao time, dificultando sobremaneira transformar em resultados suas ideias de jogo, sempre muito bem formuladas e planejadas ao longo da semana de trabalho.
Temos a certeza de que o Bahia é, hoje, um empecilho na sua brilhante carreira. Torcedores que não lhe compreendem, nem dão crédito aos resultados brilhantes e surpreendentes obtidos por você. A Bahia, com seus jornalistas esportivos limitados também não está à altura do seu trabalho.
Por essas razões, caro Paiva, decidimos encerrar por aqui seu contrato de trabalho.
Atenciosamente,
Esporte Clube Bahia”
Caro leitor, cara leitora, se você teve a paciência de ler até aqui e acompanha nossos artigos deve estar imaginando que fiquei louco. Ainda não. Só se fosse de raiva com esse nosso treinador. Apenas cheguei à conclusão que não adianta criticar. Faz mal para o ego e a vaidade de nossos dirigentes e do treinador. Quem sabe, elogiando Paiva consiga chamar a atenção para a incapacidade do Bahia reagir com esse técnico à frente. Alguém que é capaz de declarar que faz substituição por cansaço, por cartão ou por rendimento realmente é incapaz de mudar a história de uma partida porque não consegue fazer a leitura de jogo e alterar o time taticamente. Isso explica porque Paiva demora tanto a substituir.
É verdade que após as contratações do meio de temporada o Bahia tem se apresentado melhor em campo. Mas, não custa lembrar que fizemos boas partidas no primeiro turno e temos menos pontos (18) que jogos (19). Vamos pagar para ver no segundo turno? Vamos continuar dependendo do resultado de outros times para não figurarmos na zona da degola?
É o caso de perguntar, como Jesus a Pedro: Quo vadis, Paiva? Para onde caminhas, Paiva? Não basta ser melhor na posse de bola, nos passes certos, no número de finalizações. Pontos se conquistam com gols e triunfos. Não temos um nem outro em quantidade suficiente para respirar aliviado. Mas, temos um técnico com ideia de jogo. O problema é que não bastam as ideias. É preciso tirá-las do papel. E isso até agora Paiva não conseguiu.
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