é goleada tricolor na internet
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Publicada em 13 de outubro de 2023 às 13:21 por Victor Moreno

Victor Moreno

Quem precisa é quem bole

Quem precisa é quem bole.

            É com essa frase da minha sogra que inicio a crônica de hoje. E o personagem do dia é ele: Everaldo Stum. Se você costuma ler as minhas crônicas no portal ecbahia.com, sabe que não faz muitos dias que escrevi uma crônica detonando as atuações do nosso camisa nove. Havia jogado a toalha. Hoje, eu gostaria de apresentar a recolha da toalha. E o motivo são dois lances praticados pelo atacante nos jogos contra o Flamengo e Goiás, um lance em cada jogo. Jogadas que me fizeram ter as seguintes dúvidas: – Será que existe uma luz no fim do túnel? Será que o monstro não era tão feio? Será que o atleta já estava em viés de evolução e minha ânsia de criticá-lo não me fez perceber?

Quando o técnico Rogério Ceni foi anunciado, em uma resenha com um amigo analista tático, ele me disse que a assinatura criativa dos times treinados pelo professor era de utilizar tabelas em vários lugares do campo para conseguir espaços e progredir no campo de jogo com a finalidade de chegar efetivamente na zona de conclusão das jogadas. Pois bem, no jogo disputado entre o nosso Esquadrão de aço versus o Flamengo (e a comissão de arbitragem), no último trinta de setembro, por volta dos 8 minutos do primeiro tempo, o atleta do time do rio de janeiro chamado Pulgar recebe uma bola da lateral esquerda e sofre a pressão de Rafael Ratão que desarma o jogador adversário. Após a ação defensiva, a posse de bola fica com Rezende que aciona Ademir e este, por sua vez, devolve no volante para que novamente a bola gire para o atacante roedor de grande porte e a mágica acontecesse a partir dessa triangulação: a tabela. Essa jogada é simplesmente a identidade do futebol brasileiro, sai até em babas Brasil afora. É o um-dois característico, o toco y me voy, para os íntimos. Rafael Ratão toca de primeira em Ademir e inicia o movimento de ruptura buscando as costas da marcação e de primeira, Ademir devolve para ele por elevação em condição de chute. Aí surge a pergunta: e Everaldo com isso?

            Ele não toca na bola, ele não participa da triangulação, não fez a ação defensiva, mas fez algo que me gerou um: -óia, aí tem coisa. Everaldo estava na área, onde deveria estar, até aí tudo normal. Mas, ele fez coisa a mais nesse lance. Ele dá um passinho para o lado saindo da trajetória de corrida de Rafael e imediatamente perfila seu corpo de frente pro gol e avança, timidamente. Ratão chuta forte e o goleiro do adversário bate roupa. A bola sobra e Everaldo está lá para pegar o rebote e marcar o gol. Inteiro, bem posicionado, perfilado para marcar. Entretanto, o zagueiro do Flamengo também fez a leitura da jogada e chegou adiantado mandando para escanteio. Não deu em nada, mas poderia ter dado. Seguimos.

 

            Parece pouco o lance acima descrito, então vamos para o jogo da consagração, o jogo do ressurgimento do nosso atacante. Quatro participações em gol (hattrick e assistência para a virada definitiva), fora as demais jogadas que ele participou. Muitas análises táticas destacando o seu comportamento de ataque à última linha, perfil oficial do Bahia destacando sua condição de artilheiro do elenco. Sem dúvida, o último sábado e o decorrer dessa semana têm sido os dias mais felizes de Everaldo em sua passagem pelo tricolor. Muita gente valorizando o primeiro gol dele pela beleza da jogada desde a pisadinha magnífica de puta veia de Gilberto, o ataque às costas da marcação e cruzamento maravilhoso de Cauly, até a definição precisa de Everaldo. Ou o segundo gol do atacante, com a jogada extraordinária do camisa 8 que culminou na finalização firme e segura do camisa 9 no cantinho da meta defendida por Tadeu. Eu vou na contramão: o gol mais bonito de Everaldo na partida foi o terceiro. E explico por quê.

                O primeiro gol de Everaldo na partida só aconteceu porque Ademir atacou no primeiro pau tirando o zagueiro que estava inteiro na jogada, a bola ganhou velocidade com um desvio nessa disputa e tirou o segundo marcador, sobrando livre para Eve fazer seu gol. Méritos totais dele por ter feito a leitura da jogada. A questão é que o centroavante num modelo de jogo como o do Bahia é o homem que ataca o primeiro pau. A sobra fica com um meia que infiltre ou com o ponta do lado oposto ao cruzamento. Esse gol vai demorar de sair novamente. Já o segundo gol, num gesto técnico excelente de remate, é um gol que eu já esperava que Everaldo fizesse. Inclusive, com todo o peso da minha crítica no texto anterior, reconheci que em chutes frontais, o seu aproveitamento é interessante. Para elogios, podemos falar do movimento de corrida, mas deixa isso para a galera da análise tática. E enfim, vamos ao terceiro gol e o porquê ele foi o gol mais bonito de Everaldo na tarde de sete de outubro.

                Julio Cesar, o Rezende, atuando como zagueiro numa linha de 3 pela esquerda, é um jogador interessantíssimo. Ele usa sua capacidade física de condução para abrir espaços carregando a bola e aos poucos tirando marcadores da jogada criando dúvidas neles sobre onde o passe irá. E aos sete minutos do segundo tempo, ele fez essa jogada e logrou êxito. Levou de um ponto ao outro, deixou marcadores para trás e soltou em Camilo Cândido. O associativo lateral Uruguaio rapidamente buscou o mago da camisa 8 numa zona de invasão de área. Cauly (craquy para os íntimos), escondendo a bola, deixou nada menos que três marcadores na saudade e soltou para pequeno grande mamífero roedor tentar concluir para o gol no primeiro pau, mas, sem êxito dada a proximidade e a ação defensiva do arqueiro Tadeu. Mas, ele estava lá. Quem sempre deveria estar. Quem estava em falta, mas que agora esperamos que sempre esteja lá. Mais uma vez, não participou da construção da jogada, não tocou na bola, mas estava atento. Desde as ações de Cauly ele já estava lá. Concentrado, sempre se colocando em posição para receber. Ele pediu a bola, que não veio. Mas, quem precisa é quem bole. Ele precisa do gol, afinal, mudar o placar é a razão pela qual ele carrega o emblemático número nove em suas costas. Na dividida de Ratão e Tadeu, a bola ficou sobrando, quicando, bêbada. E a zaga, coitada, não teve a menor chance. Quando pensaram em virar o corpo para tirar ela dali, o homi já tava era estufando rede de esquerda. Empate decretado no placar, Bahia de volta no jogo inteiraço.  

Para Everaldo, resiliência do Bahia foi fundamental para hat-trick e grande  resultado - Notícias - Galáticos Online

                Esse é o gol que espero de Everaldo. É o gol do centroavante, do camisa nove. É o gol que consagra Germán Cano duas vezes por semana em 2023. É o gol de quem tá lá, de quem garante o bicho. É a diferença que falta para o Bahia mudar o placar. E eu espero que essa atuação, esse gol, esse alívio signifique cada vez mais concentração, ganância e força mental. Eu não quero um Everaldo toda hora tocando na bola, participando, afinal, ele já mostrou que não contribui dessa forma. Prefiro que ele transfira toda essa potência para esses momentos onde a bola procura o atacante. E que ele dê a volta por cima, afinal, sou Bahia e não tenho o menor interesse em ter razão, eu quero é gritar ‘’uh, terror…’’.

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