Não digo que é boa e nem prejudicial a filosofia do Presidente do Bahia quando assegura que nenhum jogador vinculado ao clube é inegociável — dizem que a necessidade faz o ladrão. Olhando pelo lado das dificuldades para honrar compromissos, concluo como necessário tal procedimeento. O que preocupa é a reposição que quando acontece não vem com qualidade aproximada.
Saiu Juninho, 26, por um preço de abacate, jogando o fino do futebol, e chega Ligger, 33, sem custo de aquisição, ok. Talvez Dado Cavalcante não sinta tanta falta nessa posição porque assim ou assado tem uma dupla de zaga considerada ótima — era excelente com Juninho — e assim não se perde muita qualidade. Mas a pergunta é se o preço foi justo. Acho que não. Mas também entendo a pressão que o jogador exerce para se transferir.
Tudo bem, Thaciano não era do Tricolor mas dava para pagar o preço do jogador porque o Bahia teria essa condição. O entrave entretanto foi o salário que os turcos ofereceram ao jogador e a vontade do atleta de ir ganhando duas vezes mais do que ganhava no Bahia que impediu a compra do “passe” junto ao Gremio. Na verdade o Eldorado Europeu é uma atração tão irrestível para os jogadores que torna-se impossível retê-los por aqui.
Problema é a tal reposição… Por isso defendo implementar a Divisão de Base pragmaticamente e preparar o jogador a longo e médio prazos para se ter qualidade à disposição. Além disso a Base de Formação gera um ativo consistente para o clube. Esta é única saída. Porém é um processo que ainda está atrasado, a meu ver.
Filosofando, acho que nem tudo permanece, mas tudo se transforma. É de acordo com as imposições naturais da evolução do tempo, que por seu lado provoca adaptações devido às necessidades prementes. Então, considerando o fator caixa, que devido à pandemia piorou acentuadamente ao ponto de comprometer o projeto anterior, é que não vejo outra saída senão buscar o dinheiro onde ele estiver.
Aliás, há uma saída que daria uma amplidão fantástica ao Tricolor, mas isso depende do torcedor querer refletir sobre qual é o tamanho do seu amor pelo Bahia. Refiro-me a associação em massa elevando o quadro social à casa dos 60.000 sócios e isso representa, hipoteticamente, não mais que 1% da torcida. Porém o que se tem para hoje são apenas 18 mil sócios pagantes, o que convenhamos, não é o suficiente para que se exija mais esforços do que a diretoria faz nesse momento porque se for além disso a organização financeira se torna um caos
Não se trata nesta coluna de defender o Presidente do Bahia e seus pares, trata-se de uma situação claramente real e inusitada imposta por uma pandemia que jogou todos os clubes numa vala comum. No caso do Bahia a luta é para evitar que o ruim se torne pior. O que está sendo feito é o que o orçamento do clube permite, posto que se a receita cai assustadoramente não tem como fazer milagres — só com sócios essa receita caiu algo em torno de 52%.
Se a torcida quer time para brigar por algo maior precisa ajudar a construir um Bahia sólido se associando ao clube como fizeram as 18 mil almas devotas que realmente demonstram seu amor pelo Bahia de forma literalmente incondicional . Não é possível que num universo hipotético de pelo menos 6 milhões de torcedores só 18 mil sejam sócios. Então, como cobrar da diretoria coisas que ela não deve, ou seja, o time que a torcida quer? Reflita, torcedor. Você só pode cobrar para mudar os fatos se contribuir para isso.
A materialização dos seus sonhos custa caro! É por esse prisma que temos de entender a responsabilidade de quem respeita limites por indelével senso de consciência sobre o peso que carrega nas costas. Não se elege um presidente de clube para esse cometer loucuras. Ou pensam que ele, presidente, também não é torcedor? Dessas dificuldades só se sairá com saúde financeira quem compreender melhor o contexto complicado imposto pela pandemia que colocou de joelhos a humanidade.
Nenhum dos chamados grandes clubes do Brasil tem dívida inferior a 450 milhões, pasme. Alguns deles estão perto de 1 bilhão, e o Cruzeiro é um desses — aliás incomoda-me sinceramente ver uma lenda como o Cruzeiro atuando na Segunda Divisão sem dar sinais de que pode sair do buraco no qual o jogaram. E o nosso ex-rival (…) idem, porém com dívida bem menor.
Enquanto isso o Bahia tem uma dívida de 220 milhões, que já transcendeu sua capacidade de endividamento, é verdade, de certa forma bem administrada, mas se der um passo a mais em falso desce o precipício porque é assim que acontece com quem deve mais do que arrecada. Vale muito lembrar que o orçamento do clube é menor que 180 milhões. Então digo sempre aos meus amigos tricolores; pilotar esse avião chamado E.C. Bahia não é coisa para pessoas influenciáveis.
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