O início do ano esportivo do tricolor foi bastante peculiar, em parte porque a torcida ainda não absorveu a queda para a série B do Brasileirão, em parte porque os reforços anunciados não animaram muito a perspectiva para o ano de 2022. Sobre a relação com a torcida, creio que vivemos um processo de desgaste da Diretoria Executiva, natural diante daquilo que o torcedor entende como erros cometidos na gestão Guilherme Bellintani e que teriam desaguado no rebaixamento. Na minha opinião, ainda não se configura como um “cristal trincado” que não tem como ser colado novamente, mas requer uma administração cuidadosa e sutil para evitar que se chegue a uma situação irreversível. O papelão que fez uma das torcidas organizadas invadindo o clube e ameaçando jogadores, não merece maiores comentários. É caso de polícia e assim deve ser tratado!
No que diz respeito à equipe para 2022, minha opinião é que temos alguns bons reforços, como é o caso dos volantes William Maranhão e Rezende, do lateral esquerdo Djalma e dos retornos de Marco Antônio e Ignácio. Talvez falte ao torcedor a compreensão de que não estamos no mercado em busca de jogadores do meio da tabela da série A, como fazíamos até o ano passado. Nosso mercado agora é de jogadores que ou estavam na própria série B ou disputavam as últimas posições na série A.
Essa é a nossa realidade atual e o motivo da bronca com a Diretoria do clube que, aliás, iniciou o ano com alguns acertos que merecem registro. O primeiro deles, a manutenção de Guto Ferreira, técnico experiente, conhecedor dos meandros da série B, competente para montar equipes com perfil de baixo custo e competitivas. O segundo acerto, a fusão entre a equipe de transição (sub-23) e a equipe principal. Independentemente das questões financeiras, o calendário de 2022 exigia essa decisão, pois teremos uma série B disputada entre 09 de abril e 05 de novembro, com janelas para inscrição de jogadores entre 19 de janeiro e 12 de abril e, posteriormente, entre 18 de julho e 15 de agosto. Ou seja, é necessário testar o comportamento da equipe durante o Campeonato Baiano e a Copa do Nordeste. Além disso, não dá para aguardar abril para iniciar a busca reforços. Ou já os temos em vista ou chegarão tarde, na segunda janela, quando boa parte da disputa pelo acesso já terá sido travada.
Mas, nem só de acertos vive o homem. Tive a oportunidade de assistir à coletiva do nosso presidente e, confesso, me senti muito mal diante daquele cenário. Não desconheço a agressividade de muitas perguntas, aproveitando a fase de “maré baixa” para certamente descontar episódios passados, em que a arrogância e soberba devem ter falado mais alto. Todavia, lamentei profundamente a reação de Bellintani. Homens públicos precisam ter estofo para aguentar certas situações. Não é hora de responder ao entrevistador, é hora de falar para a torcida, tentando se reconectar com ela. Devolver agressividade com agressividade pode fazer bem ao fígado de quem fala, mas faz muito mal ao coração do torcedor.
Como já disse aqui, tento ver o lado positivo dos fatos. E esse episódio da coletiva de Bellintani significa, para mim, a demonstração inequívoca de que o processo de desgaste entre Diretoria Executiva e torcida passa pelo processo de comunicação, tanto do clube quando da Diretoria. Nossos líderes desejam que nós, torcedores, façamos como na missa, uma profissão de fé. Só que no ritual religioso essa profissão de fé é realizada em favor da crença num Deus infalível, bem diferente do nosso presidente e do nosso vice-presidente. A comunicação com o torcedor só vai melhorar quando este entender que há sinceridade e verdade em tudo o que é dito e não só numa parte. Sigam o exemplo de Guto Ferreira, entreguem a alma na coletiva, inclusive com “sincericídios”, como na fala sobre Oscar Ruiz. O torcedor reagirá positivamente.
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